Petrobras: o que os analistas acharam dos indicados do governo para o Conselho de Administração da estatal?

Analistas veem indicações como positivas, mas diversas incertezas ainda rondam a estatal; confira o perfil dos indicados

Equipe InfoMoney

(Divulgação Petrobras)

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SÃO PAULO – Depois da debandada de conselheiros na semana passada, a Petrobras (PETR3;PETR4comunicou ao mercado na manhã desta segunda-feira (8) que recebeu ofícios do Ministério de Minas e Energia e do Ministério da Economia com seis indicações para membros do conselho de administração, para avaliação na próxima assembleia geral extraordinária.

As indicações vêm depois que cinco membros do colegiado da estatal anunciaram na semana passada que não desejariam continuar em seus postos.

A renúncia veio na sequência da indicação pelo governo Jair Bolsonaro de um novo presidente para a companhia, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, que deverá ter o nome apreciado pelos conselheiros, de acordo com as regras de governança da companhia. Além desses, o atual presidente-executivo Roberto Castello Branco, também é conselheiro e deixará o colegiado –ele tem mandato até 20 de março.

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Os novos nomes serão apreciados em assembleia geral extraordinária de acionistas, que ainda não tem dada marcada, segundo a empresa.

A Petrobras disse que os ofícios indicaram a recondução do atual presidente do conselho, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e de Ruy Flaks Schneider, ambos oficiais da reserva da Marinha. O governo ainda indicou como novidades no conselho o próprio Joaquim Silva e Luna, além de Márcio Andrade Weber, Murilo Marroquim de Souza e Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, esta última indicada pelo Ministério da Economia.

A União ainda pode realizar mais duas indicações de membros ao Conselho de Administração da companhia.

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O Credit Suisse apontou que a escolha dos nomes foi positiva. “Foram escolhidos três novos nomes, todos com experiência na indústria de óleo e gás e no setor privado. Outros três nomes, todos ligados ao segmento militar, já eram conhecidos”, avaliam os analistas em breve nota.

O Bradesco BBI também aponta que as indicações são tecnicamente sólidas e há uma leitura positiva. De qualquer forma é preciso esperar e ver como esta nova diretoria irá lidar com as mensagens vindas do governo federal.

Assim, apesar de verem a notícia como positiva, os analistas seguem céticos com a estatal em meio aos sinais de maior interferência do governo. Tanto Credit quanto BBI possuem recomendação equivalente à venda para os ativos.

A XP Investimentos, que também possui a mesma recomendação de venda para o papel, destaca que esse assunto será monitorado de perto pelos investidores, assim como a alta dos preços do petróleo. O brent chegou a atingir os US$ 70 o barril na manhã desta segunda-feira, alta esta atribuída a um ataque ao maior terminal de petróleo do mundo na Arábia Saudita. Na semana passada, os preços das commodities já tinham subido com o acordo para manutenção do corte de produção pela Opep+, Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais aliados.

Da perspectiva da Petrobras, avaliam os analistas, a contínua alta dos preços do petróleo coloca pressão adicional sobre a política de preços de combustíveis da empresa. Cabe ressaltar que, nesta manhã, a Petrobras elevou o preço da gasolina em 8,8% e do diesel em 5,5% nas refinarias, com os preços passando a vigorar nesta terça-feira.

Na avaliação do Credit Suisse, apesar da notícia de reajuste ser positiva para a companhia em buscar a paridade de importação, a tensão política provavelmente persistirá (veja mais clicando aqui) e seguirá rondando a estatal.

Confira abaixo o perfil dos candidatos ao Conselho: 

O atual presidente do conselho, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira foi indicado para recondução ao cargo. Segundo o comunicado, ele é almirante de esquadra da reserva e foi comandante da Marinha do Brasil até janeiro de 2019. Além da Escola Naval, Eduardo Leal Ferreira fez cursos de pós-graduação na Escola de Guerra Naval do Brasil e na Academia de Guerra Naval do Chile. Entre os cargos que exerceu estão o de capitão dos Portos do Rio de Janeiro e diretor de Portos e Costas. Ele foi comandante da Escola Naval, da Escola Superior de Guerra e comandante-em-chefe da Esquadra Brasileira.

