Pague Menos (PGMN3) salta após resultado e fecha com ganhos de cerca de 4%, com analistas atentos aos efeitos da Extrafarma

Entre o lado negativo, analistas destacam que as duas marcas da companhia perderam participação de mercado no quarto trimestre

Vitor Azevedo

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As ações ordinárias da Pague Menos (PGMN3) fecharam com alta de 3,86%, a R$ 3,50, nesta terça-feira (7), após a companhia ter divulgado na véspera seu balanço do quarto trimestre de 2022. No começo do pregão, o avanço dos papéis chegou a ser de 8%; posteriormente, os papéis diminuíram bem os ganhos, mas ainda fecharam com ganhos expressivos.

Analistas destacaram, principalmente, os resultados da aquisição da Extrafarma no documento da Pague Menos, mas houve, também, alguns pontos negativos.

“Os resultados da Pague Menos foram amplamente em linha nas receitas, mas com algumas batidas significativas na rentabilidade e com mensagens positivas sobre a captura de sinergias, às quais esperamos uma reação positiva do mercado”, comenta a equipe de analistas do Santander, liderada por Ruben Couto. “Destacamos a melhora de 2,3 pontos percentuais na margem bruta da Extrafarma no trimestre, reforçando a sólida execução na captura de sinergias”.

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De acordo com o banco, os resultados indicam que o gap operacional entre as divisões está fechando rapidamente, apesar de a fusão estar em um estágio inicial – a Pague Menos adquiriu a Extrafarma em meados de março do ano passado.

“A empresa está acelerando rapidamente o trabalho na Extrafarma. O crescimento das vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) autônomo nas unidades herdadas foi de 9,6% no ano, acima do legado da Pague Menos. A consolidação da Extrafarma contribuiu com R$ 533 milhões de receita no trimestre (19% do total), mas impactou negativamente a margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] em um ponto percentual”, acrescentam os analistas do Credit Suisse Mauricio Cepeda e Pedro Caravina.

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A aquisição adicionou 399 unidades ao portfólio da Pague Menos, que fechou 2022 com 1.116 lojas. Além disso, a companhia abriu 61 unidades no quarto trimestre e 118 ao longo do ano de forma orgânica.

“Do lado positivo, vemos a consolidação da Extrafarma e o ramp up de venda dessas lojas, de 9,1% na base anual. No negativo, ambas as marcas cresceram menos que o mercado no trimestre, com a Pague Menos avançando 12,3% e a Extrafarma, 8,3% contra 14,3% de crescimento do mercado, segundo a IQVIA”, debate o CS.

Apesar de a receita da Pague Menos, de R$ 2,8 bilhões, ter crescido 37% na base anual, os bancos destacam que alguns indicadores operacionais ficaram aquém do esperado. É o caso do ticket médio, que avançou 4,9%, e da receita por loja, com mais 3%. Ambos ficaram abaixo do crescimento da inflação, que foi de 5,8%.

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Para o Bradesco BBI, com equipe chefiada por Marcio Osako, o crescimento das vendas foi fraco, mas a Pague Menos trouxe uma boa expansão de margem Ebitda, de 0,6 ponto percentual, para 4,5%, com a forte expansão orgânica compensando o impacto negativo da Extrafarma, de 1,2 ponto percentual.

“A margem bruta aumentou 0,1 ponto percentual no ano, favorecida por um melhor mix de produtos, ganhos residuais de negociação relacionados a reajustes de preços e ajuste a valor presente (APV), embora compensados por maior participação em vendas digitais e parcerias. As despesas com vendas, gerais e administrativas tiveram diluições de 1,2 ponto porcentual e 0,7 ponto, respectivamente, de olho no controle de custos e maturação de lojas”, debatem.

Mesmo com alguns indicadores trazendo crescimento frustrante, as casas têm visão positiva para as ações da Pague Menos.

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“A empresa está bem posicionada em um mercado de crescimento consistente. A empresa está acelerando o ramp up da Extrafarma, mas o elevado endividamento pode impedir uma ação positiva das ações no curto prazo, apesar desse potencial”, comentou o Credit Suisse, que tem recomendação outperform (acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo em R$ 12,87.

O Bradesco BBI também pontua que a dívida líquida cresceu R$ 147 milhões no quarto trimestre, para R$ 1,16 bilhão, com capital de giro e maiores gastos financeiros. O banco brasileiro, porém, também tem recomendação outperform e preço-alvo em R$ 7.

“O lucro líquido, de R$ 46,5 milhões, superou em 23% nossas estimativas e 18% o consenso, impulsionado por um crédito de imposto de renda de R$ 63 milhões referente a juros sobre capital próprio, que mais do que compensou o resultado negativo antes dos impostos no consolidado”, comentou o Santander, que também está outperform, com alvo em R$ 6,50.