PF atribui a Rodrigo Maia corrupção, lavagem de dinheiro e “caixa três”: quais os impactos políticos disso?

Analistas veem longo caminho pela frente e amplo apoio ao deputado entre os pares no parlamento

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O relatório conclusivo da Polícia Federal no inquérito contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem impactos limitados na avaliação de analistas de risco político, embora tenham assustado o mercado na noite da última segunda-feira (26).

Embora os investigadores atribuam a Rodrigo Maia os crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral, nas formas de caixa dois e “caixa três” (doações de campanha terceirizadas) e lavagem de dinheiro, o entendimento é que o processo ainda tem um longo caminho pela frente e o deputado ainda conta com amplo apoio entre os pares no parlamento.

Para a equipe de análise política da XP Investimentos, o momento alimenta especulações de que se trata de uma demonstração de força da corporação, diante da maior exposição política dos últimos dias.

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A notícia vem poucos dias após ofensiva do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a Superintendência da Polícia Federal e a aprovação da lei de abuso de autoridade pelo Congresso Nacional, além das incertezas sobre a possibilidade de vetos – considerando o enfraquecimento do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) no governo.

Os efeitos econômicos são considerados reduzidos em um primeiro momento. Seja pela força política de Rodrigo Maia, que conta com amplo apoio entre os deputados, seja pelo fato de o processo estar em fase inicial e ter perspectivas de longo caminho caso não seja arquivado.

Para Thiago Vidal, analista político da Prospectiva Consultoria, a notícia pode estimular a bancada conservadora a buscar maior influência sobre a agenda legislativa e emplacar pautas. Até mesmo a agenda de Sérgio Moro poderia pegar carona. Neste caso, porém, as derrotas recentemente sofridas pelo ministro 

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“Mas a agenda econômica está blindada”, sustenta o analista.

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Já Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, vê críticos a Rodrigo Maia nas redes com mais munição após a conclusão do relatório da PF, mas sem danos significativos sobre o poder e a capacidade de interlocução do deputado.

Bolsonaro, diz o analista, também não deve usar o material para atingi-lo, principalmente em um momento de melhora na relação entre ambos, ainda que grupos de apoiadores do presidente possam aproveitar o momento para fazer novos ataques ao deputado.

O inquérito está agora com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que vai decidir se denuncia ou se pede arquivamento do caso. O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu prazo de 15 dias para o inquérito retornar da PGR, mas na prática não há cobrança se esse prazo não for cumprido. No meio do processo, há o processo de definição do futuro comandante do órgão.

“Em termos de tramitação, o processo ainda é inicial e tem poucas chances de ser concluído com Maia ainda no comando da Câmara. Mesmo que a denúncia seja feita conforme pede a PF, a decisão de aceitar ou não é do plenário do STF. Na hipótese de denúncia, Maia começaria a responder a ação penal em um processo longo até que se chegue a uma decisão final”, pontuam os analistas da XP.

O deputado nega irregularidades. “Volto a afirmar que todas as doações que recebi em minhas campanhas eleitorais foram solicitadas dentro da legislação, contabilizadas e declaradas à Justiça”, afirmou em nota.

“Nunca houve pagamentos não autorizados por parte da Odebrecht ou de qualquer outra empresa. A conclusão do relatório da Polícia Federal, portanto, não tem embasamento fático, comprobatório ou legal, já que foi baseado exclusivamente em palavras e planilhas produzidas pelos próprios delatores. Eu confio na Justiça e estou seguro que os fatos serão esclarecidos, e este inquérito, arquivado”, disse.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.