Petroleiras júniores roubam a cena na Bolsa com consolidação do setor à vista

Acordo com Enauta seria mais vantajoso para 3R, que operação com PetroReconcavo, de acordo com analistas

Camille Bocanegra

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A 3R Petroleum (RRRP3) tem uma escolha difícil para fazer nos próximos 30 dias: Enauta (ENAT3) ou PetroReconcavo (RECV3)? A companhia recebeu proposta de fusão de negócios por parte da Enauta nesta terça-feira e terá prazo de 30 dias para análise. No processo, as deliberações sobre a PetroReconcavo ficam suspensas.

Para analistas, as sinergias oferecidas pela fusão com a Enauta e a proposta em si já seriam mais vantajosas que a atual oferta da PetroReconcavo. A RECV3 amargou a queda de 9,02% nas ações na sessão desta terça-feira, cotada a R$ 21,07, após anúncio da suspensão da análise da fusão.

O acordo também não foi visto com bons olhos pelo mercado para a Enauta, que apresentou queda de 11,09%, a R$ 25,73. Já a 3R Petroleum subiu 0,72%, a R$ 33,34 – mas chegou a subir 7%.

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O Bank of America (BofA) ressalta que a combinação entre as duas empresas (Enauta e 3R) resultaria em uma companhia com produção superior a 120 mil barris de petróleo por dia (kboead, na sigla em inglês). A fusão garantiria o portfólio diversificados de ativos onshore e offshore.

As sinergias mais claras para a análise, em primeiro olhar, são um robusto balanço patrimonial, melhor acesso ao capital e melhor alocação da dívida da 3R. O relatório cita também melhores condições para comercialização de petróleo e gás, além de maior liquidez.

3R, Enauta e PetroRecôncavo consolidam setor

A operação é vista com otimismo para a 3R e cautela para a Enauta pelos momentos distintos que vivem. Se a 3R Petroleum enfrenta ceticismo do mercado em relação às suas reservas e à capacidade de aumento de produção de ativos, a Enauta, por sua vez, aproveita a confiança baseada no início do sistema de desenvolvimento completo de Atlanta e suas recentes aquisições. Para o BofA, ambas as empresas são recomendadas como compra.

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Para a 3R, o acordo seria muito positivo e deve ser analisado com cuidado, de acordo com o Bradesco BBI. O banco considera que a proposta de fusão apresenta proporção mais favorável (em 53/47%, contra os 51/49% oferecidos pela RECV3). A avaliação já comporia prêmio para as ações da 3R, que só seria observado na outra proposta se a proporção fosse diversa.

Além disso, a Enauta teria melhor posição de alavancagem que a PetroReconcavo, garantindo uma empresa mais forte em balanço patrimonial. A fusão proposta hoje valorizaria mais as capacidades atuais da 3R, priorizando as capacidades de gestão atual da companhia.

E, em última análise, a fusão não impediria que o negócio com a PetroReconcavo se concluísse em outra ocasião no futuro. Nessa hipótese, porém, o poder de barganha estaria para o lado da 3R/Enauta, reforça o BBI.

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A movimentação dos papéis da PetroReconcavo não foi surpresa para o banco, que considera a operação com a 3R um dos principais gatilhos para o nome. Por enquanto, o acordo está suspenso por 30 dias e não há certeza sequer de sua conclusão, a depender do posicionamento da 3R em relação à Enauta.

A Guide considera que o impacto positivo seria presente para ambas as companhias. A operação seria reforçada pela proximidade dos campos e similaridade dos negócios, com sinergias a serem aproveitadas.

Ainda assim, a escolha da 3R segue incerta, de acordo com a análise, que considera que há ganhos na consolidação das petroleiras em todos os anos. A correta destaca, ainda, que considera que as companhias não incorporaram nas ações os possíveis ganhos de sinergias de acordo com as combinações