Rede D’Or (RDOR3) destaca sinergias qualitativas com SulAmérica (SULA11) e espera aprovação da compra em 2022

Transação ainda depende de aprovações de acionistas e de órgãos reguladores; empresa disse que seguirá minoritária na Qualicorp

André Cabette Fábio Lara Rizério

Rede D'OR - São Luiz - Jabaquara (SP)

A Rede D’Or (RDOR3) afirmou nesta quarta-feira (30), em teleconferência de apresentação de resultados do quarto trimestre e de 2021, que não vai divulgar neste momento uma estimativa de sinergias para a aquisição, em andamento, da seguradora SulAmérica (SULA11).

A empresa, por enquanto, está conversando sobre as sinergias com o mercado em termos qualitativos, já que a transação ainda depende de aprovações de acionistas e de órgãos reguladores, disseram executivos em teleconferência com analistas. A ideia, segundo eles, é não frustrar ou subestimar as sinergias com uma divulgação antecipada de projeções.

As sinergias qualitativas incluem potencial otimização de estrutura de capital, com liberação de ativos imobiliários e eficiência na compra de suprimentos, como medicamentos e produtos para estrutura hospitalar.

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Paulo Junqueira Moll, CEO da Rede D’Or, afirmou que a empresa espera as aprovações regulatórias sobre a aquisição da SulAmérica ainda em 2022. Ele também disse que espera que a operação fortaleça a dinâmica da empresa e sua eficiência.

Anunciado no final de fevereiro de 2022, o negócio precisa de aprovação pelos órgãos reguladores competentes, em especial Cade, ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), Susep (Superintendência de Seguros Privados) e Banco Central.

Ele avalia que o ganho de escala das empresas no setor de saúde, com número de redução de operadoras, é um processo que ocorreu no exterior, e que isso leva a ganho de eficiência. O executivo afirmou que o Brasil ainda é um país de hospitais pequenos e que, com players maiores e com mais escala, diz ver mais capacidade de implementar protocolos e controles de qualidade, além de corte de custos.

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Sobre a participação da Rede D’Or na administradora de planos de saúde Qualicorp (QUAL3), fatia que chegou a ser questionada pelo mercado após a divulgação do acordo com a SulAmérica, Moll afirmou que a Rede D’Or seguirá como minoritária. Ele acrescentou que a mesma estrutura é vista em outros grupos de saúde, sem dar detalhes.

Com relação às margens da companhia, Otávio de Garcia Lazcano, CFO da Rede D’Or, afirmou que há espaço para ganhar pontos adicionais na margem bruta por meio de negociações com “milhares” de fornecedores.

Também ressaltou que a empresa enfrentou desafios impostos pela Covid, como a compra de itens de EPI, ou Equipamento de Proteção Individual. Mas que, à medida que a pandemia se torna mais endêmica, há oportunidade para elevar em 2022 a margem bruta mais próxima dos níveis históricos.

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O número de cirurgias e o de pacientes internados com ventilação em UTIs atingiram patamares próximos aos anteriores à pandemia, afirmou a empresa.

Avaliação do mercado

Maior rede privada de assistência médica integrada do país, a Rede D’Or registrou lucro líquido de R$ 419,5 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), o que representa um crescimento de 38,5% em relação ao mesmo trimestre de 2020.

Para o Morgan Stanley, a companhia teve bons resultados, conforme esperado, destacando o aumento acima do esperado em leitos operacionais e utilização da capacidade, parcialmente compensado por preços mais fracos.

Em suma, a empresa entregou receitas e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado em linha com as estimativas dos analistas, enquanto o lucro líquido veio acima das expectativas. O Morgan Stanley permanece com recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para a ação, com preço-alvo de R$ 81.

A XP ressalta o aumento de 23% das receitas na base de comparação anual, devido principalmente a um aumento acentuado no número de leitos hospitalares, mas com tíquete médio estável. Os efeitos relacionados ao Covid-19 estão se tornando menos significativos e, portanto, impactando menos os resultados da empresa, mas, por outro lado, a alta alavancagem da empresa aliada ao aumento das taxas de juros aumentam as despesas financeiras líquidas.

A corretora reitera recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 88 frente a cotação de terça-feira (29) de R$ 51,50.

Já o Credit Suisse reforça que a companhia apresenta indicadores operacionais estáveis, mantendo um bom nível de rentabilidade apesar das pressões macroeconômicas.

Os analistas do banco suíço apontam que comparações de longo prazo são difíceis devido ao rápido crescimento inorgânico e às distorções da pandemia de Covid-19 (reduzindo a utilização no 2T20 e aumentando no 2T21). Mesmo assim, o desempenho pode ser explicado principalmente pela estabilidade de planos, ocupação abaixo do potencial e gestão de custos disciplinada.

Os resultados reforçam a tese sobre o pedágio da transição durante a maturação da base hospitalar, avaliam. O fenômeno pode ser observável em ingressos, ocupação e margens. Apesar do valor de longo prazo da Rede D’Or, analistas enxergam pouca possibilidade de um catalisador operacional este ano, dada a maturação necessária da base. Por outro lado, a possível aquisição da SulAmerica (sob aprovação antitruste) poderia servir como um gatilho. O Credit Suisse mantém recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 54,00.

Apesar das avaliações positivas, o dia foi de queda para a ação. A ação da companhia teve queda de 3,34% na B3, a R$ 49,78, enquanto o Ibovespa subiu 0,17%.

(com Reuters)

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney