“Papa” do valuation, Damodaran diz que vai voltar a comprar ações da Amazon e do Facebook, hoje Meta

Em seu blog, professor da New York University disse que os papéis do Facebook parecem ser os mais abaixo do preço justo na comparação com outras FANGAMs

Bruna Furlani

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Após a queda recente nos preços de alguns papéis de tecnologia, que foram bastante penalizados, Aswath Damodaran – um dos nomes mais aclamados do mercado financeiro, considerado uma espécie de “papa do valuation“ – afirma que revisitou as planilhas e vai voltar a comprar ações do Facebook (FBOK34), hoje rebatizado como Meta, e da Amazon (AMZO34).

Em um longo texto publicado em seu blog, o professor de finanças na Stern School of Business, da New York University, ressaltou que dentre as seis FANGAMs (Facebook, Amazon, Netflix, Google, Apple e Microsoft) os papéis do Facebook parecem ser os mais abaixo do preço justo.

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Ele destaca que a companhia sempre foi conhecida como um plataforma de milhões de pessoas, que depois passou a usar parte dos dados coletados dos usuários para focar em publicidade.

Após escândalos envolvendo a divulgação de dados privados de usuários, a companhia passou por um processo de redefinição que levou à mudança de nome para Meta. A alteração pode ter ajudado, em certa medida, mas os desafios que envolvem a privacidade digital e as ameaças regulatórias seguiram causando impacto na receita, que cresceu menos no último trimestre.

Embora o cenário siga desafiador para a empresa, o guru do valuation afirma que as margens operacionais da Meta continuaram “intactas” e que estão entre as maiores na comparação com outros negócios americanos. De olho no preço, o professor diz que comprará as ações da empresa porque estão baratas, apesar de sua “história confusa e dos problemas de curto prazo”.

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Em uma simulação de valores, a mediana do preço-alvo dos papéis da Meta poderia chegar a US$ 326,52 contra os US$ 214,67 registrados às 16h (horário de Brasília). Ou seja: as ações poderiam obter uma valorização de mais de 50%.

Amazon

Outro papel que também está no radar de Damodaran é o da Amazon, considerado subavaliado. Para ele, a plataforma de disrupção do varejo da empresa continua funcionando bem e vem apresentando crescimento contínuo e melhora de margem.

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Embora atitudes de reguladores possam atrapalhar os planos da empresa, o alcance e a presença da Amazon em diferentes frentes de negócios e nos locais mais variados devem limitar o impacto dessa postura regulatória mais incisiva.

Segundo ele, nos últimos cinco anos, as margens da companhia subiram muito e a empresa está conseguindo consolidar o que ele chama de uma trajetória de lucro. Após comprar e vender cerca de quatro vezes os papéis da Amazon nos últimos 20 anos, Damodaran disse que está feliz em adicioná-la de volta ao portfólio.

Simulações feitas pelo professor apontam que a mediana do preço-alvo das ações da Amazon estaria em US$ 3.398,04. O valor é levemente superior à cotação de US$ 3.159, vista por volta das 16h (horário de Brasília) de hoje.

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Netflix: papéis sobrevalorizados

Enquanto os papéis do Facebook são os que estão mais subvalorizados, as ações da Netflix são o oposto: segundo Damodaran, a companhia é a mais superavaliada entre as seis FANGAMs, apesar da queda recente no preço dos papéis após a divulgação de resultados.

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Em suas simulações, ele destacou que a mediana do preço-alvo para as ações da Netflix deveria estar em US$ 327,17, sendo que o valor hoje é de US$ 393,41, segundo cotação das 16h desta quarta-feira.

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Segundo Damodaran, a empresa remodelou os negócios de entretenimento e levou os concorrentes a jogar à sua maneira. O problema é que para crescer a sua base de assinantes, a companhia precisa gastar quantias cada vez maiores de dinheiro para criar conteúdo, e essa tarefa ficou mais difícil com a entrada da Disney na guerra dos streamings.

Aliado a isso, diz Damodaran, há o fato de que agora o número de usuários está começando a diminuir e atrair novos está se tornando cada vez mais caro. Nesse sentido, o desafio de fazer a roda girar se tornou maior para a Netflix. Por essa razão, o guru destaca que “não gosta da empresa”, mesmo com a queda recente dos papéis.

Microsoft e Apple

Ao contrário das demais ações de tecnologia, Damodaran pontuou que os papéis da Microsoft e da Apple não foram atingidos por tantas polêmicas. Segundo ele, a Apple parece ter encontrado uma maneira de ser um dos “mocinhos” na batalha pela privacidade, ao ter ajudado inclusive a punir o Facebook.

Apesar da visão mais positiva com a empresa, o guru contou que não detém mais papéis da Apple (AAPL34) na carteira e que deve esperar por uma queda nos preços para voltar a comprar as ações da companhia.

Já no caso da Microsoft (MSFT34), diz ele, a compra da Activision Blizzard é um avanço para torná-la a plataforma principal de negócios da empresa. Isso sem contar as demais plataformas digitais, como Office 365 e LinkedIn, que fornecem várias linhas de receita e possíveis oportunidades de vendas cruzadas, o que permitiria o crescimento contínuo da empresa com a sustentação de margens altas.

Com papéis da Microsoft na carteira, Damodaran diz que ainda vale a pena manter as ações. Mas suas simulações apontam que a mediana do preço-alvo da Microsoft estaria em US$ 276,79, abaixo dos US$ 300,45 cotados hoje.

Google

Ao falar sobre as ações da Alphabet (GOGL34), o professor disse que a empresa foi a que mais surpreendeu, ao apresentar alto crescimento e margens aumentadas, sugerindo que o Google continua “esmagando” a concorrência de publicidade online.

Por outro lado, ele destacou que as demais apostas da empresa seguem como investimentos que consomem muito caixa e entregam pouco valor. Por essa razão, o professor informou que nunca teve os papéis e que não planeja adicioná-los ao preço atual.

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