O que atualização Merge do Ethereum significa para o Bitcoin?

A atualização do Ethereum para prova de participação (PoS) foi concluída com sucesso na madrugada desta quinta-feira (15)

CoinDesk

(Bastian Riccardi/Unsplash)

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A Ethereum, blockchain por trás do ETH, a segunda maior criptomoeda por valor de mercado e que vale quase US$ 200 bilhões, fez o que nenhuma grande blockchain jamais fez: mudar o mecanismos de consenso de prova de trabalho (PoW) para o de prova de participação (PoS).

Chamada de Merge (Fusão, em português), a atualização da rede foi concluída com sucesso na madrugada desta quinta-feira (15), às 3h43 (horário de Brasília). O novo modelo é considerado muito mais ecológico, com uma redução de 99,9% no consumo de energia elétrica, resolvendo uma das grandes críticas sobre o mercado de criptoativos.

Mas qual impacto isso terá na criptomoeda dominante em valor de mercado, o Bitcoin (BTC)? Segundo especialistas, de imediato, não muito.

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Quanto ao ETH em relação ao BTC, a maioria dos especialistas parece concordar que quaisquer movimentos de preços resultantes provavelmente serão transitórios. Afinal, a mudança do Ethereum para a prova de participação não é algo novo, mas que já estava no roadmap da rede desde o início.

“A prova de participação foi uma coisa muito importante que foi discutida desde o início e agora está sendo realizada… Já faz muito tempo”, disse o cofundador da Ethereum, Anthony Di Iorio, em uma entrevista ao CoinDesk.

Portanto, é razoável supor que o efeito cascata da Fusão já aconteceu (pelo menos parcialmente) considerado nos preços de mercado.

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“Começou a aumentar a certeza de que a atualização iria realmente acontecer, então todos os dias estava sendo precificado um pouco mais [nos preços dos ativos]”, disse Alex Miller, CEO da Hiro, uma casa de desenvolvimento focada em Bitcoin e afiliada à Stacks Foundation.

Há espaço para “flippening”?

Muitos sugerem que o Ethereum um dia superará o Bitcoin em capitalização de mercado, um evento chamado de Flippening (Virada, em tradução livre). Seria a Merge a responsável por isso? Para Miller, uma reviravolta iminente como essa não está próxima.

“Acho que o Bitcoin se estabeleceu como o principal ativo. Eu acredito em um mundo multi-cadeia. [Mas] acho que Bitcoin é o ouro digital, a reserva de valor. Estou bastante cético em relação ao flippening”, disse.

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Christopher Calicott, diretor administrativo da Trammell Venture Partners, uma empresa de capital de risco focada em Bitcoin, compartilha da mesma opinião.

“O Bitcoin é a camada monetária básica da Internet. Apesar de qualquer queda de mercado representada pelos riscos relacionados à Merge, o Bitcoin sairá ileso”, disse Calicott ao CoinDesk.

Joe Orsini, vice-presidente de pesquisa da Eagle Brook Advisors, também acredita que o Bitcoin continuará sendo a reserva de valor dominante no longo prazo, apesar de um aumento temporário de preço do ETH pós-Merge.

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“O Ethereum pode, é claro, superar o desempenho [do Bitcoin] no curto prazo, mas, em última análise, o conjunto de oportunidades que o Bitcoin tem como reserva alternativa de valor é certamente maior”, afirmou.

Outros acreditam que o Flippening pode ser medido por uma variedade de métricas além da capitalização de mercado. O Bitcoin, por exemplo, atualmente possui cerca de 15.000 nodes (computadores em uma rede blockchain), enquanto o Ethereum possui aproximadamente 9.500.

No entanto, o Ethereum tem maior volume de transações (atualmente mais de 1 milhão diariamente) em comparação com o Bitcoin (cerca de 270.000). Outras métricas, como endereços ativos e número de projetos construídos em uma rede, também podem ser formas apropriadas de medir a dominância.

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“De muitas maneiras, o Ethereum já é a criptomoeda dominante [porque] 70% dos tokens são construídos na Ethereum. Se a fusão for bem-sucedida, incentivará ainda mais atualizações na blockchain e isso deve colocá-la em uma posição forte para também ser a moeda dominante em termos de capitalização de mercado”, disse Niclas Sandström, CEO da empresa de investimentos Hilbert Group, ao CoinDesk.

Apesar de diversas opiniões sobre se a Fusão marca o início do domínio do Ethereum, poucos preveem uma derrubada imediata do Bitcoin, com muitos adotando uma postura de cautela e observação. Joshua Lim, head de derivativos da Genesis Trading, disse que o Bitcoin continuará como o “instrumento de hedge preferido” do mundo cripto até segunda ordem.

O futuro da mineração tradicional

Uma atualização bem-sucedida do Ethereum valida a prova de participação (PoS) aos olhos de muitos. Com isso, o Bitcoin e outras blockchains de prova de trabalho (PoW) que consomem mais energia vão desaparecer?

“A prova de trabalho é a mais comprovada em termos de segurança de rede e descentralização. Ainda está sendo analisada a viabilidade a longo prazo da prova de participação e até que ponto ela será centralizada versus descentralizada”, disse Sandström ao CoinDesk.

Como Alex Tapscott, diretor administrativo do grupo de ativos digitais da Ninepoint Partners, observou, “o hashrate [poder de computação] do Bitcoin está atingindo um recorde histórico. Para mim, isso revela uma escolha difícil [envolvendo] essa moeda simples e segura que provavelmente permanecerá para sempre. E então a questão do Ethereum é mais como uma história de crescimento fantástica que tem muito potencial, mas com muito – muito mais – risco, em minha opinião.”

“Acho que o contraste é meio poético de que isso esteja acontecendo à medida que avançamos com o Ethereum para a prova de participação, e o Bitcoin está se tornando simultaneamente o mais seguro de todos os tempos.”

CoinDesk

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