Por que NFTs podem ser a saída para serviços de assinatura do futuro

Transformar assinaturas em ativos ao portador é melhor para todos

CoinDesk

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*Por Joon Ian Wong

Serviços de assinatura são o futuro, certo? Da plataforma de streaming Netflix até os 10 milhões de assinantes do New York Times, parece que colocar um paywall (restrição que cobra de usuários para acessarem serviços) e cobrar as pessoas é o caminho das pedras.

É tudo uma beleza até você precisar se descadastrar. O ilustre Times que o diga. A internet documentou minuciosamente as dificuldades de se livrar de um contrato de assinatura com os jornais

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Um exemplo é o post no subreddit r/assholedesign: o print da tela da página de cancelamento da assinatura teve 3 mil upvotes e 123 comentários. O Times oferece aos assinantes duas maneiras de sair: conversar com o atendimento ao consumidor ou ligar para um 0800 em um horário de funcionamento que, reconheço, é generoso (até as 22h em dias úteis!). Claro que todos os atendentes estão ocupados, então conversar com eles é impossível.

O escritor Cory Doctorow considera a página de cancelamento do Times um exemplo dos “tsunamis de papelada”, inevitável criação do capitalismo tardio: você entra com facilidade, mas há “infinitas barreiras” para sair. Então… as blockchains podem consertar isso? Ainda bem que você perguntou! (Foi mal, Cory, eu sei que você não é fã delas.)

As blockchains colocam o poder nas mãos dos usuários. Afinal, o token de uma criptomoeda é um ativo ao portador: pode ser negociado e reter seu valor sem precisar de um intermediário. Alguns exemplos são ouro, dinheiro em espécie e os títulos ao portador em Duro de Matar.

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Tokenizar as assinaturas transforma-as em ativos ao portador, e isso muda a relação entre casa editorial e leitor. Em vez de uma empresa ter os detalhes da conta de um leitor, ocorre o contrário e agora os leitores têm as chaves dos portões do conteúdo — e podem fazer o que quiser com essas chaves.

Desbloqueando conteúdo com um único NFT

O futuro dos paywalls é importante porque, cada vez mais, a indústria dos jornais paga por si. Segundo estudo anual do Reuters Institute sobre tendências em noticiários, mais do que nunca as pessoas estão pagando por serviços online de notícias. Cerca de 17% dos leitores entrevistados no mundo todo afirmaram que já pagaram, de alguma forma, por jornais online no ano passado, tendo subido 2% em comparação ao ano anterior. Para deixar claro, a maioria das pessoas ainda procura por acesso gratuito a notícias, mas a tendência de pagar por jornais está crescendo, principalmente em países mais ricos.

Com cada vez mais paywalls, um futuro onde leitores estão presos por vários “tsunamis de papelada” se aproxima. E se os leitores tivessem uma única chave que abrisse vários portões de conteúdo? Seria ainda melhor se essa chave fosse um token que eles guardassem em suas carteiras.

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Isso já aconteceu com a carteira de criptomoedas MyCrypto. Ela usa algo conhecido como Unlock Protocol para proteger alguns de seus serviços usando tokens não fungíveis (NFTs). Se um usuário detém o NFT certo, ele pode acessar o Discord do MyCrypto ou deixar de ver propagandas do site. Isso significa que um único NFT pode destravar conteúdos em plataformas e ambientes diversos — uma ótima solução para um mundo com cada vez mais paywalls.

Auto custódia

Um outro legado que a imprensa tradicional pode receber das criptomoedas é a auto custódia. Como ilustrado pelo pesadelo da experiência de cancelar uma assinatura, os leitores ficariam mais satisfeitos se pudessem fazer isso a qualquer momento. No entanto, para que isso aconteça, eles, e não as empresas, teriam que controlar as chaves.

Essa é a ideia de auto custódia e é a noção fundamental por trás das criptomoedas. A premissa é a exclusão de intermediários como bancos, aos quais você paga para controlar seus bens, e, em vez disso, o controle direto de seus bens.

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É como eles dizem: não são suas chaves, não são suas moedas. Essa é uma perspectiva assustadora para, por exemplo, guardar todo o seu patrimônio líquido. Mas para gerenciar suas assinaturas de jornais e serviços de streaming? Talvez seja a solução perfeita, principalmente para evitar os dark patterns — interfaces de usuários desenvolvidas para enganá-los.

NFTs: uma opção mais barata para casa editoriais

Existe ainda outro motivo para usar a blockchain em vez de paywalls: ela provavelmente é mais barata. Como elas são, por natureza, transparentes e seu código é aberto, as blockchains criam um modelo que usuários conseguem modificar.

Com o Unlock Protocol, por exemplo, qualquer pessoa pode, em teoria, tokenizar um paywall com o sistema, porque o código é aberto e os contratos inteligentes foram implantados na rede da Ethereum (ETH). Um editor não precisa criar o próprio sistema ou depender dos esforços de uma empresa. Em vez disso, pode alavancar uma tecnologia aberta e, no caso do Unlock, até deter seus tokens nativos para propor mudanças e votar nelas.

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A chave para o futuro de paywalls

O futuro da imprensa tokenizada não está só no Unlock. De fato, não está em um único protocolo ou projeto. As necessidades das casas editoriais e de leitores estão sendo resolvidas com a criação de diferentes tecnologias da Web 3 para trazer soluções.

É o que aconteceu com o Headline, projeto do Unlock que depende do desenvolvimento de uma organização autônoma descentralizada (DAO) chamada de RaidGuild, da hospedagem e endereço de dados da Ceramic e da criptografia de um projeto conhecido como Lit. O resultado é um tipo de Substack tokenizado.

Com a proliferação dos paywalls, tanto as casas editoriais quanto os leitores têm que tomar cuidado para não serem encurralados. Podemos trancar conteúdos, mas devemos fazer isso de uma maneira justa e sustentável; senão, estamos apenas criando uma burocracia kafkiana para prender leitores enquanto excluímos outros que sequer têm dinheiro para entrar nesse jardim cercado. A solução está em saber que as pessoas certas detêm as chaves do nosso futuro de paywalls.

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*Joon Ian Wong é copresidente fundador da Associação de Jornalistas e Pesquisadores de Criptomoedas. Ele foi repórter de tecnologia da Quartz, em Londres, e seus interesses incluíam Bitcoin, criptomoedas e blockchain. Ele começou sua carreira em cripto como um dos primeiros repórteres da CoinDesk e ajudou a lançar a Consensus.

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