Por que o “apocalipse” dos shoppings não atinge o Brasil, segundo o CEO do Iguatemi

Para Carlos Jereissati Filho, EUA estão tentando aplicar localmente o que é o grande diferencial dos shoppings brasileiros  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Carlos Jereissati Filho herdou a gestão do grupo Iguatemi de seu pai em 2007, pouco antes do início do fenômeno de fechamento em massa de lojas que ficou conhecido como Apocalipse do Varejo nos Estados Unidos. Enquanto alguns imaginam ser questão de tempo para que o comércio eletrônico leve à mesma crise na indústria nacional, “Carlinhos”, como é conhecido entre amigos, não se abala: para ele, aliás, os shoppings brasileiros têm muito a ensinar aos estadunidenses. 

Jereissati conversou com o InfoMoney em evento comemorativo do lançamento do livro A Nova Geração de CEOs, organizado por Jair Ribeiro, Giuliana Napolitano, Celso Loducca e Pierre Moreau. Ele é um dos perfilados da obra, e tem muito a falar sobre seu trabalho de modernização da empresa que criou o shopping mais antigo da América Latina – o Iguatemi em São Paulo nasceu em 1966.

Na entrevista, demonstrou total tranquilidade sobre a improbabilidade de um apocalipse de shoppings vir a acontecer no mercado nacional. E listou nossos grandes diferenciais: serviços e proximidade dos centros urbanos.

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“Os shoppings americanos são de subúrbio: foram feitos distantes para atender a todos aqueles bairros residenciais”, disse o executivo. “A gente aqui está totalmente nos centros, [o que é] um componente de conveniência absurdo”, compara. Em outra frente, “os americanos tinham um varejo tão forte que nunca se preocuparam em aplicar nos shoppings outros usos que não o varejo. Se pegar o nosso negócio, metade já não é varejo há quase 3 décadas: tem lazer, alimentação, serviços, etc. Então a gente tem várias variáveis que formataram nossos negócios diferentemente dos Estados Unidos”.

Segundo ele, os estadunidenses estão apenas agora tentando formatar seus shoppings para atender a mais necessidades. “Tentar colocar outros usos para tentar gerar a atratividade que o nosso negócio aqui tem, o que a gente chama de life, que os shoppings no Brasil têm”.

Como adaptar o varejo à era digital

Em uma mesa redonda do mesmo evento, Jereissati dividiu o palco com um representante daquela que é considerada uma das maiores ameaças ao varejo físico tradicional: Alex Szapiro, CEO da Amazon no Brasil. Surpreendentemente ou não, os dois dividem visões extremamente semelhantes do futuro da indústria.

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Para o CEO do Iguatemi, há alguns fatores universais que devem ser levados em conta por qualquer varejista: “ninguém quer pagar mais caro, ninguém quer ir na loja e não encontrar o produto e ninguém quer demorar para receber o produto”. Para além disso, elogia na Amazon e outras empresas de tecnologia a capacidade de diminuir a fricção no processo de compra: “tirar a parte chata, que é pagar a compra e carregar a sacola”, diz, em meio a expressões de concordância na plateia.

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Szapiro, que se diz cliente das unidades da rede Iguatemi, complementa: “conveniência é a palavra”. Ele cita a Amazon Go, loja sem caixas que utiliza câmeras e sensores para cobrar o cliente, como um dos esforços mais notáveis para diminuir o trabalho do consumidor e aumentar o prazer do consumo, e garante: “não nos vemos como uma empresa de varejo online, e sim de varejo. O varejo não vai deixar de existir”.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney