Risco político provoca efeito cascata e 18 ações desabam mais de 3%

Entre os destaques ainda estiveram as ações das exportadoras, que fecharam praticamente como únicas altas do Ibovespa em meio ao salto do dólar na sessão

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A segunda-feira (9) foi bastante negativa para a Bolsa, com o Ibovespa fechando com queda de 1,60%, a 49.175 pontos, em meio ao risco político que se tornou maior após as manifestações populares com o pronunciamento de Dilma Rousseff na noite de ontem. O temor do mercado provocou efeito cascata na Bolsa, levando a queda de mais de 3% em 18 ações do Ibovespa, entre blue chips, imobiliárias, bancos e Petrobras. 

Além deles, destaque também para as ações do setor imobiliário, que fecharam no negativo em meio à perspectiva de que o ciclo de aperto monetário pode se estender diante da forte desvalorização do real e uma clara deterioração do cenário político e econômico. Entre as maiores quedas do Ibovespa do setor apareceram as ações da PDG Realty (PDGR3, R$ 0,41, -4,65%), MRV (MRVE3, R$ 6,60, -4,21%) e Even (EVEN3, R$ 4,41, -4,75%). Ainda chamaram atenção do mercado hoje as ações de logística e da Gol, que são penalizadas pela disparada do dólar já que seus custos estão atrelados à moeda americana. 

A Cetip também ficou no radar dos investidores, após notícia da Folha de S. Paulo de que a companhia estaria envolvida nos casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. De acordo com a matéria, há menções de pagamentos milionários a políticos provenientes de contratos de órgãos como o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), sendo que a Cetip é responsável por registros de gravames nesse sistema. Para ver todos os destaques da Bolsa, utilize a ferramenta do InfoMoney de “altas e baixas” clicando aqui.

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Confira abaixo os principais destaques desta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 8,79, -3,30%; PETR4, R$ 8,91, -3,57%)
As ações da Petrobras fecharam em queda nesta sessão em meio à corrida contra o tempo para divulgação do seu balanço trimestral. De acordo com noticiário, o presidente da companhia, Aldemir Bendine, está trabalhando para publicar o balanço auditado do terceiro trimestre de 2014 na primeira semana de abril. A expectativa anterior era que fosse no final de março. Além disso, matéria da Agência Estado mostra que a exposição de bancos públicos à estatal é de US$ 27 bilhões, sendo US$ 19,5 bilhões referentes ao Banco do Brasil (BBAS3), segundo cálculos da Moody’s. 

Bancos
Os papéis do setor financeiro seguiram o pessimismo do mercado e registravam fortes baixas hoje: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,09, -2,60%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,14, -3,91%), Bradesco (BBDC3, R$ 34,95, -1,66%; BBDC4, R$ 34,85, -2,87%). O Santander (SANB11, R$ 13,87, -0,72%) destoou um pouco do setor, apresentando queda mais amena.  

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Cetip (CTIP3, R$ 30,75, -7,60%)
As ações da Cetip desabaram nessa sessão em meio ao suposto envolvimento da empresa em esquema de propina com o governo. Com essa queda, os papéis voltam a operar próximos aos valores de dezembro do ano passado. Segundo uma reportagem da Folha de S. Paulo, os políticos investigados pela Operação Lava Jato, da Petrobras, também receberam propina para facilitar negócios com outras estatais do governo federal, de acordo com o doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do esquema.

Há menções de pagamentos milionários a políticos provenientes de contratos de órgãos como o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). A Cetip é responsável por registros de gravames nesse sistema, o que a ligaria possivelmente a esse esquema, embora seu nome não tenha sido explicitamente mencionado pela reportagem, corroborando para queda das ações hoje, comenta a XP Investimentos. No caso do Denatran, dois ex-deputados do PP, João Pizzolatti (SC) e Pedro Correia (PE), serão investigados pela suspeita de terem recebido propina de R$ 20 milhões. 

Concessão rodoviária e logística
As ações das concessões rodoviárias fecharam com fortes quedas na Bolsa nesta segunda, com destaque para as ações da CCR (CCRO3, R$ 14,09, -6,38%), que acumulam perdas de 13,8% em sete dias, e da Ecorodovias (ECOR3, R$ 9,07, -6,49%), que em seu sétimo pregão seguido de perdas acumula desvalorização de 14,8%. As companhias, mesmo não possuindo relação direta com o Estado, têm uma forte exposição ao governo por serem companhias de concessão das estradas, como explica o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger. Ainda foram pressionados pelo mesmo motivo os ativos das companhias de logística da Bolsa, como ALL (ALLL3, R$ 4,18, -8,93%), que já cai pelo sétimo pregão seguido, acumulando perdas de 25,2% no período, e Cosan Logística (RLOG3, R$ 2,72, -7,48%). 

