Santander começa 3T de bancões com bons números, mas controvérsias; ação cai 5%

Analistas destacam que houve efeito de menor alíquota efetiva de imposto no lucro e se dividem sobre projeções para ações

Lara Rizério

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O Santander Brasil (SANB11) inaugurou a temporada de balanços do terceiro trimestre de 2024 (3T24) para os bancões com um lucro líquido de R$ 3,66 bilhões no período, alta de 34,3% em uma base anual, e levemente acima das previsões do mercado. A média de previsões de analistas compilada pela LSEG indicava lucro líquido de R$ 3,50 bilhões para o banco; contudo, analistas seguem divididos sobre os ativos do banco.

As units SANB11 chegaram a subir mais de 1% na abertura do pregão, mas passaram a oscilar, viraram para queda e fecharam com baixa de 5,13%, a R$ 27,39. Além disso, o CEO Mario Leão afirmou que o banco deve continuar nos próximos trimestres com uma postura conservadora na expansão de sua carteira de crédito, em meio aos esforços do banco para ganhar rentabilidade e diante dos sinais de piora do ambiente macroeconômico do país.

O Itaú BBA aponta que o lucro líquido ficou 4% acima das suas estimativas e do consenso, com boas tendências. O total da carteira de empréstimos ficou estável, pois o Santander optou por reduzir os empréstimos corporativos, mas o portfólio de financiamento ao consumidor cresceu 5% no trimestre (+20% no ano).

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A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) foi de 17% no terceiro trimestre, melhorando ante os 15,5% do segundo trimestre e dos 13,1% de um ano atrás.

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Tanto a margem financeira (NII) do cliente (+3% no trimestre) quanto o do mercado (+26% no trimestre) avançaram bem, com melhores spreads. A receita de serviços, que já havia sido uma surpresa positiva no 2T24, avançou 3% no trimestre e 13% no ano, levando as receitas a subirem 3% no trimestre.

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A inadimplência (NPL) ficou estável no trimestre em 3,2%, enquanto a formação de inadimplência, ou “NPL formation” (a variação do saldo de créditos em atraso) caiu 10 pontos-base (bps) no trimestre. O portfólio renegociado continuou a cair (-2% no trimestre).

As despesas com provisões e custo de risco ficaram estáveis, como esperado, enquanto o Opex (despesas operacionais) cresceram menos do que as receitas em 2% trimestre a trimestre e 6% na base anual, impulsionando ganhos de eficiência (-40 pontos-base trimestralmente). Outras despesas aumentaram 3% ante o 2T24.

“No final, esse conjunto sólido de resultados gera uma leitura cruzada positiva para os volumes, índices de inadimplência e NIMs [Net Interest Margin, ou margem líquida de juros] de outros bancos tradicionais”, avalia o BBA. O banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para as ações SANB11 e projetava reação positiva após o balanço.

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A XP também ressalta que o Santander apresentou resultados sólidos, em sua maior parte em linha com os números projetados pela casa, mas com um LPA (lucro por ação) acima das expectativas. O NII com clientes cresceu 3% sequencialmente, apesar de a carteira de crédito ter ficado praticamente estável e o banco conseguiu manter sua provisão para perdas. Além disso, a receita de tarifas apresentou um forte crescimento de 13% anualmente, com contribuições de vários segmentos.

“Notadamente, houve crescimento nas linhas de crédito para pessoas físicas, PMEs e crédito ao consumo. A inadimplência acima de 90 dias permaneceu em um nível confortável de 3,2%, estável pelo terceiro trimestre consecutivo”, avaliou a XP, ressaltando mais um trimestre seguido de crescimento da lucratividade.

Menos otimista e com recomendação neutra para as ações, o JPMorgan aponta que os números apresentados foram em linha com suas estimativas, com um EBT (lucro antes de impostos) 1% abaixo do que projetava e com os números do lucro impulsionados principalmente pela taxa de imposto (14,5% efetivo versus 18% esperado pelo JP). “Portanto, temos uma visão neutra, apesar da recuperação contínua do ROE”, avalia.

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Além disso, como esperado pelos dados regulatórios, o crescimento dos empréstimos perdeu força, principalmente devido a empréstimos corporativos mais fracos, com queda de -6,6% na base trimestral (devido ao câmbio, reestruturação dos americanos, impactando os números contábeis), enquanto o financiamento ao consumidor/automóvel continua sendo o principal impulsionador do crescimento.

O Goldman Sachs aponta que os lucros antes dos impostos foram 9% acima de suas projeções, embora 4% abaixo do consenso.

“No geral, o banco relatou tendências sólidas de receita, pois a margem financeira melhorou tanto nos componentes do cliente quanto do mercado e as taxas se expandiram trimestralmente na maioria dos produtos. Além disso, a qualidade dos ativos e o custo do risco permaneceram estáveis ​​no trimestre. Já os empréstimos expandidos e os volumes de depósitos de clientes permaneceram estáveis ​​durante o período. Embora as tendências operacionais tenham sido geralmente saudáveis, o que deve ser bem recebido pelo mercado, a reação pode ser um pouco moderada devido à falta de consenso com relação aos lucros antes dos impostos”, aponta o Goldman, que tem recomendação de venda para os ativos SANB11, com preço-alvo de R$ 27 (queda de 6,5% frente o último fechamento).

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(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.