Pacote de R$ 165 bilhões do governo pode ter impacto positivo para bancos e varejistas, dizem analistas

Bancos com maior exposição a crédito consignado e varejistas de itens básicos tendem a ser beneficiados

Mitchel Diniz

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O pacote do governo que pretende injetar até R$ 165 bilhões na economia brasileira antes das eleições promete ser positivo para bancos e varejistas, na avaliação de alguns analistas. Entre as medidas anunciadas ontem, estão a antecipação de pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas da Previdência e a possibilidade de sacar até R$ 1 mil do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), até 15 de dezembro deste ano.

Para o UBS, os estímulos devem ajudar a diminuir o volume de empréstimos bancários não pagos (NPL, na sigla em inglês), melhorando a qualidade dos ativos das instituições financeiras. “Vemos essas medidas como positivas para a dinâmica da qualidade dos ativos dos bancos brasileiros no curto prazo, pois ajuda a postergar um esperado aumento na inadimplência”, escreveram os analistas Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Kaio Prato.

Eles ressaltam que a deterioração da qualidade de ativos dos bancos atualmente é a principal questão levantada por vários investidores e acreditam que a inadimplência tende a se normalizar durante o ano. O UBS observa que o índice de inadimplência já havia encerrado o quarto trimestre de 2021 abaixo do nível pré-Covid, de dezembro de 2019.

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“As medidas são particularmente positivas para os bancos com maior exposição ao crédito às famílias, principalmente o consignado, e às pessoas de baixa renda”, diz a análise.

O programa do governo também contempla um aumento de margem do empréstimo consignado para beneficiários do INSS, que passa de 35% da renda para 40%. “Essa expansão do limite deve estimular o crescimento do crédito consignado, que representa 19% do total de crédito às famílias, atrás apenas do crédito imobiliário, que representa 30%”, ressalta o UBS. O novo limite também impacta beneficiários de programas sociais, como o Auxílio Brasil.

Diante dessa análise, o UBS reforça a recomendação de compra para ações de quatro bancos: Bradesco (BBDC4), com preço alvo de R$ 28 para a ação BBDC4 (potencial de valorização de 32,2%); Itaú Unibanco (ITUB4), com preço alvo de R$ 30 (potencial de valorização de 14,7%); Banco Inter (BIDI11), com preço alvo de R$ 46 (potencial de valorização de 152,2%); e Nubank (NUBR33), com preço alvo de R$ 13 (potencial de valorização de 68%).

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O UBS também vê os estímulos do governo federal como “marginalmente positivos” para o varejo, levando em conta que as medidas podem aumentar a renda disponível dos brasileiros em 2022. Nesse caso, varejistas voltadas a categorias essenciais, como mantimentos, e orientadas à clientela de baixa renda, tendem a ser mais favorecidas. Os analistas Vinicius Strano, Rodrigo Alcantara e Igor Spricigo citam Assaí (ASAI3) e Carrefour Brasil (CRFB3) .

“A nosso ver, a aprovação do projeto não deve ter impacto relevante na originação sobre a folha de pagamentos, pois é voltado à população de baixa renda, que depende fortemente desses benefícios”, afirma análise do Bradesco BBI. O texto destaca os bancos com maior exposição ao crédito consignado: Banrisul, com 44,9% da carteira nessa modalidade de empréstimo; Banco Pan, com exposição de 44,5%; e Banco do Brasil, com 13,6% da carteira em crédito consignado.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados