Bradesco (BBDC4) tem lucro R$ 1,6 bi no 4º tri de 2022, bem abaixo do esperado; banco provisionou R$ 4,9 bi para Americanas (AMER3)

Banco divulgou resultados na noite desta quinta-feira (9)

Mitchel Diniz

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O Bradesco (BBDC4) registrou lucro recorrente de R$ 1,595 bilhão no quarto trimestre de 2022 (4T22), uma queda de 75,9% na comparação anual. O resultado veio bem abaixo do consenso Refinitiv, que previa lucro de R$ 4,404 bilhões.

O banco encerrou 2022 com o lucro líquido recorrente de R$ 20,7 bilhões, uma redução de 21,1% em relação a 2021.

O lucro líquido contábil foi de R$ 1,437 bilhão no período, uma redução de 54,7% em relação ao mesmo período de 2021.

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“Houve aumento rápido e relevante da inflação, com aumento das taxas de juros maior que o inicialmente antecipado, impactos no ciclo de crédito e um ambiente global de grande instabilidade política e econômica”, diz a mensagem da administração, que acompanha o resultado.

A margem financeira total atingiu R$ 16,677 bilhões, queda de 1,7% na comparação ano a ano. Já a margem financeira com clientes teve uma leve queda de 0,3% no trimestre, mas subiu 18,3% em relação ao mesmo período de 2021. A margem com o mercado, por sua vez, teve recuperação no trimestre, apesar de ainda negativa com o aumento da Selic.

A carteira de crédito expandida foi de R$ 891,9 bilhões entre outubro e dezembro de 2022, um aumento de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

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O retorno médio sobre patrimônio líquido (ROAE, na sigla em inglês), que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, foi a 13,1% no acumulado em doze meses. No trimestre, fechou a 3,9%, baixa de 13,6 pontos porcentuais em um ano e de 9,1 pontos em três meses.

A Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) expandida totalizou R$ 14,881 bilhões no quarto trimestre, ante R$ 4,823 bilhões registrada no mesmo trimestre de 2021.

Sem citar diretamente o nome de Americanas (AMER3), o Bradesco diz que fez 100% de provisionamento relacionado a um caso de  “um cliente Large Corporate específico”, ocorrido no início de 2023, no valor R$ 4,9 bilhões.

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“A administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o
lucro do 4T22”, diz o comunicado. Sem levar em conta essa provisão, o ROAE do trimestre teria sido de 10,3%.

Já o índice de inadimplência do banco para empréstimos acima de 90 dias cresceu 0,4 ponto percentual em relação ao terceiro trimestre, para 4,3%.

Na comparação com dezembro de 2021, a inadimplência teve alta de 1,5 ponto percentual. Também houve piora nas dívidas vencidas entre 15 e 90 dias, que passaram de 3,6% no terceiro trimestre para 4,1%.

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No final do quarto trimestre de 2022, os ativos do conglomerado somavam R$ 1,830 trilhão, um aumento de 8% em base anual, e contração de 3,2% em termos trimestrais.

O patrimônio líquido do Bradesco era de R$ 154,263 bilhões em dezembro, variação positiva de 4,9% em 12 meses, mas queda de 1,7% em três.

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Potencial

“Ao final do exercício, chegamos a um lucro líquido de R$ 20,7 bilhões, apesar da provisão integral para um cliente específico”, disse em nota o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, que disse que o banco tem muitos potenciais de negócios a explorar.

Ainda de acordo com ele, neste ano, as provisões devem acompanhar o crescimento da carteira, e no atacado, devem passar por uma normalização. “O Bradesco possui historicamente uma importante exposição aos segmentos de baixa renda e pequenas empresas. Nós consideramos esse posicionamento de mercado estrategicamente correto, mesmo que neste ciclo estejamos sofrendo com a inadimplência”, ressaltou.

Segundo o executivo, a inadimplência teve um crescimento mais rápido que o esperado no ano passado, agravada pela inflação em alimentos e em combustíveis.

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Ao falar sobre o ROAE, Lazari destacou: “Estamos trabalhando intensamente em nosso objetivo de alcançar retorno recorrente de pelo menos 18%”.

Projeções

A instituição financeira ainda divulgou suas projeções para 2023, com a expectativa de uma alta na sua Carteira de Crédito Expandida de 6,5% a 9,5%, uma Margem Financeira Total de 7% a 11%, um avanço nas Receitas de Prestação de Serviços  de 2% a 6%.

As Despesas Operacionais (Despesas de Pessoal + Administrativas + Outras) têm uma expectativa de avanço de 9% a 13%, com o banco reiterando que as Despesas administrativas e de pessoal crescem em linha com a inflação. Já o Resultado das Operações de Seguros, Previdência e Capitalização deve crescer de 6% a 10%.

Por fim, projetam uma PDD Expandida de R$ 36,5 bilhões a R$ 39,5 bilhões.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados