Os 3 fatores que levaram o Ibovespa a subir 4,7% e o dólar a cair 2%, para R$ 5,72

Mercado registrou dia de euforia em meio aos resultados promissores de uma vacina contra o coronavírus

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta de 4,69% nesta segunda-feira (18) a 81.194 pontos, atingindo seu maior patamar de fechamento desde o dia 29 de abril, quando o principal índice da B3 encerrou o pregão cotado em 83.170 pontos. Foi também o maior ganho diário da Bolsa desde o dia 6 de abril, no qual a alta foi de 6,52%.

O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 34,235 bilhões. Nesta segunda, o vencimento de opções sobre ações hoje movimentou R$ 7,5 bilhões na B3 e incrementou a volatilidade do pregão.

Já o dólar comercial caiu 2,03% a R$ 5,7199 na compra e a R$ 5,7205 na venda. O dólar futuro para junho tem queda de 2,29% a R$ 5,727.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 10 pontos-base a 3,42%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de 16 pontos-base a 4,59% e o DI para janeiro de 2025 recuou 16 pontos-base a 6,61%.

Três fatores foram os responsáveis por essa euforia que tomou conta do mercado hoje:

Nova vacina

As ações da empresa americana de biotecnologia Moderna Inc, subiram 20% na bolsa de Nova York depois da companhia anunciar resultados positivos na primeira fase do desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus.

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Segundo a Moderna, duas doses administradas a 45 participantes de um teste foram capazes de estimular a produção de anticorpos pelos pacientes.

Este resultado envolve um número pequeno de pessoas. A empresa anunciou que deve realizar novos testes em julho que podem envolver 600 pacientes.

A Food and Drug Administration (FDA), órgão equivalente à Anvisa no Brasil, já autorizou a segunda fase dos testes. “A fase provisória 1, embora em estágio inicial, demonstra que a vacinação com o mRNA-1273 produz uma resposta imune da mesma magnitude que a provocada por infecção natural”, disse Tal Zaks, diretor médico da Moderna, em comunicado.

Falas de Powell

No domingo, o presidente Federal Reserve, Jerome Powell falou que a economia americana deve se recuperar gradualmente no segundo semestre e que as medidas de confiança só devem retornar aos níveis pré-crise após a chegada de uma vacina. O presidente do Fed afirmou ainda que não está sem munição para combater a recessão.

Powell ainda disse hoje ao Congresso dos EUA que o Fed está comprometido em usar todas as ferramentas possíveis para combater a recessão econômica causada pela pandemia de Covid-19.

Reaberturas econômicas

A Itália, que já registrou mais de 32 mil mortes por coronavírus, venceu o pico da pandemia e reabriu hoje comércios, bares, cafés, restaurantes e museus, em um retorno gradual à normalidade.

Não obstante, cuidados ainda serão tomados como a obrigatoriedade do uso de máscaras nas lojas e a distância mínima de um metro entre as mesas dos restaurantes.

Os EUA, que tiveram 93.263 mortes, também estão em processo de reabertura econômica. A expectativa é de que a flexibilização do isolamento social irá acelerar a recuperação da economia do país.

Em meio a esse otimismo, o presidente francês, Emmanuel Macron e a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciaram um plano de quatro pontos que inclui um fundo de ajuda de 500 bilhões de euros para os países mais afetados pela crise.

Mais notícias

No Brasil, as atenções estão voltadas para a condução da crise sanitária, após a saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, e ao desdobramento de revelações, feitas pelo empresário Paulo Marinho, envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e a Polícia Federal.

Entre os indicadores, o Relatório Focus do Banco Central mostrou que a mediana das projeções dos economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 convergiu para uma retração de 5,12%, ante uma queda de 4,11% prevista na semana passada. Para 2021 a expectativa foi mantida e crescimento de 3,2%.

