Operação Zelote da Polícia Federal chega à Gerdau e ações desabam 10%

Confira aqui os principais destaques da Bovespa na sessão de sexta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa caiu pelo terceiro pregão seguido nesta sexta-feira (27) entre Petrobras e os PIBs (Produto Interno Bruto) do Brasil e Estados Unidos. Na ponta negativa, destaque para Gerdau e Metalúrgica Gerdau, que desabaram cerca de 10% em meio à suposto envolvimento com irregularidades da Carf (órgão da Receita Federal). Já entre os ganhos, as exportadoras fecharam em alta em meio à valorização do dólar frente ao real. Confira os principais destaques da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 9,22, -0,11%; PETR4, R$ 9,38, +0,32%) 
As ações da Petrobras fecharam entre perdas e ganhos um dia após eleição de Luciano Coutinho à presidência do conselho da estatal, em substituição a Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda. Hoje, uma notícia da Reuters apontou que a União, acionista controlador da Petrobras, indicou Murilo Ferreira, atual presidente-executivo da mineradora Vale, para presidente do conselho de administração da petroleira a ser eleito em assembleia de acionistas marcada para 29 de abril, segundo comunicado divulgado pela estatal nesta sexta-feira. Segundo o analista independente Flávio Conde, apesar da notícia do Ferreira, o que o mercado quer realmente são os balanços aprovados com as perdas contábeis de desvios e superfaturamento com assinatura dos auditores para que os riscos de pagamento antecipado de dívidas e suspensão de negociação de ADRs (American Depositary Receipts) acabem. 

Vale, Bradespar e siderúrgicas
Em meio à queda do minério de ferro, as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 10,75, -4,44%), holding que detém participação na Vale, renovaram nesta sexta-feira sua mínima do início de 2006. Essa foi a quinta queda dos papéis da companhia em seis sessões.

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Os papéis da Vale (VALE3, R$ 18,35, -3,01%; VALE5, R$ 15,97, -2,74%) e siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 9,94, -9,14%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 10,59, -8,79%), CSN (CSNA3, R$ 5,62, -7,11%) e Usiminas (USIM5, R$ 5,14, -0,96%) – ver mais sobre Gerdau e Usiminas abaixo – caíram forte neste pregão. Os preços do minério de ferro no mercado físico da China atingiram nova mínima recorde hoje com preocupações de que as grandes mineradoras globais vão continuar a elevar a produção em um mercado bem abastecido. 

Sobre a Gerdau, há um suposto envolvimento com irregularidades da Carf, o anúncio da proposta para alterar a composição de seu Conselho de Administração, cuja presidência passará a ser dividida entre André Gerdau Johannpeter, atual presidente executivo, e Cláudio Gerdau Johannpeter, vice-presidente executivo da companhia, e saída do novo mercado. A notícia que traria mais peso hoje é um suposto envolvimento em esquema de corrupção no ‘tribunal’ da Receita, disse o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, lembrando que a empresa tinha um contato muito próximo com o governo, com o próprio Jorge Gerdau já tendo sido cotado para assumir o Ministério da Fazenda. 

Ontem, a Polícia Federal iniciou operação, chamada de Zelote, para desarticular uma organização suspeita de fraudar julgamentos de processos no Carf, do Ministério da Fazenda, com 41 mandatos de busca e apreensão. Entre os envolvidos, apareceu a Gerdau, comandada então pelo empresário Jorge Gerdau, que, até recentemente, era coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento do Governo Federal. 

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Já em relação à Usiminas, a Ternium-Techint decidiu alugar 25 milhões de ações ordinárias da companhia, que correspondem a 4,95% do capital ordinário da siderúrgica, em uma tentativa de virar o jogo na disputa pela gestão da empresa, informou o Valor. A eleição do novo conselho de administração será decidida em assembleia extraordinária marcada para 6 de abril. Com a movimentação, a Ternium tenta criar um novo grupo de minoritários – além dos grupos formados por Lirio Parissoto e BTG Pactual – para ocupar o comando do conselho. O novo presidente que vai substituir Paulo Penido, indicado da Nippon Steel em 2012, vai sair da eleição de acionistas minoritários, já que Ternium e os japoneses – que disputam o controle da siderúrgica – não têm um nome de consenso.

