Petrobras (PETR4): apesar do recuo dos preços de gasolina, especialistas veem margens ainda saudáveis; ações fecham em queda

Especialistas ainda apontam recuo do dólar e antecipação à alta de impostos como pontos a serem considerados nas avaliações do mercado

Equipe InfoMoney

Photo by Wagner Meier/Getty Images

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As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) registram baixa na sessão desta quinta-feira (15). Os papéis ON caíram 1,48% (R$ 33,19) e os PN tinham baixa de 2,36% (R$ 29,39). Os ativos chegaram a cair mais de 2%, em meio a um movimento que coincidiu com mais uma  redução nos preços da gasolina. Especialistas, apesar da baixa do preço, veem que a petroleira ainda atua em patamares saudáveis.

A estatal reduzirá em R$ 0,13 por litro o seu preço médio de venda de gasolina A, que passará a ser de R$ 2,66 por litro, ou uma baixa de 4,66%.

“Atualmente, vemos o spread da Petrobras em relação ao Brent em US$ 25 o barril para diesel (ligeiramente acima da média de 2019) e de US$ 15 o barril para gasolina (contra a média de 2019 de US$ 7 o barril). Portanto, acreditamos que as margens de refino consolidadas permanecem saudáveis”, destaca o Goldman Sachs.

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O banco americano chega a mencionar que vê a gasolina vendida pela Petrobras ser negociada 19% abaixo do visto na Costa do Golfo dos Estados Unidos e o diesel, com 5% de defasagem. Levando em conta os dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem é de 10% na gasolina e 3% no diesel.

“Por fim, destacamos que, desde o último reajuste de preço da gasolina da Petrobras em 16 de maio, os preços da gasolina da Costa do Golfo caíram cerca de 3% em nossas estimativas (em reais). Portanto, acreditamos que o anúncio de hoje reflete, até certo ponto, os recentes movimentos de preços internacionais”, avalia o Goldman.

João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, fala que o recuo dos preços, apesar do impacto nas margens, deve levar a Petrobras a ganhar market share – algo que aparece como um dos objetivos da nova política de preços e foi defendido pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, anteriormente.

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Para Tonello, a queda das ações na sessão se mostra não somente como um movimento de correção, como também pela mudança dos preços em linha com o que foi dito anteriormente com o anúncio do fim do Preço de Paridade Internacional. Ou seja, que a companhia reduziria preços para buscar maior competitividade, comenta.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, menciona, por fim, que a Petrobras, devido os recentes recuos do dólar, também deve ter ganhado alguma margem para diminuir seus preços.

“O preço do petróleo caiu bem em reais e a Petrobras deve repassar isso para o preço final”, pontua Gala.

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Já segundo o Credit Suisse, o ajuste de preço para baixo era inesperado neste momento. “Vemos agora os preços da gasolina negociando 8% abaixo da paridade de importação (cerca de R$ 0,21 o litro) e o diesel 3% abaixo (cerca de R$ 0,10 o litro)”, aponta.

Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), apontou ainda à Reuters que o movimento da estatal vem para atenuar os impactos na bomba das elevações do ICMS e do PIS/Cofins cobrados sobre combustíveis.

“O anúncio de hoje… é a Petrobras já preparando a área para evitar aumentos maiores”, disse Pires.

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No caso do imposto estadual, passou a vigorar neste mês a alíquota única e fixa do ICMS sobre a gasolina e o etanol anidro. A cobrança, de R$ 1,22 por litro em todo o território nacional, já se refletiu em alta dos preços.

Já em 1º de julho, está prevista a reoneração do PIS/Cofins para a gasolina e o etanol, após um período de cobrança parcial dos tributos federais imposta por uma medida provisória editada no início deste ano. Com a reoneração, o imposto para a gasolina subirá de R$ 0,47 por litro para R$ 0,79 a partir do mês que vem.

(com Reuters)