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SÃO PAULO – Os bancos foram novamente o grande destaque da temporada de balanços corporativos do Brasil do quarto trimestre, que teve seu fim oficial na semana passada. O ritmo de crédito voltou a apresentar aceleração no último trimestre de 2013 e as carteiras dos três grandes bancos – Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Santander (SANB11) – somadas, atingiram R$ 962,8 bilhões, crescimento de 10,8% na comparação anual, contra avanço de 7,1% verificado em 2012, segundo levantamento feito pelo BB Investimentos
No acumulado do ano, o lucro líquido dessas três instituições alcançou R$ 33,8 bilhões, crescimento de 7,3% na comparação anual, beneficiado principalmente pelo avanço do Itaú, que encerrou 2013 com lucro líquido gerencial de R$ 15,8 bilhões – maior da sua história – e compensou a queda verificada no Santander. Já nos demais bancos, que incluem bancos médios e de nicho, os resultados foram mistos, com destaque para BTG Pactual (BBTG11), que voltou a apresentar resultado positivo após um ano desafiador, comentou o BB Investimentos.
Apesar do bom resultado no trimestre, quando olha-se para o ano como um todo, o setor perdeu R$ 222 milhões na comparação com 2012, segundo cálculos da Economatica, que leva em consideração os 25 bancos listados na Bovespa. O lucro do setor bancário em 2013 ficou em R$ 45,52 bilhões, contra R$ 45,7 bilhões no ano anterior. O responsável por esse recuo foi o Santander, que fechou 2013 com lucro de R$ 3,82 bilhões, frente a R$ 5,44 bilhões registrados em 2012.
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Na ponta oposta, aparece o setor de petróleo e gás, com destaque para o resultado anual da Petrobras, ficou levemente abaixo das expectativas dos analistas do BB, que era de R$ 24 bilhões de lucro líquido contra R$ 23,6 bilhões reportados.
Maiores lucros e prejuízos de 2013
Apesar de ficar abaixo do projetado, o lucro da Petrobras foi o maior de 2013, segundo cálculos da Economatica, seguido pelo do Itaú Unibanco (R$ 16,424 bilhões), Bradesco (R$ 12,011 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 10,438 bilhões).
Entre os maiores prejuízos do ano, a OGX Petróleo (OGXP3) liderou as perdas, com R$ 17,435 bilhões em 2013 – o maior entre as companhias de capital aberto da América Latina e Estados Unidos em 2013 e o maior da Bolsa brasileira desde 1986, segundo a Economatica.
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Na sequência, figuram a Eletrobras (ELET3; ELET6), HRT Petróleo (HRTP3), MMX Mineração (MMXM3) e Eneva (ENEV3), que registraram prejuízos de R$ 6,287 bilhões, R$ 2,238 bilhões, R$ 2,057 bilhões e R$ 942 milhões, respectivamente, em 2013.
Maiores lucros de 2013 | Maiores perdas de 2013 | ||||
Empresa | Ticker | Lucro (em milhões – R$) | Empresa | Ticker | Prejuízo (em milhões – R$) |
Petrobras | PETR4 | R$ 23.570 | OGX Petróleo | OGXP3 | R$ 17.435 |
Itaú Unibanco | ITUB4 | R$ 16.424 | Eletrobras | ELET6 | R$ 6.287 |
Bradesco | BBDC4 | R$ 12.011 | HRT | HRTP3 | R$ 2.238 |
Banco do Brasil | BBAS3 | R$ 10.438 | MMX Mineração | MMXM3 | R$ 2.057 |
Ambev | AMBV3 | R$ 9.535 | Eneva | ENEV3 | R$ 942 |
Telefônica Brasil | VIVT4 | R$ 3.716 | Marfrig | MRFG3 | R$ 914 |
Cemig | CMIG4 | R$ 3.104 | Gol | GOLL4 | R$ 797 |
Cielo | CIEL3 | R$ 2.674 | Fibria | FIBR3 | R$ 706 |
BTG Pactual | BBTG11 | R$ 2.478 | Biosev | BSEV3 | R$ 450 |
BB Seguridade | BBSE3 | R$ 2.474 | Itautec | ITEC3 | R$ 388 |
Fonte: Economatica |
Setor a setor
No consolidado de 2013, o lucro das 313 empresas de capital aberto brasileiras foi de R$ 126,49 bilhões, contra R$ 130,95 bilhões em 2012, o que representa uma queda de R$ 4,46 milhões ou 3,4% entre os anos, de acordo com a Economatica.