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a presidência da Petrobras, o general de Exército da reserva Joaquim Silva e Luna também é indicado do governo para o conselho. Atualmente, é diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional. Silva e Luna serviu no Ministério da Defesa de março de 2014 a janeiro de 2019, como secretário-geral e como Ministro da Defesa. Ele se graduou na Academia Militar das Agulhas Negras em Arma de Engenharia, fez doutorado em ciências militares, mestrado em operações militares, pós-graduação em projetos e análise de sistemas pela Universidade de Brasília e em política, estratégia e alta administração do Exército, curso de oficial de comunicações, na Escola de Comunicações e curso de guerra na selva, realizado no Centro de Instrução de Guerra na Selva.

O oficial de reserva da Marinha Ruy Flaks Schneider acumula os cargos de presidente do Conselho de Administração da Eletrobras e da Liga da Reserva Naval do Brasil. Schneider cursou a Escola Superior de Guerra e se formou também como engenheiro industrial mecânico e de produção pela PUC-RIO, e como mestre em ciências de economia de engenharia pela Universidade de Stanford. Schneider é fundador e foi o primeiro diretor na PUC-RIO do Departamento de Engenharia Industrial. O oficial da marinha atuou como membro de conselhos de administração e fiscal de empresas como Xerox do Brasil, Banco Brascan de Investimento, Grupo Multiplan e INB Indústrias Nucleares do Brasil. Schneider também atuou como membro do conselho consultivo do mercado de capitais do Banco Central.

Márcio Andrade Weber é engenheiro civil formado pela UFRGS, com especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras, onde ingressou em 1976 e trabalhou por 16 anos, ocupando gerenciais e diretivos. Na área internacional da Petrobras, atuou em em Trinidad, Líbia e Noruega. Foi membro da diretoria de serviços da Braspetro (Petrobras Internacional) e Diretor da Petroserv. Foi CEO da BOS, joint venture entre duas empresas estrangeiras e Petroserv, onde foi diretor. Atualmente presta assessoria ao grupo PMI.

Murilo Marroquim de Souza é formado em geologia pela Universidade Federal de Pernambuco, com mestrado em geofísica pela Universidade de Houston, no Estados Unidos. Trabalha na indústria de petróleo há 47 anos, com experiência em mais de 20 países em América, Europa, África e Ásia. Ele trabalhou na Petrobras entre 1971 a 1994, onde ocupou funções gerenciais. Foi gerente geral da IBM na unidade de soluções para a indústria de petróleo na América Latina. Como consultor, trabalhou para ANP (Agência Nacional do Petróleo) e na Ipiranga. De 2001 a 2011 foi Presidente da Devon Energy do Brasil, e desde 2011 é Presidente da Visla Consultoria de Petróleo.

Sonia Julia Sulzbeck Villalobos foi indicada pelo Ministério da Economia, e já atuou no conselho de administração da Petrobras entre 2018 e 2020, eleita por acionistas detentores de ações preferenciais. Ela é bacharel em administração pública e tem mestrado em administração de empresas com especialização em finanças, ambos pela EASP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), da FGV, acumula os cargos de membro do conselho de administração da Telefônica do Brasil e da LATAM Airlines Group, Tricolor Pinturas e Fanaloza/Briggs (Chile), Milkaut e Banco Hipotecario (Argentina).

Leia também: Quais são as consequências da debandada de conselheiros da Petrobras?

Villalobos tem experiência no mercado acionário brasileiro. Ela trabalhou na Equipe DTVM, no Banco Iochpe, no Banco Garantia como chefe do departamento de análise de investimentos, na Bassini, Playfair & Associates, na Larrain Vial e Lanin Partners. Desde 2016, é professora do Insper na pós-graduação Lato Sensu nas matérias de gestão de ativos e análise de demonstrações financeiras. Ela também atuou como membro do Conselho de Administração da TAM Linhas Aéreas, Método Engenharia (Brasil), Tricolor Pinturas e Fanaloza/Briggs (Chile), Milkaut e Banco Hipotecario (Argentina). Foi membro do Conselho de Administração da Petrobras de maio de 2018 até julho de 2020, eleita por acionistas detentores de ações preferenciais.

(Com Reuters)

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