Plataforma global de CBDCs pode reduzir custos de pagamento, diz FMI

FMI continua cético em relação a um sistema privado, mas quer novas ideias sobre moedas digitais apoiadas pelo Estado

CoinDesk

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Funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI) escreveram nesta quinta-feira (1) que a economia precisa de uma plataforma global para pagamentos transfronteiriços. Além disso, reiteraram pedidos para regular o mercado de criptomoedas, que as autoridades dizem ser instável, ineficiente e repleto de fraudes.

A organização internacional dedicou sua revista trimestral, a “Finance & Development” (Finanças e Desenvolvimento, na tradução para o português), ao tema “revolução do dinheiro”. No material, os autores oferecem pouca esperança para os defensores das criptomoedas, com funcionários públicos favorecendo amplamente as soluções apoiadas pelo Estado, como as moedas digitais de banco central (CBDCs, na sigla em inglês).

A revista também tratou de temas relacionados à saúde, política fiscal e mudanças climáticas.

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Tobias Adrian, diretor do departamento de mercado monetário e de capitais do FMI, quer que a entidade desenvolva um novo sistema para reduzir os custos das transferências internacionais. A plataforma aceitaria pagamentos via CBDCs, os manteria em custódia e emitiria tokens contra eles, disse Adrian.

“O setor privado seria capaz de estender os usos da plataforma escrevendo smart contracts (contratos inteligentes)”, falou ele, prometendo mais artigos sobre como os bancos centrais do mundo poderiam trabalhar juntos no projeto.

Os números publicados pelo FMI sugerem que quase 100 países estão pesquisando, testando ou implantando CBDCs, levantando a questão sobre como as diferentes moedas digitais de bancos centrais trabalhariam juntas para permitir pagamentos transfronteiriços – um processo que seria caro e não confiável sob o atual e tradicional sistema financeiro conhecido como correspondente bancário.

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Em março, um projeto que incluiu a Austrália e a África do Sul concluiu que as plataformas transfronteiriças com CBDC são “tecnicamente viáveis”, mas as autoridades têm sido mais céticas sobre o potencial de uma empresa privada de criptoativos assumir as rédeas.

A própria cautela do FMI em relação ao Bitcoin (BTC) agora é ecoada por outros órgãos internacionais, como o Bank for International Settlements (BIS), o órgão com sede na Suíça composto pelos principais bancos centrais do mundo.

“Qualquer transação legítima que possa ser realizada com criptomoedas pode ser executada melhor com dinheiro do banco central”, escreveu o gerente geral do BIS, Agustín Carstens, em um artigo publicado nesta quinta.

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“As criptomoedas não são estáveis nem eficientes… seus participantes não são responsáveis perante a sociedade. Fraudes, roubos e golpes frequentes levantaram sérias preocupações sobre a integridade do mercado.”

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Essas críticas também são vistas em jurisdições como Cingapura, cujo presidente do banco central, Ravi Menon, escreveu que “as criptomoedas privadas – das quais o BTC é provavelmente a mais conhecida – falham como dinheiro”.

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Menon repetiu promessas anteriores de impor mais restrições ao acesso das pessoas às moedas digitais e disse que o caso de um CBDC usado por cidadãos comuns “não é convincente por enquanto”.

Mas com jurisdições como Japão, Estados Unidos e União Europeia elaborando novas legislações, a infinidade de leis nacionais e regionais sobre criptomoedas está começando a causar preocupação, pois regulamentações incompatíveis podem travar o sistema financeiro global.

“A preocupação é que quanto mais tempo isso demorar, mais as autoridades nacionais ficarão presas a diferentes estruturas regulatórias”, escreveu Aditya Narain, vice-diretora do departamento de mercado monetário e de capitais do FMI, em um artigo.

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Ele pediu que uma resposta global seja coordenada, consistente e abrangente, para cobrir “todos os atores e todos os aspectos do ecossistema de criptomoedas”.

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