Plano Real: ao completar 15 anos, inflação acumulada no período é de 244%

Depois de superar os 1000% anuais no início da década de noventa, a inflação soma, nos últimos 15 anos, 244,85%

Gladys Ferraz Magalhães

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SÃO PAULO – Depois de superar os 1000% anuais no início da década de noventa, a inflação acumulada, nos últimos 15 anos, é de 244,85%, segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial.

O período citado corresponde à adoção do Real, moeda que, há 15 anos, nascia para estabilizar a economia brasileira. Segundo o coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), Salomão Quadros, a inflação acumulada a partir de 1994 é muito mais reflexo de oscilações momentâneas do que resultado da perda de poder de compra do dinheiro.

Isso porque, explica ele, ao longo dos anos, as perdas foram compensadas com aumentos nos salários, na maioria das vezes. “Em termos reais, mesmo descontada a inflação, o mínimo dobrou de valor nos últimos 15 anos”, disse, conforme publicado pela Agência Brasil.

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Classes baixas

Ainda de acordo com Quadros, as classes mais baixas foram as grandes privilegiadas com as reposições salariais da era Plano Real, visto que o mínimo saiu de R$ 196,63, em 2004, e pode chegar a R$ 506,50 no próximo ano.

Mas há quem discorde do economista da FGV. Para o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Ricardo Amorim, o plano econômico não trouxe ganhos homogêneos para os brasileiros das classes menos privilegiadas, sendo que, para ele, o aumento na renda foi consequência da queda da inflação.

“Quando se combate uma inflação alta de forma muito rápida, sempre se tem um ganho de renda entre a população mais carente e a população trabalhadora. Mas passada essa fase inicial, você percebe que o Plano Real não contribuiu nada para a distribuição de renda ou para a diminuição da pobreza.”