Para analistas, IPCA-15 veio em linha com o esperado, mas preços de energia preocupam

O indicador teve alta de 1,17% em novembro frente a outubro, maior valor para o mês desde 2002

Mitchel Diniz

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O mercado recebeu sem muita surpresa a prévia da inflação de novembro, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15). O indicador divulgado na manhã de hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve alta de 1,17% em novembro frente outubro – o maior valor para o mês desde 2002, quando ficou em 2,08%. Mesmo assim veio praticamente em linha com que os economistas projetavam – um avanço de 1,1%.

“O IPCA-15 subiu 1,17% em novembro, um pouco acima da nossa estimativa e da mediana das expectativas de mercado (1,16% e 1,13%), impulsionado pelas fortes altas nos preços dos combustíveis. O índice de preços anual subiu para 10,73%, de 9,57% um mês antes”, destaca Tatiana Nogueira, economista da XP.

Ela avalia que os serviços surpreenderam para o lado negativo, enquanto os preços industriais subiram mais do que o projetado. Os desvios, diz Tatiana, concentraram-se na alimentação fora do domicílio e nos cuidados pessoais, itens geralmente voláteis.

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“Os itens que repetem a variação da prévia para o IPCA não surpreenderam, com pouca variação em nossa projeção para o IPCA de novembro, em 1,03%. Calibraremos nossas projeções e em breve lançaremos possíveis revisões. Por enquanto, mantemos estimativa do IPCA em 10,1% em 2021”, escreveu a analista.

Vale lembrar que os economistas consultados semanalmente pelo Banco Central, no Relatório Focus, também já estão prevendo inflação de dois dígitos ao final de 2021. Ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também falou em desancoragem nas expectativas de inflação para 2022, que tem ganhado terreno nas últimas semanas.

“Achamos que é muito importante perseguir a meta de inflação, entendendo as limitações de uma crise que tem quase nenhum precedente, mas entendendo que a disseminação através das cadeias de preços tem sido muito mais intensa do que antecipávamos”, afirmou durante um evento do Bank of America.

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Comentário da CM Capital destaca que a política monetária não tem capacidade de modificar a trajetória dos preços administrados, que são fixados por agências regulatórias.

“Portanto, alterar a taxa de juros para modificar a inflação gera impacto sobre um grupo específico dos bens, os chamados núcleos da inflação, que, com o resultado de novembro acumulam inflação de 6,62% em 12 meses, acima da meta para a inflação definida pelo Banco Central do Brasil, que está fixada em 3,50% em 2022”, diz o texto.

Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, destacou justamente a participação dos combustíveis na variação do índice. “Com a gasolina acumulando alta de 48% em dois meses, o resultado dos transportes foi fortemente impactado e apresentou uma variação de 2,89%. Esse peso mostra que se o petróleo não cair e o dólar não ceder, teremos uma dificuldade no controle da inflação cada vez maior”, afirma.

Os contratos de Juros DI, que dispararam nas últimas divulgações do IPCA, reagiram o índice de hoje com tendência de queda. “Não houve tanto impacto na curva de juros, que abriu em baixa, ainda repercutindo o tom mais dovish do presidente do Banco Central durante discurso ontem e também pela melhor perspectiva de avanço nas negociações da PEC dos Precatórios”, Alexsandro Nishimura, economista, sócio da BRA.

“Apesar da alta no índice, ele não trouxe exatamente nenhuma novidade. Em termos agregados, sabemos que a inflação segue persistente. Gasolina e gás continuam tirando o sono do brasileiro”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton. “Como não traz exatamente nenhuma novidade, o impacto tende a ser limitado”.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados