Queda de criptomoedas traz prejuízo de mais de US$ 750 milhões para traders alavancados

Traders que apostaram na subida do Bitcoin e demais criptomoedas amargaram prejuízo milionário após segundo dia consecutivo de quedas

Paulo Barros

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SÃO PAULO – Traders que apostavam na subida do Bitcoin (BTC) estão em situação difícil após o segundo dia seguido de queda de criptomoedas, ainda reflexo da crise da Evergrande na China que também puxou as bolsas mundiais para o vermelho no começo da semana.

Como de costume, leva a pior quem abriu posição alavancado: segundo dados da plataforma de derivativos Bybt, 123.082 traders amargam prejuízo que já chega a US$ 766 milhões, o equivalente a mais de R$ 4 bilhões. Em apenas uma negociação, um usuário anônimo da Bitmex perdeu US$ 10 milhões (R$ 52,9 milhões).

A maior parte do valor equivale a liquidações de posições em Bitcoin, dono do maior volume de negociações nas bolsas de criptomoedas. Nas últimas 24 horas, já são 11,3 mil BTC corroídos por exchanges das contas dos usuários, o que equivale a cerca de US$ 481 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões).

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Em seguida aparece o Ethereum (ETH), cujas posições perdedoras resultaram em prejuízo de 44,75 mil ETH, ou US$ 131,95 milhões (R$ 698 milhões).

Outras moedas entre as maiores por valor de mercado, como Cardano (ADA) e Ripple (XRP) também aparecem ao lado de Solana (SOL) e Avalanche (AVAX), que ganharam destaque recentemente após disparada de preço. Juntas, elas foram responsáveis por liquidações de mais de US$ 50 milhões (R$ 265 milhões).

Alavancagem

Ao abrir uma posição alavancada, o usuário toma criptomoedas emprestadas da exchange para ampliar o tamanho da posição e maximizar ganhos, com a esperança de devolver os ativos mais tarde com juros, porém embolsando lucros maiores.

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Esse empréstimo, porém, é garantido com fundos depositados na carteira, sejam criptomoedas como o Bitcoin ou stablecoins como o Tether (USDT). A liquidação é o fechamento automático de posições alavancadas quando as garantias deixadas por traders se igualam à dívida acumulada.

O prejuízo em trades alavancados aparece quando o mercado vai no sentido oposto ao projetado pelo trader, seja nos trades de margem ou em futuros.

No caso mais recente, quem apostou na subida (long) comprou criptomoedas com a esperança de vender mais caro mais na frente, mas os preços caíram e obrigaram o usuário a vender mais barato para fechar a posição – quanto maior a diferença entre os preços, maiores são as perdas.

A Bybt, especializada em derivativos, foi a que registrou o maior volume de liquidações no dia, com US$ 244,8 milhões, seguida pela Binance, com US$ 108,22 milhões liquidados de posições compradas. Na sequência aparece a Huobi, com US$ 75,88 milhões, e a OKEx, com US$ 69,63 milhões.

Embora também seja típica do mercado financeiro tradicional, a alavancagem é vista como um problema nas criptomoedas pela falta de regulação. Enquanto na bolsa brasileira existe limite para aluguel de ações, o mesmo não acontece em exchanges de cripto.

O descontrole de posições alavancadas é apontado também como motivo para momentos de alta volatilidade das criptomoedas. Recentemente, exchanges começaram a mudar de postura e anunciaram a redução da alavancagem máxima disponível, caso da FTX e Binance, que passaram a limitar a 20 vezes – a Binance chegava a permitir ampliação da posição em até 125 vezes.

O trade alavancado é considerado derivativo e, por isso, sua oferta é proibida no Brasil por norma da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que enquadra esse tipo de produto como valor mobiliário e exige licença especial para sua operação.

No entanto, brasileiros não são exatamente impedidos de acessar plataformas de derivativos. Em geral, basta simplesmente alterar o idioma do aplicativo para driblar um fraco bloqueio imposto pelas corretoras tentar multiplicar os lucros do trade ou arriscar perder tudo.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos