“Rotação só começou”: Itaú BBA vê estrangeiros mais otimistas com Brasil à espera de corte de juros e revisa carteira de ações

Investidores brasileiros também melhoraram humor, apontam os estrategistas do BBA após conferência; banco, por outro lado, reduziu exposição a commodities

Lara Rizério

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Investidores estrangeiros mais otimistas e um melhor humor dos brasileiros, com as expectativas se voltando para o início do ciclo de corte dos juros no Brasil. Estas foram as principais sinalizações destacadas pelos estrategistas do Itaú BBA Marcelo Sá, Matheus Marques e Victor Cunha, durante o evento Itaú BBA CEO Conference, realizado entre os dias 9 e 11 de maio.

O evento contou com 130 executivos de empresas e 501 investidores institucionais representando 218 casas, sendo 70% deles internacionais e 30% brasileiros.

Os estrategistas do BBA viram investidores mais otimistas do que previam, com o argumento de que os preços no Brasil parecem atrativos em relação a outros mercados emergentes e que a Bolsa brasileira provavelmente terá um bom desempenho quando houver uma maior visibilidade sobre cortes na taxa básica de juros.

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Muitos acreditam que o Banco Central começará a cortar os juros mais cedo do que o cenário base presumido pela equipe macro do Itaú BBA, que projeta cortes no quarto trimestre, apontam os estrategistas, enquanto o mercado precifica início de corte dos juros em setembro.

“Nós também sentimos um melhor humor entre os investidores brasileiros, que estavam muito pessimistas antes de nossa conferência”, acrescentaram.

Além disso, os estrategistas apontam que há um maior interesse em nomes nacionais de beta alto (mais sensíveis a variações do mercado) e de duration (mais sensíveis a juros) alta, mas uma visão mais cautelosa sobre commodities em geral.

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“Olhando para o desempenho do mercado de ações brasileiro, essa rotação já começou, mas acreditamos que ela está apenas começando e que essa tendência continuará”, aponta o BBA.

Os estrategistas avaliam que, desde a última conferência, viram uma mudança clara no posicionamento e na demanda de
nomes defensivos para nomes de beta-alto, percebendo também esse movimento durante a temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 (1T23).

“No 1T23, a qualidade dos resultados reportados parecia não ter muito a ver com a reação do mercado de ações. Bradesco BBDC4 apresentou resultados ruins e suas ações subiram, enquanto o Banco do Brasil BBAS3 e BB Seguridade BBSE3 apresentaram bons resultados e suas ações caíram. Os investidores parecem se concentrar agora nos pontos de inflexão e estão comprando nomes que têm sofrido muito, apostando na recuperação dos resultados”, avaliam.

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Eles têm visto maior demanda por B3 (B3SA3), BTG Pactual (BPAC11), Nubank (NUBR33), Inter (INBR32), PagSeguro (PAGS34) e StoneCo (STOC31), as quatro últimas com BDRs (recibo de ações) negociados no Brasil, mas com as ações negociadas no mercado americano.

Além disso, apontam que a aprovação por larga margem do novo arcabouço fiscal do Brasil pela Câmara dos Deputados nesta semana também foi vista pela equipe de estratégia como um evento positivo, eliminando o risco de um quadro fiscal muito pior. Ainda assim, citam a visão dos economistas do banco de que nova regra não vai estabilizar a métrica dívida em relação ao PIB no curto prazo.

“Para isso acontecer, o governo teria que encontrar um volume enorme de receitas extraordinárias. Assumimos algumas receitas extraordinárias em nosso cenário base, e nossas simulações apontam para uma elevação da dívida bruta/PIB de 72,9% em 2022 para 87% em 2026”, acrescentaram.

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A partir de agora, apontam, a reforma tributária será o próximo grande tema. Os estrategistas veem que a mudança envolvendo imposto sobre vendas será difícil de ser aprovada no curto prazo, pois o lobby de vários setores dificultará a fixação de um único Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para todos. Além disso, a reforma do imposto sobre vendas não aumentará as receitas do governo em termos reais, dado o período de transição.

Já na segunda fase da reforma, que trata do imposto de renda e que deverá ser debatida no segundo semestre, os estrategistas avaliam que as receitas aumentarão. Isso porque, entre os temas, estarão a tributação de dividendos, fim do benefício dos juros sobre o capital próprio, aumento de impostos para pessoas físicas mais abastadas e pouca ou nenhuma redução de impostos corporativos.

Mudanças na carteira do BBA

A partir deste evento, o Itaú BBA também revisitou o seu portfólio de compras em ações brasileiras, incluindo BTG Pactual, Grupo Soma (SOMA3), Localiza (RENT3), Nubank (NUBR33) e Hapvida (HAPV3), enquanto retirou Assaí (ASAI3), Sabesp (SBSP3), SLC Agrícola (SLCE3), Rumo (RAIL3) e Vale (VALE3) da carteira.

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Os estrategistas fizeram as alterações na carteira de modo a aumentar a duration e reduzir exposição a commodities.

Já os papéis de Equatorial (EQTL3), B3 (B3SA3), Suzano (SUZB3), PRIO (PRIO3) e Mercado Livre (MELI34) foram mantidos na carteira.

O banco destaca que os investidores estão mais pessimistas com commodities como minério com a visão de uma atividade econômica global mais fraca e maior cautela sobre o setor imobiliário chinês, enquanto há uma percepção de maior otimismo com Suzano, uma vez que existe a visão de que a celulose já chegou no seu fundo e o que risco agora é mais para altas.

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Já para a SLC, o BBA aponta que era um de nossos nomes preferidos, mas os preços domésticos de grãos sofreram recentemente e o caminho não está claro; assim, por enquanto, prefere permanecer “à margem”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.