Bradesco (BBDC3, R$ 28,94, -3,75%; BBDC4, R$ 28,60, -2,78%)
As ações do Bradesco desabaram mais de 4% na abertura do pregão, mas recuperaram parte das perdas após voltar do leilão por volta das 10h23 (horário de Brasília). Operadores de mercado comentaram sobre um possível “dedo gordo” que justificaria essa forte queda. Corroboraria para essa tese o fato de que o banco pagou bonificação e isso pode ter ajudado a gerar algum tipo de ordem errada hoje, comentou Luis Gustavo Pereira, analista-chefe da Guida Investimentos. Quando o movimento é atípico, como no caso do “dedo gordo”, a Bovespa é obrigada a intervir, suspendendo a negociação por meio de um leilão para que os investidores possam entender o que está acontecendo e os operadores possam justificar, e até cancelar, as ordens. As ações do Bradesco ficaram “ex-bonificação” a partir de hoje.

Além do Bradesco, os demais bancos de porte grande listados na Bolsa também caíram neste pregão: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,85, -1,74%) e Santander (SANB11, R$ 13,74, -1,79%). A exceção era o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,16, +0,32%), que depois de cair 2,17% virou para leve alta.

Exportadoras
Fora Vale e siderúrgicas, que caíram com cenário ruim para os setores, empresas de exportação registraram fortes ganhos hoje beneficiadas pela valorização do dólar frente ao real. Destaque para as empresas do setor de papel e celulose Fibria (FIBR3, R$ 44,17, +3,25%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,79, +0,41%) e a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 24,35, +1,21%). 

Qualicorp (QUAL3, R$ 23,50, -2,89%)
A Qualicorp teve seu preço-alvo cortado pela Credit Suisse de R$ 30 para R$ 28, com recomendação neutra. A administradora de planos de saúde Qualicorp teve lucro líquido recorrente de R$ 19 milhões no quarto trimestre, frente a prejuízo de R$ 41,2 milhões no mesmo período do ano anterior. A receita líquida recorrente foi de R$ 393,9 milhões, avanço de 18% na comparação anual. Para o Itaú BBA, a companhia continua entregando forte crescimento de receita, influenciado pela adição líquida de clientes, bem como aumentos de preços. 

Rossi (RSID3, R$ 2,68, +1,13%)
O controlador da Rossi tem conduzido estudos sobre oportunidades de negócios para a empresa, que podem ou não incluir um aumento de capital social, por meio de conversas com investidores, entre eles o fundo Cerberus. Um possível aumento de capital ocorreria na esteira da concorrente PDG Realty (PDGR3), que anunciou na semana passada um acordo com a administradora de recursos Vinci Partners para aumento de capital privado entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. 

CPFL Energia (CPFE3, R$ 19,19, +1,86%)
A empresa teve lucro líquido de R$ 512 milhões no quarto trimestre de 2014, alta de 70,1% sobre o mesmo trimestre de 2013. Para o ano de 2014, a companhia teve lucro líquido de R$ 949,1 milhões, em alta de 1,3% ante R$ 937,4 milhões de 2013.

Sabesp (SBSP3, R$ 16,85, -5,34%)
A Sabesp teve lucro líquido de R$ 903 milhões em 2014, queda de 53% frente ao resultado de R$ 1,92 bilhão em 2013, sob impacto da crise hídrica. A receita líquida foi de R$ 11,2 bilhões, praticamente estável frente aos R$ 11,31 bilhões do ano anterior. 

Oi (OIBR4, R$ 5,99, +3,70%)
A Oi teve prejuízo líquido consolidado de R$ 4,42 bilhões no quarto trimestre, revertendo resultado positivo obtido um ano antes diante de impactos contábeis gerados pela venda de ativos da Portugal Telecom. Segundo o analista independente Flávio Conde, o resultado foi mais uma vez fraco e pior do que o esperado. A recomendação dele é que os investidores fiquem fora da ação em meio ao balanço ruim e possibilidade baixa de ocorrer uma fusão no curto prazo por conta de questões internas da Telefônica (VIVT4, R$ 47,92, -1,70%) e TIM (TIMP3, R$ 10,63, -1,57%). 

Cemig (CMIG4, R$ 12,77, +0,95%)
A Cemig apresentou lucro líquido de R$ 3,136 bilhões em 2014, alta de 1,06% na comparação com 2013. Os números são atribuíveis aos sócios da empresa controladora, base para a distribuição de dividendos. A receita líquida somou R$ 19,539 bilhões no ano passado, crescimento de 33,5% sobre 2013.  

Marcopolo (POMO4, R$ 2,32, -0,85%)
A Marcopolo teve preço-alvo reduzido de R$ 5,10 para R$ 2,30 pela Votorantim Corretora.

Braskem (BRKM5, R$ 11,29, -3,01%)
A Braskem informa que o investimento do projeto integrado no México, no qual a Braskem detém 75% e o grupo Idesa 25%, teve seu valor revisado e a contribuição adicional será da ordem de US$ 600 milhões, um desvio de 13% em relação ao desembolso previsto de US$ 4,6 bilhões.