Oi (OIBR3;OIBR4) vai ter R$ 26,4 bilhões em novos recursos para desalavancar companhia, diz CEO

Além dos recursos da Oi Móvel, empresa espera reforçar caixa com venda do controle da V.Tal para pagar dívidas e focar no negócio de fibra óptica

Mitchel Diniz

Oi telecomunicações

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Depois de ser adiado por duas vezes, os resultados da Oi (OIBR3;OIBR4), ainda referentes ao quarto trimestre de 2021 (4T21), foram finalmente publicados. O CEO da companhia em recuperação judicial, Rodrigo Abreu, fez um pedido de desculpas pelo atraso logo no início da teleconferência com investidores e explicou que a empresa está em reestruturação, o que dificulta o trabalho de auditoria.

Leia mais: Oi (OIBR3) reverte lucro e tem prejuízo de R$ 1,669 bilhão no 4º trimestre de 2021

O destaque da apresentação foi a participação da fibra óptica nos negócios da Oi, que passa a ser a principal fonte de receita da companhia com a recente conclusão da venda de ativos móveis da companhia.

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Abreu diz que o projeto continua muito sólido e a que a Oi provou capacidade para lançá-lo e executá-lo no longo prazo. A receita com fibra, de R$ 2,9 bilhões de 2021, é mais que o dobro da obtida em 2020, e que havia ficado em R$ 1,4 bilhão. Em 2019, ela era de apenas R$ 284 milhões.

“Isso vem com uma grande base de casas conectadas (3,4 milhões), mas também mostra uma melhoria contínua no ARPU [receita média por usuário] que se aproxima de R$ 90 (R$ 87,50)”, diz ele. O CEO explica que o ARPU cresceu com a melhora das velocidades nas casas conectadas. No quarto trimestre, as velocidades mais elevadas representavam 14,2% das conexões totais.

Ele explicou que a empresa foi a que mais ganhou market share no segmento de fibra óptica em 2021 e se tornou líder em 17 estados, com 14,6 milhões de casas passadas.  “Entregamos, assim, o guidance completo que confirmamos no início do ano. “Conseguimos ver também o declínio do negócio de cobre e confirmar que a receita residencial vai continuar crescendo no futuro”, afirma.

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Em 2021 a Oi registrou adição líquida de fibra óptica da ordem de 1,2 milhão usuários. “Como nossa base já está grande, o que começamos a fazer no quarto trimestre foi a mudança rumo a um crescimento rentável. Estamos refinando nossa política de crédito e aquisição para fibra, a fim de alcançar maiores LTV’s [valor do tempo de vida do cliente], controlar o churn involuntário [perda de clientes] e a inadimplência”, afirma Abreu.

Venda da Oi Móvel e V.Tal

O CEO avalia como “consistente” o desempenho dos ativos móveis da Oi no 4T21 e afirma que isso contribuiu com um fechamento da venda às concorrentes. A receita de clientes móveis cresceu 6,8% entre os terceiro e quarto trimestres para 1,603 bilhões. Em 2021 a base móvel cresceu com expansão do pós-pago. “Conseguimos fechar com um número de R$ 15,9 bilhões de reais, tivemos alguns ajustes positivos em relação ao preço de venda original”, afirma.

Depois montante recebido pela Oi Móvel, a empresa aguarda os recursos com a venda do controle da V.Tal (ex-Infraco). “No todo, nós teremos R$ 26,4 bilhões em novos recursos para fazer a desalavancagem da companhia”, disse o CEO.

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Para Abreu, a segregação da V.tal ajudou no crescimento em fibra óptica. A ex-InfraCo já trabalha como uma empresa independente desde janeiro de 2022. O executivo diz que a segregação resultou em avanços comerciais expressivos: a empresa chegou a um maior número de cidades e tem participação no país inteiro. “Temos 9 novos contratos de rede neutra assinados, cobrindo 48 cidades”, destaca o Abreu.

Ele explica que todos os resultados da operação já são atribuídos ao novo controlador (GlobeNet e fundos do BTG Pactual) e vão ser realizados assim que a operação for fechada em breve. A operação ainda precisa do aval na Anatel e deve ser analisada hoje pelo órgão.

Controle de custos e eficiência

A empresa reduziu os custos em 6,9% no quarto trimestre do ano passado e em 2,6% no acumulado de 2022. “Isso significa um ganho real muito significativo, considerando o IPCA em 2021. A despeito do crescimento da inflação, conseguimos entregar uma eficiência muito boa, conforme planejada no início do ano”, afirmou Rodrigo Abreu.

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Ele explica que o resultado foi reflexo de um plano de simplificação que incluiu uma redução de 18% nos custos com pessoal no quarto trimestre de 8% no acumulado do ano. “Seguindo a transformação de todos os negócios e os desinvestimentos, também conforme o planejado”, disse Abreu.

Entretanto, a dívida líquida da companhia ficou em R$ 32,573 bilhões no final de dezembro de 2021, crescimento de 49,4% em relação ao mesmo período de 2020.

“Tivemos um aumento na dívida bruta e líquida devido a operações que foram realizadas no ano passado enquanto esperávamos os cash ins das grandes operações que foram encerradas este ano”, esclareceu o CEO.

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Com a venda de ativos da Oi Móvel e do controle da parte de infraestrutura, a Oi vai ter uma estrutura de custos diferentes e menor.

“Conseguimos gerenciar a posição de caixa no final do ano pensando no caixa que vem dos M&A’s e encerramos o trimestre em um nível bastante gerenciável”, diz Rodrigo Abreu, CEO da empresa. A Oi encerrou o quarto trimestre com posição de caixa de R$ 3,288 bilhões de reais.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados