Os 3 cenários mais prováveis para a eleição dos EUA e como cada um irá impactar o mercado

Relatório feito pela XP traçou disputas de Trump com três democratas: Bernie Sanders, Pete Buttigieg e Michael Bloomberg

Rodrigo Tolotti

(Reprodução)

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SÃO PAULO – Apesar de pouco impacto no mercado financeiro por enquanto, a corrida eleitoral americana já começou e em apenas duas semanas já foi recheada de surpresas do lado democrata, que precisa definir quem será seu candidato a tentar tirar o posto de presidente de Donald Trump.

O que se viu neste início de primárias é que ainda existe uma grande divisão dentro dos democratas, com pelo menos quatro candidatos disputando a vaga (sem contar nomes que ainda não desistiram e a futura entrada de Michael Bloomberg).

Além disso, os resultados em Iowa e New Hampshire mudaram completamente a visão que existia até então para esta corrida eleitoral: o até então favorito Joe Biden começou mal e tem perdido muita força, enquanto o “esquecido” Pete Buttigieg mostrou que deve ser um dos principais concorrentes, praticamente empatando com Bernie Sanders na liderança dos pleitos que já ocorreram.

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Em relatório, a equipe de análise política da XP Investimentos (para conferir na íntegra, clique aqui) traçou três cenários possíveis para as eleições dos Estados Unidos, prevendo que a reação do mercado será forte e bem diferente a depender de qual deles se materializar.

Para o economista e analista político da XP, Victor Scalet, a primária de New Hampshire não só marcou mais uma decepção para Biden, como foi uma vitória para Sanders e Buttigieg. Porém, no caso deste último, ele diz que é importante observar se o candidato será capaz de conquistar um eleitorado mais diverso, como o dos de Nevada e South Carolina, próximos no calendário eleitoral.

De olho no cenário que está se formando após o início das primárias, a XP acredita em três possíveis cenários, em que Trump será o candidato republicano contra Sanders, Buttigieg ou Bloomberg. Confira como cada um pode impactar o mercado:

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Cenário 1 – Trump contra Sanders (40% de chance de acontecer)

Segundo a XP, este é o pior cenário possível para os mercados, já que Sanders tem uma postura bastante intervencionista. Caso o senador consiga a indicação, a expectativa é que os setores de energia, tecnologia e assistência médica do S&P 500 sofram mais.

“As opiniões de Sanders sobre fracking [processo para extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo], preços de medicamentos prescritos e a participação da iniciativa privada no setor de seguros de saúde são muito problemáticas; e mesmo que algumas dessas visões sejam infactíveis, a mera menção a elas durante a campanha provavelmente gerará reações materiais do mercado”, afirma o relatório da XP.

Para os analistas, a chance de Sanders vencer nessa disputa é muito baixa, de menos de 10%, mas tem potencial para agitar o mercado, com o S&P caindo forte após a convenção democrata em junho, recuperando nos meses seguintes até a eleição por conta da chance de Trump vencer.

Além disso, a XP avalia que o VIX (conhecido como índice do medo) ficará mais alto, o petróleo irá cair, enquanto o dólar deverá operar com mais força, ou seja, subindo mais, o que não é nada positivo para ativos emergentes e América Latina.

“Uma vitória de Sanders levaria os mercados financeiros mundiais ao caos virtual, independentemente da capacidade limitada que um presidente dos EUA tem de “implementar uma revolução”. Os preços de mercado devem se manter graças a verificações e balanços bem projetados no sistema político dos EUA”, diz a XP.

Cenário 2 – Trump contra Buttigieg (35% de chance de acontecer)

Por conta de uma posição mais de centro, o ex-prefeito de South Bend como candidato democrata seria positivo para os mercados, já que ele tem um posicionamento mais convencional sobre os mercados financeiros e economia.

Apesar disso, Trump também deve vencer neste cenário por conta da economia atual muito forte, “à primazia da juventude em relação à inexperiência’ de Buttigieg”. Além disso, a XP destaca que parte dos americanos ainda não se sentem à vontade com a orientação sexual de Buttigieg, “o que pode alienar alguns eleitores ou energizar alguns grupos de interesse religiosos que poderiam fazer campanha contra ele”.

No mercado, se esta for a disputa entre julho e novembro, a expectativa é que o VIX recue sobre o nível atual, enquanto o preço do petróleo subiria para a casa de US$ 60, ao passo que o dólar teria espaço para cair. “Além disso, os mercados de ações de emergentes provavelmente superarão os mercados dos EUA e a Europa deve ter melhor desempenho que os mercados dos EUA, por causa de avaliações mais atraentes”, afirma o relatório.

Cenário 3 – Trump contra Bloomberg (25% de chance de acontecer)

O cenário mais improvável também seria o mais positivo, segundo a XP, já que as opiniões de Bloomberg sobre negócios e economia são favoráveis ao mercado. “Bloomberg também tem grande consideração pelas questões ambientais, portanto, se eleito, suas visões mais intervencionistas provavelmente se concentrariam na regulamentação ambiental”.

Além disso, os analistas acreditam que o ex-prefeito de Nova York também é quem tem mais chance de derrotar Trump já que se tornaria uma opção para os republicanos moderados que estão desconfortáveis com algumas partes do atual governo.

Assim como no cenário anterior, caso esta seja a disputa eleitoral do segundo semestre, a XP acredita que o VIX e o dólar irão recuar, enquanto o petróleo deverá se valorizar, em um cenário positivo para emergentes e América Latina.

Para os analistas, se isso se comprovar, os mercados acionários de emergentes e da Europa deverão superar as bolsas americanas.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.