Paralisação do Ibama pode atrasar planos da PRIO (PRIO3): qual o impacto para as ações?

Petrolífera depende de licença para projeto que ampliará sua capacidade de produção diária em 40 mil barris

Camille Bocanegra

Publicidade

Funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) seguem em nova fase de paralisação de atividades e suspenderam a emissão de licenças de obras e de autorizações de supressão de vegetação.

Para a PRIO (PRIO3), o principal impacto seria no início da perfuração do campo de Wahoo, na Bacia de Campos. O projeto tem previsão de adicionar 40 mil barris de petróleo à produção diária da companhia. A nova iniciativa depende de licença de perfuração e interligação da Frade-Wahoo, além de licença para perfuração de novos poços em Albacora.

“O plano de desenvolvimento da PRIO para 2024 prevê paradas para manutenção nos campos de Frade e Albacora no 1º semestre de 2024, mas principalmente a perfuração do campo de Wahoo (3-4 poços), com a interligação no FPSO de Frade. Ambas as atividades requerem licenças ambientais do Ibama”, destaca o JPMorgan.

Continua depois da publicidade

A companhia já conta com embarcações contratadas para trabalhar na área, uma vez que após a licença de perfuração, a PRIO teria cerca de 70 dias de perfuração e conclusão para cada pço no campo (seriam 3 a 4 poços).

Para o JPMorgan, a ideia de adiar o Wahoo não é tão ruim quanto parece e pode oferecer uma oportunidade de compra para os papéis da petrolífera. A participação da Wahoo no plano de desenvolvimento de 2024 é ambivalente porque, se contribui fortemente para o crescimento da produção, também seria responsável por 48,5% do gasto de capital (Capex) no ano.

Na visão do banco estrangeiro, o adiamento do projeto significa também menor Capex em 2024 como consequência da possível suspensão e isso se traduziria em impacto de R$ 3,00 por ação em seu valor justo. Mesmo assim, o potencial de valorização seguiria em 42%. Na hipótese de não se realizar o projeto no cronograma esperado, o banco projeta que o valor justo da companhia cairia de R$ 66,00 por ação para R$ 63,00 e que o fluxo livre de caixa (FCF, na sigla em inglês) diminuiria de 15% para 13,7%.

Continua depois da publicidade

A PRIO segue como um dos nomes preferidos para o JPMorgan, que recomenda que investidores aproveitem o movimento de baixa para aquisição de papéis (que caíram 4,2% na sessão de ontem). O banco classifica o nome como overweight (exposição acima da média, similar à compra), com preço-alvo estabelecido em R$ 66,00, negociando a 3,1 vezes a relação entre valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/EBITDA, na sigla em inglês).

Leia também:

Os preparativos da PRIO para adicionar 40 mil barris à sua capacidade de produção diária

Publicidade

De acordo com o Itaú BBA, a notícia da suspensão da emissão de licenças poderia afetar projetos de infraestrutura significativos, incluindo perfuração e instalações offshore. “Se essa greve realmente acabar afetando a emissão de todas as novas licenças pelo Ibama, e dependendo da duração da greve, isso poderia impactar a linha do tempo do projeto e, consequentemente, o esperado primeiro óleo (entre julho e agosto)”, explica o BBA.

Ainda assim, o banco tem confiança na concessão de licenças de perfuração e lançamento para a Wahoo, apenas colocando em dúvida quando ocorrerá. A análise também destaca as preocupações de investidores em relação à linha do tempo do projeto, considerando que a Wahoo representa grande parte do crescimento esperado na produção da PRIO em 2024. O BBA mantém a recomendação outperform (perfomance superior ao índice, similar à compra), com preço-alvo estabelecido em R$ 58,00.

Mesmo com perda de R$ 1,6 bilhão em valor de mercado com a queda dos papéis na sessão de ontem, o BTG Pactual vê a reação como exagerada e acredita que seja um bom ponto de entrada para o nome. A análise destaca que é muito cedo para estimar quando a paralisação se encerrará, mas o banco considera possível que acontecerá em um horizonte mais curto.

Continua depois da publicidade

“Nas nossas estimativas, a queda do preço das ações de 4,2% só seria justificada se o início das operações do campo fosse adiado por 15 meses em relação ao plano atual (julho-agosto de 2024). É muito cedo para avaliar quando terminará a paralisação do Ibama, mas achamos justo dizer que isso deverá acontecer em um horizonte mais curto”, entende o banco, que destaca a possibilidade do nome apostar em acelerar esforços de perfuração em outros campos, se essa hipótese se concretizasse.

O BTG destaca também que a PRIO apresenta maior yield de geração de caixa (FCFE, na sigla em inglês) mesmo sem Wahoo, com ações negociadas a 11% o FCFE. O valor é considerado injustificado em relação ao histórico e o potencial da companhia. As projeções do banco são vistas como conservadoras para o nome e que “quase não dão o benefício da dúvida de que a empresa poderá nos surpreender positivamente nos campos de Albacora Leste, Frade e Polvo TBMT”.

Após queda significativa na sessão de ontem, os papéis subiam 1,80% às 12h15 (horário de Brasília) da manhã desta quinta-feira (11), cotados a R$ 45,20.

Publicidade

Em nota ao InfoMoney, a PRIO destacou que o licenciamento ambiental referente ao campo de Wahoo está bem avançado. A paralisação anunciada pelo Ibama no início de 2024, dependendo da duração, pode impactar o cronograma de perfuração, uma vez que a PRIO aguarda o licenciamento para iniciar a operação. “Apesar disso, a companhia afirma que não haverá impacto na data prevista para a retirada do primeiro óleo, que se mantém no fim de julho/agosto”, finalizou.