Rali de CVC (CVCB3) continua: ação salta 17% na sessão com “efeito recuperação judicial” da 123Milhas

Ainda no radar da companhia de turismo, ela informou na noite de terça-feira um programa de recompra de debêntures de R$ 75 milhões

Equipe InfoMoney

Publicidade

Após uma alta de 6,36% na sessão da véspera em meio ao pedido de recuperação judicial da 123Milhas, as ações da CVC (CVCB3) voltaram a ter uma sessão de forte alta nesta quarta-feira (30), que foi ainda mais intensa. Os papéis fecharam o dia em alta de 17,09%, a R$ 2,74.

Na véspera, a notícia sobre o pedido da 123Milhas repercutiu no mercado como um todo e particularmente para a CVC por representar uma concorrente enfraquecida do setor. Isso acaba beneficiando a ação da companhia, que registra ainda baixa de 45% no ano em meio a um cenário de dificuldades também para ela.

A expectativa de parte do mercado é de que, a partir de agora, os clientes das agências de turismo busquem por mais segurança na hora de contratar seus pacotes de viagens, sendo que a CVC é uma marca forte e pode pegar essa fatia de mercado.

Continua depois da publicidade

“Os clientes existem, estão querendo viajar, a demanda não diminui só porque uma empresa deixou de operar. Talvez essa demanda ou parte dela migre para CVC. E não só 123Milhas, mas talvez o mercado de venda de pacotes em data futura ficou um pouco balançado. Já o modelo tradicional de agência de viagem pode se sobressair nesse contexto, com uma leitura de que o modelo de negócios da 123Milhas não é sustentável e o modelo de CVC já é mais garantido”, avaliou Guilherme Ammirabile, assessor na iHUB Investimentos.

Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research, aponta que, apesar da CVC ter passado por momentos bastante ruins de estrutura de capital, ter que fazer emissão e ficar bastante alavancada, a competição era um fator importante nesta equação.

“A CVC tinha bastante dificuldade de operar online, tinha muito mais lojas físicas. Além disso, também com a pandemia, seus custos ficaram muito altos, tendo a partir daí uma mudança significativa de digitalização do setor. Todo mundo foi para online e essas novas empresas de agência de turismo passaram a roubar o mercado da CVC muito mais rápido do que ela conseguiu se digitalizar”, avalia Danielle.

Continua depois da publicidade

Na visão da analista, agora passa a haver um movimento contrário, uma vez que a força de uma marca passa a ter muito mais peso do que somente o objetivo de economizar com viagens.

Já Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, avalia que outras companhias podem se destacar nesse cenário. “Parece que tem outros players menores que estavam com uma situação financeira boa. Esses sim, com 123 milhas e Hurb fora, vão cada vez mais ganhar protagonismo”, avalia.

Ainda no radar da companhia de turismo, a CVC informou na noite de terça-feira um programa de recompra de debêntures de R$ 75 milhões (4ª e 5ª emissões).

Continua depois da publicidade

O motivo da recompra da dívida está relacionado às condições do contrato de debêntures, que exige que a empresa a recompre em caso de aumento de capital acima de R$ 125 milhões.

Os debenturistas que desejarem vender suas dívidas deverão se manifestar até 15 de setembro, enquanto a transação deverá ser concluída em 22 de setembro.

Para o Bradesco BBI, a recompra da dívida da empresa era amplamente esperada e comunicada ao mercado após o aumento de capital de R$ 550 milhões em 15 de junho de 2023. Como tal, avaliou este evento como tendo um efeito neutro. “Seguimos com a recomendação apenas neutra e o preço-alvo de R$ 3,00 para o final de 2024”, avaliaram os analistas.