A perspectiva é também de uma menor Selic ao final do ano, de 2,50% para 2,25%. Para 2021, foram mantidas as perspectivas de uma taxa básica de juros em 3,50%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial de inflação, também foi revisado para baixo, de 1,76% para 1,59% em 2020. Os economistas ainda cortaram as suas projeções para o IPCA em 2021 de 3,25% para 3,20%.

A projeção de dólar, por sua vez, passou de R$ 5 para R$ 5,28 em 2020 e de R$ 4,83 para R$ 5,00 em 2021.

Espera por novo ministro

O Brasil aguarda a escolha do novo ministro da Saúde após a saída de Nelson Teich na última sexta-feira, em meio à espiral de casos de coronavírus, com país apenas atrás dos EUA, Rússia e Reino Unido como epicentro global para a doença.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Jair Bolsonaro disse a aliados neste final de semana que não quer ser açodado na escolha do futuro ministro da Saúde que entrará no lugar de Teich. Por isso, cresce entre assessores do presidente a avaliação de que o general Eduardo Pazuello, ministro interino, ficará à frente da pasta por pelo menos mais uma semana.

Pazuello deve assinar um novo protocolo da pasta sobre o uso da cloroquina inclusive para pacientes com sintomas leves da doença. Esse foi o ponto que causou embate entre o antigo ministro, que ficou menos de um mês no cargo, e o presidente Jair Bolsonaro.

Com temor sobre os impactos do isolamento social na economia, o presidente também tem pedido a reabertura da economia, mesmo com o crescimento do número de casos e mortes causadas pela Covid-19. Dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil conta com 241.080 casos confirmados desde o início da pandemia e 16.118 óbitos.

Embate político

A semana começa também com a repercussão do relato do empresário Paulo Marinho ao jornal “Folha de S.Paulo”. Em entrevista publicada no domingo, o ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro afirmou que o senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, foi avisado sobre investigações da Polícia Federal realizadas em 2018 e que envolviam seu gabinete – na ocasião, Flavio ocupava o cargo de deputado estadual.

A Polícia Federal vai investigar essa denúncia, que deve ser absorvida pelo inquérito que já tratava das acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro sobre possível interferência de Jair Bolsonaro em investigações da PF.

Segundo informações da Folha, Marinho deve prestar depoimento, mas ainda não há uma data definida. Na entrevista, o empresário disse ter ouvido de Flávio que, em outubro de 2018, foi procurado por um delegado da PF e avisado sobre a Operação Furna da Onça, que investigava as “rachadinhas” na Assembleia do rio. Essa operação, segundo Marinho, teria sido postergada para ser deflagrada em novembro e, dessa forma, não atrapalhar a eleição de Jair Bolsonaro.

Noticiário corporativo

No cenário corporativo, o final da temporada de balanços está no radar. A Equatorial e a Marfrig divulgam os resultados do primeiro trimestre após o fechamento dos mercados. Na última sexta-feira, Cemig divulgou prejuízo de R$ 56,8 milhões e a Even registrou lucro líquido de R$ 36,3 milhões.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
AZUL4 29.87365 14.39
CVCB3 19.24171 12.58
BRKM5 14.9744 26.95
GOLL4 14.45672 12.43
MRVE3 13.82353 15.48

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BEEF3 -9.93746 12.96
SUZB3 -8.54986 41.18
KLBN11 -7.96134 20
MRFG3 -6.62393 13.11
JBSS3 -6.60094 21.79

Ainda no radar corporativo, a Vale comentou nota do Mining.com, em que apontou na semana passada que a cidade de Brumadinho suspendeu a licença de operação da Vale depois que agentes de saúde disseram que as atividades no local não respeitavam as regras de isolamento social. O município também interrompeu as obras de reparo da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, segundo a reportagem.

A Petrobras iniciou fases não vinculantes para venda Gaspetro e NTS, enquanto a JBS aumentou a produção nos EUA após reabertura de unidades. Por fim, a Cogna Educação aprovou a 6ª emissão de R$ 500 milhões em debêntures.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.