Operação da Polícia Federal apura vazamentos de resultados de reuniões do Copom

A investigação foi instaurada a partir de delação premiada de Antônio Palocci e apura o fornecimento de informações sigilosas sobre alterações na Selic

Anderson Figo

Polícia Federal

Publicidade

SÃO PAULO — A Polícia Federal e o Ministério Público Federal em São Paulo deflagaram nesta quinta-feira (3) a operação “Estrela Cadente”, que investiga vazamentos de resultados de reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) ocorridos em 2010, 2011 e 2012.

A investigação foi instaurada a partir da delação premiada de Antônio Palocci e apura o fornecimento de informações sigilosas sobre alterações na taxa Selic, por parte da cúpula do Ministério da Fazenda e do Banco Central, em favor de um fundo de investimento administrado pelo banco BTG Pactual.

A PF e o MPF cumpriram mandados de busca e apreensão na sede do BTG em São Paulo para levantamento de novas evidências sobre o caso. Os detalhes do inquérito policial seguem sob segredo de Justiça.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Segundo a PF, o banco “teria obtido lucros extraordinários de dezenas de milhões de reais” com as informações que teriam sido passadas pelo alto escalão do governo.

“É investigada a possível prática, entre outros, dos crimes tipificados nos artigos 317 (corrupção passiva) e 333 (corrupção ativa), ambos do Código Penal, art. 27-D, da Lei n° 6.385/76 (informação privilegiada), bem como o art. 1°, da Lei nº 9.613/98 (lavagem e ocultação de ativos)”, afirmou a nota da PF e do MPF.

Também em nota, o BTG disse que recebeu do MPF pedidos de informações sobre operações realizadas pelo fundo Bintang FIM.

Continua depois da publicidade

“O fundo possuía um único cotista pessoa física, profissional do mercado financeiro que também era o gestor credenciado junto à CVM, que nunca foi funcionário do BTG Pactual ou teve qualquer vínculo profissional com o banco ou qualquer de seus sócios”, afirmou.

“O banco BTG Pactual exerceu apenas o papel de administrador do referido fundo, não tendo qualquer poder de gestão ou participação no mesmo”, completou o BTG.

Mantega

Em sua extensa delação, Palocci afirmou ainda que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega teria informado André Esteves, dono do BTG, sobre uma decisão de juros do Banco Central. A informação foi publicada pela Agência Estado.

Em agosto de 2011, Mantega teria participado de uma reunião com o então presidente do BC, Alexandre Tombini, e a ex-presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, Tombini foi informar a posição do BC em reduzir, pela primeira vez em dois anos, a taxa Selic de 12,42% para 11,90% ao ano.

Segundo Palocci, Mantega, então, teria repassado a informação para Esteves, que “realizou diversas operações no mercado financeiro, obtendo lucros muito acima da média dos outros operadores financeiros”.

Ações

As units do BTG Pactual (BPAC11) chegaram a cair 10% após o anúncio da deflagração da operação “Estrela Cadente”. Às 16h45 (de Brasília), os papéis tinham baixa de 4,21%, para R$ 53,91. O Ibovespa operava de lado, com leve queda de 0,08%, aos 100.947 pontos.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.