Oi vende 57,9% dos ativos de fibra óptica para BTG e Globenet por R$ 12,9 bilhões em leilão

O certame da InfraCo da companhia é o último dos grandes ativos colocados à venda pela companhia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Oi (OIBR3;OIBR4) realizou nesta quarta-feira (7) o leilão do controle da InfraCo, que concentra rede de fibra óptica com mais de 400 mil quilômetros de extensão. Sem surpresas, a venda de 57,9% do ativo foi realizada por um valor de R$ 12,9 bilhões.

Como esperado, apenas uma proposta – a dos fundos do BTG Pactual em conjunto com a Globenet Cabos Submarinos – foi apresentada, sendo a vencedora. A Oi permanecerá como sócia minoritária, com 42,1%. O fundo norte-americano Digital Colony também fez uma proposta vinculante pela Infraco no começo do ano, mas não seguiu na disputa.

O certame da InfraCo da companhia é o último dos grandes ativos colocados à venda pela companhia, sendo conduzido pela Sétima Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, responsável pelo processo de recuperação judicial da tele. O plano de desinvestimentos prevê ainda a venda da rede de TV por assinatura, mas esse é um negócio de apenas R$ 20 milhões, muito pequeno perto dos anteriores.

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A transação envolve desembolso de R$ 9,786 bilhões para aquisição de ações da Infraco e capitalização de R$ 3,137 bilhões na unidade de negócios em um prazo de até 90 dias.

A operação agora será homologada e seu fechamento vai depender de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A perspectiva da Oi é que toda a transação esteja concluída entre o fim de 2021 e o começo de 2022.

A ideia inicial era leiloar 51% da InfraCo, mas a Oi aceitou a proposta revisada do BTG para vender 57,9% da InfraCo, por R$ 12,9 bilhões, implicando em um valuation de mais de R$ 22 bilhões para os ativos como um todo. Veja mais clicando aqui e aqui.

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O leilão foi realizado de modo virtual, a partir da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Presentes no local apenas o juiz responsável pela recuperação judicial da Oi, Fernando Viana, e representantes do administrador judicial (o escritório Wald Advogados) e do Ministério Público – que emitiram posição favorável à proposta de BTG e Globenet. Cerca de 340 pessoas acompanharam a sessão online.

De acordo com informações apuradas pelo Broadcast, o conselho da InfraCo terá dez membros, com seis indicações do BTG e quatro da Oi. Para a presidência do colegiado está previsto o sócio e líder de negócios digitais do BTG, Amos Genish, executivo com experiência em telecomunicações. Ele fundou a provedora de banda larga GVT, que acabou comprada pela Vivo (VIVT3), onde se tornou CEO. Outro assento do conselho ficará Renato Mazzola, sócio do BTG responsável pela área de capital privado.

Agora serão definidos os nomes para compor a direção da Infraco. Segundo fontes ouvidas pela agência, o presidente executivo será um profissional de mercado, com experiência no segmento de telecomunicações.

A InfraCo é a unidade de negócios criada para concentrar a operação e expansão da fibra ótica da Oi. A nova empresa terá uma rede do tipo “neutra”, que poderá ser alugada para quaisquer outros provedores de internet. Neste ano, ela já fechou os dois primeiros contratos, um deles com a Vero, provedora controlada pela Vinci Partners. A Oi vai continuar oferecendo banda larga aos consumidores finais, mas na condição de ‘locatária’ das redes da Infraco.

O processo de separação dessa unidade de negócios do resto da Oi começou no primeiro trimestre, recebendo os primeiros ativos, sistemas e equipes para funcionar de modo independente.

A cobertura de banda larga por fibra ótica da Infraco está disponível para 10,5 milhões de casas, dos quais 2,5 milhões já ingressaram na base de assinantes. A meta para cobertura é atingir até 15 milhões de casas no fim de 2021 e 32 milhões no fim de 2025, o que exigirá investimentos de R$ 20 bilhões no período – daí a necessidade de atrair um parceiro para dividir o desembolso.

Passo importante, mas já precificado

Na avaliação da Levante Ideias de Investimentos, apesar da transação ainda precisar de mais aprovações após sua confirmação nesta quarta,  o andamento da venda de ativos é um passo importante para a companhia.

“Mesmo assim acreditamos que o cenário atual já era o esperado pelo mercado, por isso não deve ter impactos significativos no preço das ações da companhia”, aponta a casa de research. Cabe ressaltar que os ativos OIBR3 fecharam em queda de 0,63%, a R$ 1,57, enquanto os papéis OIBR4 tiveram baixa de 2,16%, a R$ 2,26, na sessão desta quarta.

A conclusão da venda dos ativos deve marcar o fim da recuperação judicial da Oi, tornando, em um primeiro momento, uma empresa com patamares saudáveis de endividamento, avaliam os analistas.

“Apesar disso, ainda é incerto como funcionará e qual será a rentabilidade da nova operação considerando a entrada de mais sócios e o modelo de negócios de venda do uso da infraestrutura no atacado”, destacam os analistas.

A expectativa da Oi ao finalizar a venda de seus ativos é usar os recursos para focar no crescimento da empresa em banda larga fixa e encerrar o processo de recuperação judicial em dezembro. No ano passado, os acionistas aprovaram o aditamento do plano de recuperação judicial.

Os analistas da Levante também ressaltam que, enquanto as vendas dos ativos de fibra vinham chamando a atenção do mercado, a venda da rede móvel da companhia para Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3) e Claro vem sofrendo empecilhos para ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O consórcio Vivo, TIM e Claro pediu ao Cade que a transação seja aprovada sem restrições, pois envolve, na sua visão, o melhor arranjo competitivo possível e “não gera preocupações concorrenciais”. As teles disseram que será mantida “intensa rivalidade” no mercado de internet e telefonia móveis, sem poder coordenado entre elas, uma vez que o setor é inovador, dinâmico e competitivo.

Na avaliação dos analistas da Levante, “apesar de acreditarmos que haverá uma concentração de mercado, não parece ter outra solução viável para este caso e por isso, após mais algum tempo de estudos, acreditamos que esta negociação deve ser aprovada”.

(com Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.