Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3): os fatores que levaram à queda das ações nos últimos 2 pregões

Tanto questões internas das empresas quanto repercussão das pesquisas eleitorais estão por trás da baixa dos papéis das estatais nas últimas sessões

Vitor Azevedo

(Arte: Leo Albertino)

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As ações das principais estatais brasileiras tiveram queda nos últimos dias – hoje, os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) e os ordinários do Banco do Brasil (BBAS3) pesaram sobre o Ibovespa, tendo fechado em quedas de, respectivamente, 1,99% e 2,65%. Na sexta, PETR4 já havia caído 4,76%, enquanto BBAS3 teve queda de 1,09%. Tanto a proximidade das eleições quanto fatores internos das empresas (indiretamente também sendo impactados pelo cenário eleitoral) levaram a uma queda dos ativos nas últimas sessões, de acordo com analistas.

Cabe ressaltar que, na última semana, a despeito da alta de 3,18% do principal índice brasileiro, e também do petróleo, as ações preferenciais da Petrobras caíram 2,42%. As ordinárias do Banco do Brasil, por sua vez, avançaram, mas aquém da performance do índice, com alta de 1,93%.

O que chama atenção, porém, é o aumento das recorrência de fortes altas e quedas. Na semana passada, as ações preferenciais da petroleira registram variações maiores do que 3% em três dos cinco pregões. O Banco do Brasil tem nesta segunda sua segunda variação próxima a 3% em uma semana.

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“O que talvez explica a maior volatilidade nessas ações, segundo o que a gente tem observado, é que as pesquisas eleitorais têm mostrado que a eleição do ex-presidente Lula está mais provável”, explica João Gabriel Abdouni, analista CNPI de ações da Inv.

Nesta segunda-feira, pesquisa do BTG/FSB trouxe que o candidato do Partido dos Trabalhadores tem 46% das intenções de voto, contra 32% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Já no Datafolha, na quinta-feira à noite, Lula registrou 48% das intenções de voto e Bolsonaro somou 27%. Nas duas, houve aumento da distância entre a pontuação registrada pelo ex-presidente e o atual. Por outro lado, na última sexta, a pesquisa XP/Ipespe trouxe Lula com com 45% das intenções de voto e Bolsonaro com 34%, uma leve redução na diferença em 1 ponto percentual.

“A gente não sabe como será a gestão de um governo Lula em relação às estatais. Não sabemos, por exemplo, como será a política de preços da Petrobras. A mesma coisa acontece no Banco do Brasil”, diz Abdouni. “O atual presidente pode ter uma série de pontos questionáveis, mas na questão da gestão das estatais, os números entregues foram muito fortes. O mercado começa a precificar uma possível queda de lucratividade dessas companhias no caso de uma troca de governo”.

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Guto Leite, gestor da Western Asset, afirma que o Banco do Brasil também vem enfrentando a possibilidade de uma descontinuidade na condução de suas operações. “O BB tem o risco de ser estatal e de ver a sua gestão interrompida. O banco tinha resultados ruins, que hoje estão melhorando, com a gestão se provando sólida”, pontua. Ele lembra que essa ameaça faz a instituição financeira ser negociada a múltiplos menores que seus pares, como o Itaú (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4).

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Além das pesquisas eleitorais, as estatais vêm sofrendo baixas por outros motivos.

Ainda no caso da Petrobras, as recentes intervenções do governo sobre a companhia ajudam a aumentar o pessimismo do mercado – mesmo com o petróleo Brent, parâmetro para a estatal, tendo avançado na última semana.

“Com relação a Petrobras, acredito que a realização do ativo na contramão da melhora de humor do mercado local esteja diretamente relacionada com a última interferência feita na troca da presidência da empresa pelo governo”, comenta Victor Paganini, analista da Quantzed. “A movimentação do governo abre espaço para que se especule outras eventuais interferências na Petrobras, sendo uma delas, principalmente, um possível estabelecimento de uma política de regulação e de congelamento nos reajustes dos combustíveis”.

Hoje, o presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu que a estatal pode “quebrar o Brasil” se impor novos aumentos do preço do diesel – isso em meio a um possível desabastecimento do produto no país.

Em parte, porém, as falas de Bolsonaro também são eleitoreiras e buscam impor à estatal a culpa da alta dos preços dos combustíveis, que seguem à dinâmica internacional de mercado, segundo analistas. “Os ataques do atual presidente geralmente acontecem próximos a um aumento de preço. E isso, neste momento, faz sentido, uma vez que há defasagem do preço cobrado no Brasil daquilo que há no exterior”, diz Leandro Saliba, head de renda variável da AF Invest.

Além disso, a petroleira ainda passa, atualmente, pela polêmica que envolve seu a eleição do seu próximo presidente, após Bolsonaro retirar José Mauro Coelho Ferreira da presidência com menos de um mês de cargo. Por fim, na última sexta, a estatal ainda enviou ofício a Minas e Energia alertando para risco de desabastecimento de diesel. 

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No Banco do Brasil, as ações sofrem ainda com a notícia de que a instituição financeira desistiu de vender o BB Americas, sua filial que atua nos Estados Unidos, com a informação de que pretende incorporar os clientes deste braço, segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Naor Coelho, trader de renda variável da Infinity Asset, afirma que o mercado está tentando entender como essa movimentação implicará na performance do banco e diz também que, recentemente, a instituição teve uma boa performance. “O mercado aproveita a fraca movimentação do mercado americano para fazer um pouco de lucro”, diz.

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