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Educacionais
As ações do setor educacional voltaram a operar no negativo na Bolsa, em meio ao pessimismo generalizado do mercado nesta segunda. Como principal destaque estiveram os papéis da Ser Educacional (SEER3, R$ 10,90, -8,71%), que após operar descolada do restante do setor em meio à preferência do governo pelo nordeste – principal exposição da companhia – para a concessão do Fies (programa de financiamento estudantil), hoje fechou com fortes quedas. No vermelho ainda estiveram as ações de Kroton (KROT3, R$ 9,77, -2,20%), Estácio (ESTC3, R$ 16,26, -2,63%) e Anima (ANIM3, R$ 15,00, -8,37%).

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 5,14, -3,56%)
As ações da Magazine Luiza voltaram a desabar na Bolsa. Essa foi a sétima queda seguida do papel, acumulando no período perdas de 22,18%. O motivo da derrocada é a suspensão do programa do governo Minha Casa Melhor. Na sexta-feira, Dilma apontou que poderia incluir o programa, de forma mais simples, na Minha Casa, Minha Vida. A notícia até gerou um alívio naquele pregão mas mesmo assim a ação encerrou sexta em queda de 3,09%.

Light (LIGT3, R$ 12,54, -5,71%)
O lucro líquido da empresa de energia Light quadruplicou no quarto trimestre sobre o ano anterior, totalizando R$ 520,1 milhões, informou a companhia na noite de sexta-feira. Segundo o BTG, os números parecem fortes, mas na verdade trazem efeitos não-recorrentes, o que na prática os coloca abaixo do esperado. Já o UBS elevou a recomendação dos papéis da companhia para compra, mas reduziu o preço-alvo de R$ 22 para R$ 17 por ação. 

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Via Varejo (VVAR11, R$ 16,25, -2,64%)
As ações da Via Varejo fecharam no vermelho nesta segunda após o Credit Suisse cortar o preço-alvo de suas units, de R$ 29 para R$ 26, embora tenha mantido a recomendação em outperform (desempenho acima da média). O banco aponta que a companhia deve enfrentar desafios no médio prazo apesar da posição de liderança e sólido balanço. 

Exportadoras
As ações das empresas com perfil exportador fecharam no positivo nesta sessão diante da disparada do dólar. Destaque para as ações da fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 25,50, +1,07%), as siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 4,54, +2,71%), CSN (CSNA3, R$ 5,18, +4,65%), Gerdau (GGBR4, R$ 11,03, +4,15%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 12,10, +3,33%), além do frigorígico JBS (JBSS3, R$ 13,18, +0,38%).

Apesar da alta, as ações da Embraer tiveram seu preço-alvo de seus ADRs (American Depositary Receipts) cortado pelo Credit Suisse, de US$ 38 para US$ 35, após fraco balanço do quarto trimestre e guidance para 2015. Já o Itaú BBA rebaixou a recomendação de outperform (desempenho acima da média) para market perform (desempenho em linha com a média). 

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Sobre a Suzano, apareceu no radar da companhia a notícia de que pretende captar R$ 500 milhões em CRA (Certificados de Recebíveis de Agronegócio), segundo o Valor. A oferta dos títulos, emitidos pela securitizadora Octante, será coordenada pelo banco Votorantim. 

Fibria (FIBR3, R$ 38,77, -2,76%)
Fugiu do movimento das exportadoras as ações da Fibria, maior produtora mundial de celulose de eucalipto. A companhia foi penalizada hoje pela notícia de que terá que pagar uma multa de R$ 2 bilhões por conta de uma transação de troca de ativos com a International Paper, ocorrida em 2007, segundo informou a coluna Radar, da Veja.  

Além disso, a companhia teve seu preço-alvo cortado pelo Bradesco, de R$ 41 para R$ 39, considerando os resultados, as novas premissas macroeconômicas e o atual cenário do preço da celulose. A recomendação foi rebaixada de compra para manutenção. 

Minerva (BEEF3, R$ 7,51, -7,85%)
Outra ação com perfil exportador que foi penalizada hoje é a Minerva. Esse foi o terceiro pregão seguido de baixa dos papéis, acumulando no período 15,4%. Os papéis caem desde a divulgação do resultado do quarto trimestre. O Bank of America Merrill Lynch cortou o preço-alvo dos papéis da ação nesta segunda-feira de R$ 12,50 para R$ 12, mas manteve recomendação de compra. 

Gol (GOLL4, R$ 8,80, -3,51%)
As ações da Gol fecharam no vermelho penalizadas pela disparada do dólar, já que boa parte dos seus custos estão atrelados à moeda americana. Nesta segunda, a divisa fechou com alta de 2,4%, a R$ 3,12. Esse foi o quarto pregão seguido de queda para os papéis da companhia aérea, sendo que desde o fechamento do dia 6 de janeiro, as ações da companhia se desvalorizam 42,4%.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 25,36, -0,94%)
As ações do banco BTG fecharam com fortes quedas hoje, vivendo seu oitavo pregão seguido de perdas, sendo esta sua maior sequência histórica de desvalorização. Desde o dia 25 de fevereiro, quando divulgou seu resultado para o quarto trimestre de 2014 e para o acumulado do ano, os ativos já acumulam perdas de 10%. A companhia reportou lucro líquido de R$ 848 milhões para o quarto trimestre do ano passado, frente R$ 768 milhões no mesmo período do ano anterior.