Por que a venda da operação móvel da Oi para Vivo e TIM seria um ótimo negócio para as 3 companhias

Isso se refletiu na bolsa, com a notícia sobre proposta de compra fazendo com que as ações registrassem algumas das poucas altas em dia de pânico no mercado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Uma notícia positiva para todas as empresas envolvidas, trazendo mais racionalidade ao setor. Esta é a avaliação feita por analistas de mercado para o anúncio das operadoras de telefonia TIM (TIMP3) e Telefônica Brasil (VIVT4) de que, juntas, formalizaram o interesse em comprar a telefonia móvel da Oi (OIBR3;OIBR4) , com negociações que podem envolver toda a operação ou parte dela.

Isso se refletiu no desempenho das companhias da bolsa. Enquanto o Ibovespa teve uma forte baixa de 7,64% após a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificar como pandemia o surto de coronavírus, as ações das teles foram algumas das poucas altas da bolsa. Dentro do índice, TIM fechou em alta de 1,23% e Vivo com ganhos de 0,48%. Já a Oi, mesmo amenizando fortemente a alta de 22% do intraday, viu seus ativos ON subirem 4,49% e os PN avançarem 7,38%.

Contudo, mais detalhes sobre a operação ainda não foram definidos. Conforme destaca a equipe de análise da Levante Ideias de Investimento, no curto prazo, a expectativa é de impacto positivo nos preços das ações no curto prazo, o que aconteceu hoje em especial para a Oi. Porém, no médio e longo prazos, serão as condições e a precificação do negócio que definirão quais acionistas serão os mais beneficiados.

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“Tudo vai depender do preço da transação de compra da divisão móvel de Oi, que está bastante pressionada por endividamento e necessidade de investimentos”, avaliam os analistas.

Para a Vivo e para a TIM, o segmento móvel da Oi significa uma ampliação da sua fatia de mercado, bem como a expansão nas regiões Norte e Nordeste, menos exploradas pelas companhias.

A Oi Móvel possui 16,2% do mercado de telefonia móvel nacional, ante 33% da Vivo, enquanto Claro e TIM têm participação cada uma de cerca de 24%. A Oi tem quase 35 milhões de clientes: 25,6 milhões no pré-pago e 9 milhões no pós-pago.

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Para a Oi, avalia a Levante, a venda trará uma grande oportunidade de gerar caixa e continuar honrando o serviço da sua dívida e seus investimentos no segmento de fibra ótica, que é a peça chave e grande aposta da companhia para voltar a ser competitiva, depois de anos complicados em meio ao processo de recuperação judicial.

O Bradesco BBI destaca que, até o fechamento da última terça-feira, o valor de mercado da Oi era de R$ 5,3 bilhões, enquanto a operação móvel deve valer entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões. Ou seja, uma quantia de quase três vezes o valor total da companhia, se considerado o valor máximo. Contudo, o montante pode ser significativamente maior dependendo das possíveis sinergias a serem geradas para as outras empresas de comunicação.

“A TIM e a Vivo foram rápidas em expressar seu interesse formal na operação móvel da Oi, o que é positivo para a Oi. Portanto, acreditamos que poderia haver uma oferta formal com um valor claro no terceiro trimestre ou até antes disso, que é quando a assembleia geral da Oi com os credores deve ocorrer. Seria importante para a Oi ter uma oferta final para mostrar aos acionistas o valor que poderia ser gerado com a venda de sua operação móvel”, avalia Frederico Mendes, analista do Bradesco BBI.

Uma outra questão é se um lance conjunto pela Oi poderia afetar a avaliação pela operação móvel da Oi. Para o Bradesco BBI, não necessariamente, uma vez que, após a venda da Unitel, a Oi agora está em uma posição de caixa muito mais confortável e poderá negociar melhor o valor de seus ativos.

Os analistas também avaliam que, com a operação, resolvem-se dois problemas ao mesmo tempo. Do ponto de vista do regulador, esse poderia ser um acordo interessante para o setor como um todo, pois: (i) resolveria a preocupação da Oi com os financiamentos necessários para investir em sua recuperação e (ii) reequilibraria a concentração do setor entre os três principais players. Com isso em mente, eles avaliam que a TIM provavelmente obterá uma fatia maior da operação móvel da Oi (cerca de 70%), supondo que o negócio seja concluído.

Vale destacar que, segundo a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, a Claro também estaria na disputa e levou a sua oferta ao Bank of America, que coordena a operação. Porém, na avaliação do analista, é difícil que ela adquiria a operação dados os aspectos de concentração.

Também destacando os aspectos concorrenciais, o Itaú BBA destaca que um participante a menos deve promover maior racionalidade do mercado. “Como a lucratividade das empresas tende a melhorar com a racionalidade do mercado, a qualidade dos serviços prestados também tende a subir, pois as operadoras terão mais flexibilidade financeira para investir”, avaliam Susana Salaru e Tito Ferraz, analistas do banco.

Ao negociar em conjunto, a Vivo e a TIM poderão mitigar obstáculos decorrentes para a aprovação do negócio no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), selecionando cuidadosamente a divisão de ativos.

Desta forma, a conclusão do acordo é vista como uma operação ganha-ganha para as três companhias. O Bradesco ressalta que a Oi está na direção certa, reforçando a recomendação de compra para os ativos OIBR3, com preço-alvo de R$ 1,80. A expectativa é de que dias melhores para a companhia estejam por vir, enquanto o mercado aguarda por novidades com relação às ofertas das duas rivais que podem se unir para abocanhar esse segmento da Oi.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.