PRIO (PRIO3), 3R (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3) caem até 9% com anúncio de imposto sobre exportação de petróleo cru

A alíquota será de 9,2% e valerá por quatro meses; expectativa é de que o novo imposto arrecade R$ 6,7 bilhões

Equipe InfoMoney

Publicidade

Enquanto as atenções do mercado nesta terça-feira (28) ficaram voltadas para a Petrobras (PETR3;PETR4) com as medidas para a reoneração de combustíveis, as ações das petroleiras juniores tiveram um dia de baixa ainda mais expressiva para as petroleiras privadas.

As ações de 3R Petroleum (RRRP3), PRIO (PRIO3) e PetroReconcavo (RECV3) tiveram queda forte, de até 9%, acentuada na reta final do pregão. PRIO3 caiu 9,04%, a R$ 33,70, enquanto 3R teve perdas de 6,97%, a R$ 36,41, e RECV3 teve baixa de 6,01%, a R$ 28,30. A Enauta (ENAT3), por sua vez, teve perdas mais tímidas, baixa de 1,85%, de R$ 13,78.

A decisão de taxar a exportação de petróleo visa compensar uma perda de arrecadação pelo governo federal, uma vez que a reoneração de gasolina e etanol não foi total. Haverá uma cobrança do imposto de exportação do petróleo cru, informou em coletiva o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A alíquota será de 9,2%.

Continua depois da publicidade

A decisão também deverá afetar os resultados da Petrobras, afirmou Haddad, que disse que o governo estima que o imposto de exportação vai representar algo em torno de 1% do lucro da estatal.

Alexandre Silveira, o ministro de Minas e Energia, disse que o novo imposto será positivo para incentivar o refino de petróleo dentro do Brasil. A expectativa é que o novo imposto arrecade R$ 6,7 bilhões nos quatro meses em que ficar em vigor.

O imposto terá duração de quatro meses. Depois, caberá ao Congresso decidir se o tributo continuará ou deixar de existir.

Continua depois da publicidade

As alterações serão feitas por medida provisória, que tem validade imediata assim que publicada no Diário Oficial da União; elas precisam ser validadas pelo Congresso em até 120 dias.

Petrobras menos impactada, PRIO mais impactada 

Os analistas do Bradesco BBI fizeram uma análise de sensibilidade para entender o impacto nas empresas do setor.

No geral, a Petrobras seria a menos afetada, enquanto a PetroRio seria a mais afetada. Para cada 1 ponto percentual de um imposto de exportação perpétuo, o preço-alvo da casa para a PRIO cairia 1,6%, 0.9% para 3R, 0,75% para PetroReconcavo e 0,5% para a Petrobras.

Continua depois da publicidade

Assumindo que o imposto fixo de exportação de 9,2% seja permanente e com a projeção de um preço a longo prazo do petróleo brent de US$ 70 o barril, o preço-alvo para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de NY) PBR, equivalente ao ordinário, cairia para US$ 9,50 (queda de 10% frente o último fechamento). Para PRIO3, cairia de R$ 51 para R$ 44, de RRRP3 sairia de R$ 103 para R$ 91 e de RECV3 de R$ 46 para R$ 32. Ainda assim, restaria um upside de 26% para PRIO, de 147% para 3R e de 12% para PetroReconcavo.

Excluindo a Petrobras, os analistas ainda veem potencial de valorização para as outras companhias, mesmo assumindo uma taxa perpétua de exportação (para os analistas, o Congresso perpetuar a medida é o maior risco).

O sentimento para o setor deve se deteriorar significativamente, pois outros aumentos de impostos também poderiam ser implementados com a narrativa de uma “agenda verde”, como na Colômbia. Assim, dentro do universo de empresas brasileiras, o banco tem agora como top pick a Vibra (VBBR3).

Continua depois da publicidade

Os analistas do BBI, por enquanto, mantiveram as estimativas para as petroleiras até verem o resultado final da medida provisória, mas destacam o aumento do balanço de riscos.

Em entrevista à Reuters, o diretor executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues, afirmou que o petróleo brasileiro vai perder competitividade.

Operam no Brasil diversas multinacionais do setor, como Shell, TotalEnergies, Equinor, além das companhias brasileiras que estão crescendo na esteira dos desinvestimentos da Petrobras.

Continua depois da publicidade

“O mercado de petróleo é altamente competitivo. Podem ter empresas com contratos de longo prazo (de exportação de petróleo), não sei se contratos vão permitir repassar ou terá que internalizar os custos”, disse Rodrigues.

“É um custo que elas terão que entender. Ou ela repassa e perde competitividade ou vão ter que internalizar.”

O texto da MP precisa ser aprovado pelo Congresso. “Vamos ver como Congresso vai reagir a isso”, acrescentou Rodrigues.

(com Reuters)