Petrobras (PETR3;PETR4) deve ter forte resultado puxado por petróleo – olhos dos investidores se voltam para dividendos

Companhia divulgará seus números após o fechamento do mercado; projeção é de pagamento de proventos em meio à venda de ativos

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Após um segundo trimestre com uma forte reação positiva do mercado aos números da Petrobras (PETR3;PETR4) – em especial com relação aos dividendos -, a expectativa é de a companhia registre mais um forte resultado no terceiro trimestre. Os números serão divulgados nesta quinta-feira (28), após o fechamento do mercado.

O balanço deve amparado pela alta dos preços de petróleo, com o brent tendo uma alta de 6% na comparação trimestral, a US$ 73 o barril, o que também deve impulsionar mais uma vez um bom pagamento de proventos.

De acordo com compilação feita pela Refinitiv, a média das projeções dos analistas é de um lucro líquido de R$ 20,03 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 1,5 bilhão em igual período do ano passado, mas ainda com disparidade entre as estimativas das casas. Além disso, o número efetivo leva em conta efeitos não-recorrentes, tornando a expectativa mais difícil.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A projeção Refinitiv é de um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 56,1 bilhões, enquanto a expectativa é de uma receita de R$ 118,9 bilhões.

O Credit Suisse espera um forte resultado, projetando ainda Ebitda de R$ 60,378 bilhões no trimestre, enquanto estima um lucro líquido de R$ 11,2 bilhões no período.

Em relatório após os dados de produção da estatal no trimestre, a Levante Ideias de Investimentos destacou os números da companhia ver como positiva a estratégia da companhia de desinvestir em ativos não estratégicos (campos em terra, águas rasas e pós sal) e investir na exploração e produção em campos no pré-sal, que possui um petróleo de maior qualidade e melhores retornos para a companhia.

Continua depois da publicidade

Outro ponto positivo, avalia, é o aumento da participação do pré-sal utilizado nas refinarias da companhia, atingindo 65% em setembro. “As refinarias brasileiras vêm passando por adequações para aumentar sua flexibilidade e viabilizar o refino do petróleo brasileiro. Inicialmente, elas foram construídas para refinar a commodity leve importada. Também houve uma boa melhora nas vendas, à medida que o consumo se recupera com o arrefecimento da pandemia”, apontam.

Os analistas ressaltam que a Petrobras atravessa um momento muito favorável ao setor, com a commodity acima dos US$ 80 por barril. “Seu resultado deve apresentar ótimos números com recordes em algumas linhas”, apontam. Porém, avaliam que a questão política segue impactando a companhia.

O BTG Pactual também destacou ser importante sinalizar que a maior participação na produção do pré-sal deve manter os custos de produção em níveis baixos, modelando custos de exploração e produção em US$ 6,35 o barril.

Os analistas da casa avaliam que os ganhos poderiam ser ainda maiores se não fosse pelo crescimento das importações, que esperam levarem a perdas de mais de US$ 170 milhões. Já os ganhos de estoques no segmento de refino devem compensar parcialmente isso, à semelhança dos trimestres anteriores. “No total, estamos projetando vendas líquidas de R$ 114 bilhões, Ebitda de R$ 60 bilhões e lucro de R$ 14 bilhões”, apontam.

Todos os olhos voltados para dividendos

O Bradesco BBI ressalta que todos os olhos devem ficar voltados para o fluxo de caixa ao acionista e a probabilidade de
pagamentos de dividendos.

A projeção dos analistas é de que o Ebitda deva aumentar 3% no trimestre, para R$ 62 bilhões, principalmente devido ao aumento do petróleo e os preços dos combustíveis, considerando essa média. Comparado com terceiro trimestre de 2020, a expectativa é de alta de 64% do Ebitda, devido a uma base de comparação fraca uma vez que os preços do petróleo no terceiro trimestre de 2020 foram 20% mais baixos.

No resultado final, a projeção da casa é de um lucro líquido de R$ 5,9 bilhões (queda de 86% na base trimestral), impactado negativamente por efeitos da forte depreciação do real.

Embora o fluxo de caixa ao acionista deva ser sólido, deve ser menor do que no trimestre passado (US$ 7,5 bilhões), pois os analistas esperam queda dos impostos diferidos.

“O mercado também deve prestar muita atenção a uma potencial antecipação de pagamento de dividendos”, reforçam, lembrando que a estatal deve embolsar mais de US$ 5 bilhões em receitas de vendas recentes de ativos, que deverão ser utilizadas para desalavancagem e pagamento de proventos.

Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, analistas do Credit, apontam que o caixa da Petrobras deverá ser impactado positivamente pelo dinheiro levantado com a venda da fatia da antiga BR Distribuidora, agora Vibra Energia (VBBR3), no valor de US$ 2,2 bilhões, além da assinatura do acordo de coparticipação com as chinesas CNODC e CNOOC, relativo ao projeto de Búzios, no pré-sal, contando com um valor de US$ 2,9 bilhões em compensações financeiras.

Já o impacto negativo no caixa pode vir da primeira parcela de dividendos antecipados, no valor de US$ 4,1 bilhões; o resgate antecipado de títulos em setembro, de US$ 1,3 bilhão, e a quitação do termo de compromisso celebrado com a Petros, no valor de US$ 250 milhões. Além disso, também projeta que a dívida da petroleira brasileira será impactada negativamente pela entrada em operação da plataforma de Sépia.

Quer aprender a investir em criptoativos de graça, de forma prática e inteligente? Nós preparamos uma aula gratuita com o passo a passo. Clique aqui para assistir

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.