Santander cortado, Bradesco preferido e cautela com BB: a visão do BBA para bancões

As ações do Banco Inter negociadas na Nasdaq também tiveram recomendação cortada

Lara Rizério

Bradesco no Morumbi Shopping (Foto: Multiplan)
Bradesco no Morumbi Shopping (Foto: Multiplan)

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De olho no ciclo de crédito em 2025 e com atenção para a dinâmica de 2026, o Itaú BBA revisou as suas preferências para as ações do setor bancário.

O BBA ainda tem visão positiva para o setor em 2026, mas está mais seletivo, cortando as recomendação para as ações do Santander Brasil (SANB11) e do banco Inter (BDR: INBR32) de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para marketperform (desempenho equivalente à média do mercado, equivalente a neutro), vendo assimetrias de preços desfavoráveis.

Enquanto isso, segue com visão cautelosa para os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) dada a sua recuperação mais lenta e maior incerteza, apesar de avaliação de que as ações estão relativamente baratas.

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As principais escolhas são Nubank (BDR: ROXO34) e Bradesco (BBDC4), ambas combinando um ambiente micro e macro favorável. “Bradesco seria nossa escolha de ‘valor’, enquanto Nubank serve como veículo de ‘crescimento'”, aponta o BBA.

Veja a avaliação do BBA para cada empresa:

Nubank – outperform reiterado, com preço-alvo de US$ 20 para as ações negociadas na Bolsa de Nova York.

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O BBA elevou a projeção do lucro líquido para o ano fiscal de 2025/2026 em 8%/14%, para US$ 3 bilhões e US$ 3,8 bilhões, respectivamente. Assim, o preço-alvo para o final de 2026 foi elevado de US$ 19 para US$ 20. A classificação outperform se mantém devido à qualidade e às fortes perspectivas de crescimento de curto e longo prazo.

Na visão do BBA, o aumento dos limites de cartão de crédito e a proposta de valor aprimorada para indivíduos de renda média a alta são pontos positivos.
Momentos macroeconômicos favoráveis, como isenções de imposto de renda, e parcerias estratégicas, como a com a Amazon, devem impulsionar o crescimento de empréstimos pessoais.

Enquanto isso, o México está finalmente ganhando força no crédito após construir uma grande base de clientes e depósitos.

Bradesco – outperform reiterado, com preço-alvo de R$ 22 para BBDC4

As estimativas para o ano fiscal de 2025/2026 permanecem inalteradas em R$ 25 bilhões/29,5 bilhões após os resultados do 3º trimestre de 2025, enquanto o preço-alvo segue em R$ 22 por ação. A recomendação outperform é baseada em uma trajetória de expansão consistente do ROE (retorno sobre patrimônio líquido).

Na visão do BBA, os ROEs bancários estão se recuperando de forma constante por meio de medidas microeconômicas na concessão de crédito, custos de financiamento e eficiência de SG&A, e estão no caminho certo para 2026. Um ambiente macroeconômico favorável para os segmentos de renda média proporciona um impulso adicional para continuar avançando na composição de crédito, aponta o banco.

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O negócio de seguros (aproximadamente 40% dos lucros) está experimentando um ROE sustentavelmente mais alto (aproximadamente 25%) devido a mudanças estruturais que ocorrem no setor de saúde, complementa.

Inter&Co – rebaixada para marketperform, com preço-alvo de US$ 10 para as ações negociadas na Nasdaq

As estimativas do Itaú BBA para o ano fiscal de 2025/2026 foram reduzidas em 6% e 8%, para R$ 1,3 bilhão e R$ 1,9 bilhão, respectivamente, após os resultados do 3º trimestre de 2025. A meta para o final de 2026 caiu de US$ 11 para US$ 10 por ação.

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“Gostamos da perspectiva de longo prazo e o rebaixamento se baseia em estimativas reduzidas na avaliação atual”, avalia o BBA.

Santander Brasil – rebaixado para market perform, com preço-alvo de R$ 32

As estimativas do BBA para o ano fiscal de 2025/2026 foram alteradas em +1%/-5% para R$ 15,4 bilhões/17,8 bilhões após os resultados do 3º trimestre de 2025. O preço-alvo para o final de 2026 permaneceu em R$ 32 por ação.

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“Um banco bem administrado com um ROE sólido. Este rebaixamento se baseia em um P/VP, ou Preço sobre Valor Patrimonial, justo de 1,3 vez para um ritmo de crescimento mais lento com muitas variáveis ​​em jogo”, avalia.

Banco do Brasil – martperform reiterado, com preço-alvo de R$ 22

As estimativas do BBA para o ano fiscal de 2025/2026 foram reduzidas em 8% cada período, para R$ 18,6/22,5 bilhões após os resultados do 3º trimestre de 2025.

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Apesar das baixas avaliações, o BBA segue uma visão cautelosa devido à visibilidade limitada dos lucros e às revisões contínuas para baixo.

Os problemas de qualidade de crédito estão se estendendo da agricultura ao varejo e às PMEs (pequenas e médias empresas), resultando em um período prolongado
de alto custo do risco e crescimento moderado da carteira de empréstimos.

“O crescimento da receita bruta deve começar a enfrentar dificuldades devido à desaceleração da carteira de empréstimos e das margens líquidas de juros (NIMs)”, avalia o BBA.

Ciclo de crédito e perspectivas

Olhando para 2025, os analistas do banco apontam que o ciclo de crédito brasileiro no ano foi uma grata surpresa. As expectativas iniciais de uma desaceleração significativa e maior inadimplência foram diluídas, enquanto os mercados de trabalho robustos e inflação mais baixa impulsionaram o desempenho do crédito ao consumidor.

Para o BBA, o setor encerra o ano de forma positiva, especialmente em comparação com as expectativas iniciais.

Já olhando para 2026, a perspectiva geral para a dinâmica do crédito em 2026 é positiva, em nossa opinião.

“Existem desafios, como as taxas de juros ainda elevadas e o alto endividamento das famílias. Por outro lado, há fatores favoráveis ​​como a ampliação das faixas de isenção do imposto de renda, o aumento da liquidez das contas poupança para financiamento imobiliário e a crescente popularidade dos novos empréstimos consignados privados”, avalia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.