Russos estão comprando eletrônicos, carros, Bitcoin e stablecoins para se preparar para inflação, diz brasileiro em Moscou

Além disso, o analista técnico Vinícius Terranova explica o que se pode esperar caso o Bitcoin perca um importante suporte de preço

Paulo Barros

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O Bitcoin (BTC) disparou na semana da invasão da Ucrânia pela Rússia e, em meio às sanções, logo começou o questionamento: será que os russos vão adotar Bitcoin para driblar a crise?

“Uso de cripto na Rússia não é novidade”, conta o engenheiro Bruno Maia, 45, um brasileiro que mora há dois anos no país, em entrevista ao Cripto+ desta semana.

Especialistas entrevistados pelo InfoMoney CoinDesk já haviam apontado essa possibilidade, e a Ucrânia também acredita que isso está acontecendo. Tanto que iniciou uma força-tarefa para identificar carteiras cripto de políticos russos e informar corretoras com o objetivo de impedir que os ativos digitais sejam convertidos em dinheiro.

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Dados do mercado também apontam que o movimento pode estar acontecendo, embora ainda seja incerto saber qual é o perfil desse comprador: seriam os oligarcas bilionários ou o povo comum?

De um lado, informações colhidas da blockchain do Bitcoin mostram um aumento no número de novos endereços com pouco BTC, o que indica uso por cidadãos comuns.

De outro, a quantidade de baleias, ou seja, aqueles endereços com pelo menos mil bitcoins, também subiu quase que ao mesmo tempo durante a primeira semana da guerra.

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Residente da Grande Moscou, Maia está vendo de perto os russos usando cartões cripto e ativos digitais em geral para proteger o patrimônio em meio à crise.

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Segundo o brasileiro, a “Rússia realiza uma proteção massiva do rublo internamente”, mas há um temor no ar que faz as pessoas correrem para alternativas – e as criptos parecem ser o caminho natural em um dos países com a maior adoção do mundo nessa classe de ativos.

Segundo dados da consultoria Tripple A, a Rússia tem o segundo maior percentual de habitantes que utilizam criptomoedas, com 11,91%. O país só perde justamente para a Ucrânia, onde 12,73% usam Bitcoin e outras criptos.

O brasileiro conta que já não se vê filas em caixas eletrônicos, o que indicaria que a corrida aos bancos no começo da guerra teria sido provocada mais por um componente psicológico do que o baque da inflação. “Mas também eu não paro para ver se todos os caixas ainda têm dinheiro”, conta.

No centro do problema está a derrocada do rublo, que perdeu cerca de 40% do seu valor desde o começo do ano – aproximadamente 37% desde que as sanções começaram a ser discutidas.

“Obviamente já tem um monte de dor de cabeça em certas empresas para efetuar pagamentos. A dor da população já está começando a aparecer. Imediatamente, o que as pessoas têm feito é comprar eletrodomésticos, eletrônicos, até carro, antes que venha o aumento [dos preços]”, explica o engenheiro que é líder de desenvolvimento de negócios do projeto cripto Cartesi.

Ele afirma que já vê uma corrida para comprar Bitcoin e principalmente stablecoins pareadas ao dólar como meio de proteção do patrimônio. “Que percentagem do patrimônio as pessoas estão usando [em cripto] é difícil precisar, mas com certeza está acontecendo”, diz.

Os pagamentos com criptomoedas são proibidos na Rússia, mas o funcionamento de corretoras para compra e venda desses ativos é permitido. O acesso a exchanges segue liberado no país mesmo após o bloqueio do Facebook e outros sites externos pelo governo de Vladimir Putin.

Qual é o pior cenário possível do Bitcoin?

Embora tenha subido em um primeiro momento após o começo da guerra, o Bitcoin perdeu força e passou a ameaçar voltar para o suporte (preço com muito interesse de compra) na região dos US$ 34.500, respeitada na última grande queda em janeiro.

Também em participação no Cripto+, o analista técnico e investidor anjo Vinícius Terranova explicou que, no momento, a criptomoeda passa por uma confluência de médias móveis que podem coincidir com um novo mergulho.

“Estamos nesse momento flertando com a queda”, afirmou, lembrando que uma série de indicadores apontam que o mercado já pode ter chegado no topo. Se isso de fato já tiver ocorrido, o suporte de US$ 34.500 poderá ser testado novamente em breve. Se for perdido, o preço poderá ir diretamente para menos de US$ 29 mil.

A partir daí os novos suportes estariam em US$ 27 mil, US$ 23 mil e US$ 19 mil.

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Análise gráfica do Bitcoin (Reprodução/@falaterranova)

Apesar disso, o trader reforça que o suporte atual, localizado na região de US$ 37 mil, coincide com a média móvel de 200 nos três dias, o que pode significar certa capacidade de resistência – a depender do noticiário e do impacto sobre ativos de risco.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos