Petrobras (PETR4): Goldman Sachs é mais um “bancão” a elevar ação para compra, apesar do rali no ano; ação sobe forte

Goldman atribui a mudança à redução de riscos residuais após alguns esclarecimentos sobre as políticas a serem adotadas pelo novo governo

Lara Rizério

Photo by Wagner Meier/Getty Images

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) tiveram a terceira elevação de recomendação para compra por um grande banco em cerca de duas semanas. Após o Morgan Stanley e o JPMorgan, desta vez foi o Goldman Sachs que elevou as estimativas para a estatal, citando riscos reduzidos e avaliação atrativa, conforme informou a instituição financeira em relatório na noite de terça-feira (20). O banco havia rebaixado a recomendação para os ativos em novembro de 2022 para neutro, logo após as eleições presidenciais.

Com a nova elevação de recomendações, os ativos PETR3 subiam 2,01%, a R$ 35, às 10h19 (horário de Brasília) na sessão desta quarta-feira (21), enquanto os papéis PETR4 avançavam 2,09%, a 31,21, no mesmo horário.

Além da avaliação atrativa, apesar do rali de cerca de 50% dos ativos no acumulado de 2023 até a sessão da véspera, o Goldman atribui a mudança à redução de riscos residuais após alguns esclarecimentos sobre as políticas a serem adotadas pelo novo governo.

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Os analistas apontam o valuation atrativo da companhia em comparação aos pares internacionais, indicando que pelo menos uma parte do risco político já está precificado. O Goldman destaca ver a companhia registrando um número de 15% o Free Cash Flow Yield (FCF yield, ou a rentabilidade de fluxo de caixa, que é calculada pela divisão do fluxo de caixa entre o número de ações/ preço das ações) esperado para 2024 e 2025, levando em conta o brent abaixo de US$ 70 o barril na curva de preços futura. Isso se compara ao FCF yield de um dígito alto para as principais empresas globais sob premissas de preços de petróleo semelhantes.

Além disso, os “riscos de cauda” para a estatal parecem menores após alguns esclarecimentos sobre as políticas a serem adotadas pelo novo governo sobre dividendos, preços de combustíveis e alocação de capital.

Em relação ao primeiro ponto, os analistas do banco apontam que a nova política de dividendos deve ser anunciada até o final de julho, mas enquanto isso a administração já mencionou que acredita que o pagamento de 25% sobre os lucros é muito baixo e também mencionou programas de recompras como uma opção.

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Assim como outras casas que elevaram recentemente a recomendação para os papéis, o Goldman assume, em seu caso base, que a Petrobras convergirá para distribuir 40% de seu FCO (fluxo de caixa das atividades operacionais) aos acionistas, o que se traduz em um dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) esperado entre 15-16% em 2024 e 2025, contra cerca de 10% para a Ecopetrol, por exemplo (implicando pagamentos de 87-79% como porcentagem do lucro líquido).

“Como referência, se a Petrobras anunciar que pagará 40% do FCO em seus próximos anúncios de resultados do 2T23 e 3T23, estimamos que a empresa poderia anunciar outro dividendo de US$ 3,9 bilhões junto com os resultados do 2T em agosto e um dividendo de US$ 3,5 bilhões junto com os resultados do 3T em outubro, se a empresa baseasse suas políticas no que outras grandes companhias petrolíferas estão fazendo. Por fim, ressaltamos que, segundo a administração, a nova política pode implicar, em parte, a conversão de dividendos em recompra de ações”, avalia.

Já sobre a nova política de preços de combustíveis, anunciadas em maio, apesar de não trazer parâmetros tão diretos, dá indicativos de que a estatal ainda segue as tendências de preços internacionais (mesmo que com atraso e/ou um pequeno desconto em relação aos preços internacionais).

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Sobre alocação de capital, o capex (investimento) das iniciativas de baixo carbono deve passar de 6% do total para até 15%, limitando assim o valor a ser divulgado em novembro junto com o novo plano estratégico.

O banco ainda aponta que as ações da Petrobras subiram cerca de 50% no acumulado do ano (versus queda de 12% do petróleo brent e de alta de 8% do Ibovespa), refletindo uma maior visibilidade sobre qual será a abordagem da nova administração na política de precificação de combustíveis e alocação de capital para o ciclo atual, após os recentes anúncios de uma nova estratégia comercial para diesel e gasolina e as diretrizes anunciadas recentemente para o próximo plano estratégico.

“Embora reconheçamos que a visibilidade ainda é limitada, acreditamos que esses anúncios reduziram pelo menos parcialmente a possibilidade de um eventual pior cenário esperado por alguns investidores”, avaliam os analistas da casa.

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O banco tem preço-alvo de US$ 18,10 para os ADRs (recibos de ações, ou ativos negociados na Bolsa de Nova York) PBR, equivalentes aos ordinários, o que configura um potencial de valorização de 27% em relação ao fechamento da véspera. Para os ativos PBR/A, equivalentes aos preferenciais, o preço-alvo é de US$ 16,50, ou upside de 29%.

Já para os ativos negociados na B3, o preço-alvo para PETR3 é de R$ 45,10 em doze meses, ou upside de 31%; já para PETR4, o target é de R$ 41, ou potencial de valorização de 34%.

Apesar da elevação de recomendação, o Goldman destaca que mantém preferência pela ação da PRIO (PRIO3) entre as ações de óleo e gás que cobre, com a companhia apresentando entrega operacional sólida, forte perspectiva de crescimento e valuation barato, com risco político significativamente menor.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.