O setor de maior crescimento nominal no ano foi o de construção, representando por 19 empresas. As construtoras passaram de prejuízo de R$ 556 milhões em 2012 para lucro de R$ 3,61 bilhões em 2013.
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No quarto trimestre, o resultado das construtoras também foi positivo, segundo o BB, dando uma clara sinalização de que 2014, apesar dos desafios de uma agenda mais apertada para lançamentos e vendas, será um ano de balanços mais equilibrados, com níveis de rentabilidade retomando os patamares históricos. O BB chamou atenção para os balanços da Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3). Ambas apresentaram consistentes resultados no quarto trimestre, mas o que chamou mais atenção foi a estratégia de compra de terrenos mais agressivas por parte dessas incorporadoras nas praças onde atuam, reflexo de uma situação financeira mais sólida que a dos pares e cujo movimento pode ser entendido como de liderança estratégica para o novo ciclo de investimentos no setor, comentaram os analistas.
Por outro lado, o setor mais afetado foi o de mineração, que fechou 2013 com prejuízo de R$ 1,912 bilhões, contra lucro de R$ 8,987 bilhões em 2012, queda de R$ 10,899 bilhões. A Vale (VALE3; VALE5), principal empresa do setor na Bovespa, teve lucro de R$ 115 milhões em 2013, contra ganhos de R$ 9,73 bilhões um ano antes.
No trimestre, o BB comentou que o resultado operacional da Vale foi sólido e, para o início deste ano, a mineradora deve se beneficiar pelos fortes volumes de importação de minério de ferro da China, mas que podem ser parcialmente compensados por um preço médio praticado – em dólar – menor.
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Já na comparação ano a ano, quem mais perdeu foi o setor elétrico, que viu seu lucro sair de R$ 7,01 bilhões em 2012 para R$ 5,469 bilhões em 2013, queda de R$ 1,91 bilhões.
Confira a análise do BB para cada setor no 4° trimestre:
Setor | Análise* | Comentário |
Bancos | Positivo | Melhora na qualidade da carteira de crédito e queda nas despesas de provisões para devedores duvidosos |
Financeiro | Positivo | Resultados consistentes, com destaque para Cielo (CIEL3) e Smiles (SMLE3); o lado negativo ficou por conta da Multiplus (MPLU3), com nova queda na quantidade total de pontos emitidos |
Siderúrgicas | Misto | Segmento de aços planos foi influenciado pela fraca demanda no mercado interno, enquanto o de longos ainda permanece aquecido |
Mineração | Positivo | Vale apresentou um sólido resultado operacional, não só na linha de bulk materials, como também na de metais básicos |
Papel e celulose | Positivo | A recuperação na Europa e a crescente demanda na Ásia contribuíram positivamente para o resultado das companhias que, somado à estabilidade de preços que foram influenciados positivamente pela desvalorização cambial, resultaram na melhora de margens e geração de caixa. |
Frigoríficos | Positivo | Resultados influenciados positivamente pelo efeito cambial nas receitas líquidas, mas adversamente no aumento das despesas financeiras das companhias. |
Petróleo e Gás | Levemente fraco | O destaque foi o resultado anual da Petrobras, levemente abaixo das expectativas; o principal impacto positivo do resultado decorreu do menor volume de importações de derivados, principalmente pela elevação da capacidade de refino interno e do impacto dos reajustes de preços ao longo do ano |
Construtoras | Positivos | De forma geral, houve clara sinalização de que 2014, apesar dos desafios de uma agenda mais apertada para lançamentos e vendas, será um ano de balanços mais equilibrados, com níveis de rentabilidade retomando os patamares históricos |
Industrial | Desafiador | Trimestre desafiador, característica que marcou todo o ano de 2013 |
Concessões | Positivo | Bom trimestre, com o tráfego de veículos equivalentes surpreendendo positivamente |
*Análise e comentários retirados de relatório do BB Investimentos |