Saída de recursos dos fundos de investimento em 2002 surpreendeu pela intensidade

Em 2002 a saída de recursos investidos em fundos brasileiros, como um todo, atingiu o montante de R$ 63,968 bilhões

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Segundo dados publicados pela Anbid, a Associação Nacional de Banco de Investimento, durante o ano de 2002 foi registrada uma forte saída de recursos dos fundos de investimento, que atingiu R$ 63,968 bilhões. Este número é bastante significativo, dado o patrimônio líquido (PL) total de R$ 344,102 bilhões da indústria no final do ano passado.

Dentre os principais fatores que contribuíram para este desempenho aparecem a aceleração da inflação e a influência negativa da adoção da marcação a mercado em maio de 2002. Destaca-se que nesta época muitos investidores, temerosos com as perdas ocasionadas, fugiram das aplicações em fundos para outras, como a poupança.

Fundos DI e de renda fixa tiveram forte saída de recursos

Entre as categorias analisadas pela Anbid, as maiores saídas de recursos foram registradas nos fundos de renda fixa e nos referenciados DI. No caso dos fundos de renda fixa, que fecharam o ano com PL de R$ 117,453 bilhões, a captação de 2002 foi negativa em R$ 28,947 bilhões. Relativamente ao PL de R$ 87,376 bilhões, a saída de recursos foi ainda maior para os fundos DI, atingindo R$ 28,915 bilhões.

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Na seqüência aparece a captação negativa de R$ 5,546 bilhões dos fundos mistos, que encerraram o ano de 2002 com patrimônio líquido de R$ 90,772 bilhões. Vale destacar que a menor intensidade de saída de recursos deveu-se à migração de muitos investidores de fundos DI e renda fixa para os de renda mista.

Cambiais e ações também tiveram retiradas

Para os fundos cambiais, com PL de R$ 6,466 bilhões ao final do ano passado, a saída de recursos somou R$ 4,937 bilhões. Considerando-se a forte valorização da moeda norte-americana em 2002, a captação negativa é explicada pelo temor dos investidores, que não acreditavam que a moeda dos EUA pudesse acumular tão forte valorização, preferindo assim realizar lucros.

Para os investidores que optaram por fundos de ações, a possibilidade de recuperação da rentabilidade nos próximos períodos, visto que a bolsa paulista teve novamente em 2002 um ano ruim, fez com que a saída de recursos fosse pequena em relação ao PL acumulado ao final do ano. A captação foi negativa em R$ 605,27 milhões e o PL terminou a R$ 26,896 bilhões.

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Finalmente, a última categoria a registrar saída de recursos em 2002 foi a que concentra os fundos FIEX, que aplicam no mínimo 60% dos seus recursos em títulos da dívida externa brasileira. O patrimônio líquido ao final do ano passado foi de R$ 321,66 milhões e a captação do fundo foi negativa em R$ 129,44 milhões.

Previdência e privatização tiveram captação positiva

Contrariando a tendência apresentada pelas outras modalidades de investimentos, os fundos de previdência e os de privatização encerraram o ano de 2002 com saldo positivo de captações de recursos. O movimento se explica pela explosão do mercado de previdência no Brasil e pela perspectiva de longo prazo dos investidores nestes fundos.

Para os fundos de previdência, as captações somaram R$ 4,276 bilhões, com patrimônio líquido final de R$ 10,242 bilhões. Já para os fundos de privatização, a entrada de recursos somou R$ 837,93 milhões, tendo esta modalidade de fundo encerrado o ano de 2002 com cerca de R$ 4,572 milhões investidos.