Quem vai lucrar enquanto a celulose avança? Morgan Stanley já tem duas favoritas

Suzano e Klabin devem se destacar com a alta da celulose na América Latina, enquanto chilenas e KCM tendem a ter desempenho em linha com o setor

Murilo Melo

Operador transporta carga de celulose em fábrica 
07/10/2008
REUTERS/Michael Buholzer
Operador transporta carga de celulose em fábrica 07/10/2008 REUTERS/Michael Buholzer

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Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) são as ações com maior potencial de valorização entre as companhias de papel e celulose acompanhadas pelo banco na América Latina. Isso após projeção do Morgan Stanley de que os preços da celulose devem ganhar fôlego neste semestre.

Os analistas avaliam que a alta anunciada em agosto já começou a surtir efeito e que o reajuste previsto para setembro também deve ser absorvido pelo mercado. A expectativa é que a commodity alcance o patamar de US$ 615 por tonelada até o fim do ano. O avanço tende a ser limitado por fatores como oferta abundante, fábricas operando abaixo da capacidade e estoques ainda elevados.

Em nova revisão de suas projeções, o banco calcula que a celulose de fibra curta branqueada (BHKP, na sigla em inglês) deve fechar o terceiro trimestre deste ano em US$ 520 por tonelada, abaixo da estimativa anterior de US$ 540, e chegar a US$ 587 no quarto trimestre, acima da previsão anterior de US$ 540.

Para o ano fechado, a expectativa é de uma média de US$ 556 por tonelada. Para os próximos anos, a curva mostra preços em US$ 618 em 2026, US$ 620 em 2027, US$ 630 em 2028 e US$ 640 como referência de longo prazo. No caso da celulose de fibra longa branqueada (BSKP, na sigla em inglês), a projeção para o mercado chinês é de US$ 739 por tonelada neste ano, praticamente estável em relação ao cálculo anterior, subindo gradualmente até US$ 790 a partir de 2029.

Entre as companhias, Suzano é apontada como a mais bem posicionada para aproveitar a recuperação. O banco mantém recomendação de compra acima da média do setor, chamada overweight (OW), com previsão de fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) entre 9% e 17% de 2025 a 2027 e potencial de valorização de 58% em relação ao preço-alvo de R$ 83 por ação.

Klabin também aparece como recomendação overweight. A ação negocia abaixo de sua média histórica, o que, na avaliação dos analistas, abre espaço para valorização de 46% até meados de 2026. O desempenho deve ser reforçado pela entrada em operação das novas máquinas de papel PM27 e PM28 e por medidas de redução de custos.

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No campo de avaliação, Suzano negocia a múltiplos de 6,1 vezes o Ev/Ebitda (valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) neste ano e 4,8 vezes em 2026, enquanto o preço sobre lucro (P/E) é projetado em 5,3 vezes neste ano e 11,7 vezes em 2026. A Klabin aparece a 6,8 vezes o Ev/Ebitda neste ano e 6,1 vezes em 2026, com P/E de 11,2 vezes e 9,5 vezes, respectivamente.

Já Copec e CMPC, ambas chilenas, permanecem com recomendação equalweight (EW), que significa desempenho esperado em linha com o mercado. Segundo os analistas, o novo ciclo de investimentos (capex, na sigla em inglês), já em andamento na Copec e prestes a começar na CMPC, deve pressionar o caixa e reduzir a geração de resultados nos próximos anos. Para Kimberly Clark México (KCM), a recomendação também é equalweight, diante da avaliação de que há pouco espaço para que a ação supere a média do setor.

Os especialistas alertam ainda para os riscos que podem alterar o rumo das projeções. Uma recessão global ou uma redução mais forte nos estoques poderia pressionar os preços da celulose para baixo. Por outro lado, uma procura maior que a esperada, atrasos em projetos de expansão ou paradas inesperadas de produção, como greves, secas e incêndios, podem elevar os valores acima do previsto.

A variação cambial também entra no radar: moedas locais mais fracas frente ao dólar tenderiam a favorecer Suzano, Klabin, CMPC e Copec, enquanto um peso mexicano (MXN) mais valorizado em relação à moeda americana ajudaria a Kimberly Clark México.