Petrobras cai 15% em 7 pregões e Ecorodovias “se salva”; bancos aliviam queda com rumor sobre CSLL

Confira os destaques do pregão desta sexta-feira

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa tem queda nesta sexta-feira (21), em dia de “sell-off” das bolsas internacionais, que despencam por conta de dados mais fracos do que o esperado no PMI (Índice Gerente de Compras, na sigla em inglês) da indústria da China. 

Contribui para o desempenho negativo do índice as ações da Petrobras, que caem pelo sétimo pregão seguido, além dos papéis da Vale e Ambev, que recuam mais de 1%. Os bancos, por sua vez, que operavam no negativo viraram para alta com a notícia de que o texto da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) não deve passar. 

Na outra ponta, as ações da Ecorodovias “se salvam” do dia negativo no mercado e registram fortes ganhos pelo segundo pregão, embaladas por revisão para cima em sua recomendação. 

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Confira abaixo os principais destaques da Bovespa nesta sexta-feira, segundo cotação das 14h (horário de Brasília):

Bancos
As ações do setor têm alívio após notícia de que deputados e senadores se articulam para derrubar o texto da senadora Gleisi Hoffamnn que prevê aumentar a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para 23%, segundo fonte informou à Bloomberg. Neste momento, as ações do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,21, -0,49%), Bradesco (BBDC3, R$ 24,88, -1,27%BBDC4, R$ 23,18, -0,98%) e Banco do Brasil tinham leves ganhos, destoando do movimento da maior parte das ações do Ibovespa.

As mudanças no texto da Medida Provisória 675 propostas pela relatora, Gleisi Hoffmann, com elevação da alíquota causaram polêmica. Em meio às divergências, deputados e senadores estariam se articulando na comissão mista para incluir emenda ao relatório. Segundo a fonte, a estratégia seria destacar essa emenda para votá-la separado na comissão mista, assim ela não iria para votação na Câmara com a alíquota original proposta pelo governo.

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Mais cedo, pressionava o setor a notícia de que o Credit Suisse manteve sua recomendação “underweight” (abaixo da média) em relação ao Brasil, e acabou por rebaixar sua recomendação com bancos brasileiros também para underweight ao ver a qualidade dos ativos deteriorada após os resultados do segundo trimestre. Por outro lado, há mais otimismo para cinco setores: financeiro não-bancário, bens de capital, educação, telefonia e de alimentos e bebidas.

Saraiva (SLED4, R$ 2,89, -6,77%)
As ações da companhia voltam a cair após um respiro nos últimos pregões. Na terça-feira a companhia fechou no menor patamar desde 2000. Desde o topo deste ano, registrado em junho, até hoje, as ações acumulam perdas de cerca de 50%.

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PDG Realty (PDGR3, R$ 0,14, -6,67%)
A Moody’s rebaixou os ratings corporativos da PDG para Caa3 na escala global e Caa3.br na escala nacional brasileira, ante B3 e B1.br, respectivamente. A perspectiva para todos os ratings permanece negativa. “O rebaixamento foi motivado pela percepção da Moody’s de um crescente risco de crédito após a PDG ter anunciado que iniciou um processo de reestruturação de dívida, que incluirá a renegociação de vários de seus acordos contratuais. Esses eventos prenunciam mudanças substanciais na estrutura da dívida da companhia, que podem implicar em perdas elevadas para os atuais credores com e sem garantia”, disse a agência.

Por outro lado, a Moody’s acredita que a PDG continua totalmente comprometida em encontrar uma solução para sua insustentável estrutura de capital e está buscando vigorosamente opções para melhorar a liquidez.

Petrobras (PETR3, R$ 9,39, -3,10%; PETR4, R$ 8,45, -3,21%)
A estatal volta a cair nesta sexta acompanhando o preço do petróleo, que cai forte nos EUA. O petróleo Brent, utilizado pela companhia, recua 1,46%, cotado a US$ 45,49. Com as perdas de momento, a Petrobras caminha para fechar a semana com queda de mais de 9%, enquanto no acumulado de 7 pregões as perdas são de 15%.

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Educacionais
Após subirem fortes com os resultados do segundo trimestre, especialmente a Kroton, as companhias educacionais voltam a cair na Bolsa nesta sexta-feira. Dentro do Ibovespa, Kroton (KROT3, R$ 9,33, -3,22%) e Estácio (ESTC3, R$ 12,07, -2,58%) caem forte, enquanto fora do índice a Anima (ANIM3, R$ 13,02, -3,84%) e Ser (SEER3, R$ 10,17, -4,15%) também recuam.

