O que Harry Potter tem a ver com a nova criptomoeda “queridinha” do mercado

A ideia por trás desta moeda é ser algo parecido com o Bitcoin, mas com algumas alterações

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Se 2018 foi um ano de cautela e desânimo com o mercado de criptomoedas, este ano começou com uma novidade que já atiçou os investidores. No último dia 15 de janeiro, foi lançado a Grin, uma moeda digital cercada por tantos mistérios quanto o Bitcoin e, por mais estranho que pareça, tem uma grande relação com Harry Potter.

A Grin não é exatamente uma novidade para quem acompanha o mercado de criptoativos, mas a mineração de seu primeiro bloco – e, portanto, o início de sua negociação – só ocorreu agora. A ideia por trás desta moeda é ser algo parecido com o Bitcoin, mas com algumas alterações, visando principalmente privacidade, fungibilidade e escalabilidade.

O hype em torno da Grin é tanto que após poucos dias de seu lançamento ela chegou a disparar mais de 100% durante um fim de semana. Mesmo passando por uma forte correção nos dias que se seguiram, ainda tem muita gente falando sobre ela – e muitos investidores animados.

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Seu surgimento vem de agosto de 2016, quando no grupo de bate-papo do IRC Bitcoin_wizards uma pessoa chamada Tom Elvis Jedusor surgiu com uma ideia para “melhorar a privacidade do Bitcoin”. Era criado neste momento o Mimblewimble, um novo protocolo que trazia alterações para tentar evoluir a maior criptomoeda do mundo.

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Além de Tom Elvis Jedusor ser um pseudônimo e ter desaparecido depois deste dia – lembrando muito a criação do Bitcoin com o até hoje desconhecido Satoshi Nakamoto -, o sobrenome, em francês significa Voldemort, o famoso vilão das histórias de Harry Potter.

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No mundo fantástico do bruxo mais famoso do mundo existe o nome Mimblewimble, que é uma magia de defesa apresentada pelo personagem Gilderoy Lockhart, professor de Artes das Trevas, em que a língua de seu adversário em enrolada para evitar que aquela pessoa fale alguma informação que não deveria.

A brincadeira com o nome tem relação direta com os objetivos da criação deste protocolo no mundo das criptomoedas. A ideia de Jedusor foi implementar um mecanismo para que o blockchain não entregue as informações de seus usuários.

Poucos dias após o surgimento do Mimblewimble, mais um nome anônimo e ligado ao mundo de Harry Potter, Ignotus Peverell, surgiu. Ele entrou em contato com o desenvolvedor do Bitcoin Andrew Poelstra dizendo que estava criando uma nova criptomoeda chamada Grin. Foi então que o ativo e o protocolo passaram a andar juntos.

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A principal inovação da Grin é conseguir manter uma segurança muito parecida com a do Bitcoin, garantindo um maior anonimato ao usuário e ainda agilizando o processamento. Basicamente, o seu protocolo retira valores desnecessários no processo e torna tudo mais rápido.

No programa Bloco Cripto da última semana, Felipe Sant’Ana Pereira, sócio da Paradigma Capital, afirmou que o Mimblewimble torna o blockchain mais leve, escalável e privado, e que estas mudanças geraram um maior interesse dos investidores sobre a Grin (confira a entrevista no fim desta matéria).

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Ele lembra ainda que a mineração desta moeda também é bastante favorável a quem usa GPU, pelo menos neste início de operação dela. Como afirma o apresentador do programa, Safiri Felix, a Grin trouxe uma “esperança” para quem usa estes equipamentos e não estava conseguindo um retorno para o investimento feito nas máquinas.

Outra grande diferença da Grin é que ela é uma moeda inflacionária e com emissão infinita. Basicamente, é emitida uma Grin por segundo, o que, segundo os especialistas, complica a aplicação deste ativo como uma reserva de valor.

Por outro lado, Sant’Ana ressalta que as próprias pessoas por trás da moeda já disseram que seu objetivo é ser um meio de pagamento. “Eu acho que é interessante, mas vamos precisar de tempo para entender o que vai acontecer […] Este desalinhamento de expectativas de discursos pode gerar grande volatilidade no futuro”, afirma.

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Vale destacar, porém, que para quem quer investir, este ainda é um projeto muito novo e listado em poucas exchanges no mundo, o que torna um negócio mais arriscado e volátil. “A maneira mais legal de se ter Grin agora é minerando”, conclui Sant’Ana.

Confira a conversa na íntegra sobre Grin e Mimblewimble do último programa Bloco Cripto:

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.