No noticiário da Ser, destaque ainda para o anúncio que a companhia substituirá seu Diretor Financeiro a partir da próxima segunda-feira (31). O conselho de administração elegeu interinamente Rodrigo Alves, atual Diretor de Relações com Investidores, para ocupar o cargo de Nazareno Habib Ouvidor Bichara.

Even (EVEN3, R$ 3,13, +2,29%)
A companhia foi informada de que alguns membros da administração da empresa foram procurados por fundos de investimento interessados na aquisição de participação acionária na companhia, no contexto da eventual formação de um bloco de acionistas vinculados por um acordo.

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CSN (CSNA3, R$ 3,06, -3,16%)
A CSN nomeou Bradesco e Banco do Brasil para vender a Sepetiba Tecon, que opera um terminal de contêineres no porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro, por cerca de R$ 1 bilhão, segundo fontes disseram à Bloomberg. Além disso, o Credit Suisse teria sido contratado para vender a participação da CSN na Usiminas por cerca de R$ 1,5 bilhão. Vale lembrar que Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, disse no mês passado que a companhia quer vender ativos de menor retorno ainda neste ano.

Enquanto isso, os metalúrgicos da CSN em Volta Redonda decidiram, em votação durante assembleia, entrar em estado de greve. Mais de 71% dos trabalhadores aprovaram a proposta sugerida pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense.

Participaram da votação 4.269 trabalhadores. Agora, o sindicato vai enviar à empresa um ofício comunicando oficialmente o resultado da assembleia. “O resultado da votação foi o que esperávamos. Os trabalhadores estão indignados com a postura da CSN no acordo coletivo. Queremos, no mínimo, a reposição da inflação. Se a empresa não apresentar uma proposta, a única maneira de pressionar é com a greve”, disse Silvio Campos, presidente do sindicato.

Ecorodovias (ECOR3, R$ 6,26, +1,46%)
A Ecorodovias começa o pregão desta sexta-feira como a maior alta do Ibovespa após ser elevada de neutra para “overweight” (classificação para acima da média do mercado) pelo JP Morgan

Suzano (SUZB5, R$ 16,98, -1,16%)
A Suzano comunicou que o departamento de comércio dos EUA proferiu decisão preliminar, em processo de investigação de dumping nas importações de alguns tipos de papel não revestido provenientes da Austrália, Brasil, China, Indonésia e Portugal.

A decisão fixou preliminarmente uma taxação antidumping de 33,09% contra a companhia, a ser aplicada a partir da publicação oficial da decisão nos EUA, impactando, assim, as exportações da Suzano para o país, exclusivamente de papel não revestido cortado. A decisão final somente será proferida após a conclusão das investigações e, em qualquer caso, sem prejuízo da Suzano solicitar as revisões previstas na legislação pertinente.

Even (EVEN3, R$ 3,18, +3,92%)
A companhia comunicou que foi informada de que alguns membros da administração da empresa foram procurados por fundos de investimento interessados na aquisição de participação acionária na companhia, no contexto da eventual formação de um bloco de acionistas vinculados por um acordo.

Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 62,86, -1,47%)
O Grupo Pão de Açúcar informou na noite de quinta-feira que deverá pagar, com sua holding controladora Wilkes Participações, R$ 212,46 milhões à Morzan Empreendimentos, na sentença final relativa ao procedimento arbitral que teve início em 2012. A Morzan é empresa que representava o Ponto Frio, adquirido pela varejista em 2009. O valor total será corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais juros de 12% ao ano.

O Pão de Açúcar informou em 2012 que o processo envolvia a compra de 86.962.965 ações ordinárias da Globex (Ponto Frio) – equivalentes a cerca de 70% da companhia de eletroeletrônicos, pela Mandala, subsidiária do Pão de Açúcar, em 8 de junho de 2009. O Grupo também não informou as motivações da Morzan para entrar com o pedido de arbitragem, acrescentando que os termos do contrato firmado em 2009 eram confidenciais.

TIM (TIMP3, R$ 8,85, -3,38%)
A operadora de telecomunicação inicia a sexta-feira com forte queda após ser rebaixada de compra para neutra pelo Bank of America.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.