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A temporada de balanços do terceiro trimestre de 2023 chegou ao fim e alguns segmentos deram sinalizações importantes nos resultados divulgados nas últimas semanas. Enquanto concessionárias projetam maior competição no setor de rodovias, distribuidoras de combustível mostram cautela. As petroleiras estão focando em caminhos diferentes e os grandes bancos manifestam menor preocupação com a inadimplência.
Depois de trimestres em que a inadimplência foi o ponto central entre as maiores preocupações do mercado, os “bancões” divulgaram os seus resultados do terceiro trimestre de 2023 (3T23) mostrando que essa questão pode ter ficado para trás, com melhoras dos índices nas bases trimestrais e anuais (ou impactadas por fatores pontuais).
Porém, algumas diferenças de desempenho entre as grandes instituições financeiras seguem latentes, apesar de algumas tendências de recuperação.
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Novamente, o Itaú (ITUB4) e o Banco do Brasil (BBAS3) se apresentaram como os destaques positivos. Mas, enquanto alguns analistas veem espaço para a primeira instituição ampliar sua carteira de crédito depois de um período bastante cauteloso e também elevar o retorno aos acionistas, outras casas reduziram as projeções para o banco estatal, projetando desaceleração do crescimento dos lucros.
Enquanto isso, entre os bancos que contavam com um cenário mais desafiador, caso de Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11), ambos apresentaram melhora na qualidade dos ativos no período. Porém, analistas veem que o custo para que o Bradesco alcançasse essa melhora foi muito alto, com uma queda expressiva de margem financeira com clientes (receitas de juros), enquanto adiam as suas projeções de recuperação para o banco. Já para o Santander, apesar de diversas linhas ainda evidenciarem momento desafiador, a expectativa é de progressiva melhora.
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Distribuidoras de combustível
Um melhor ambiente comercial no terceiro trimestre de 2023 (3T23) e ganhos de estoque levaram as empresas de distribuição de combustível a melhores margens no período.
O fato é que o observado neste mercado no 1º semestre, com excesso de oferta de produtos e elevada importação do diesel russo, criou uma condição atípica no setor, levando as empresas a superarem fortemente as expectativas e registrarem fortes variações dos balanços na comparação anual.
A Vibra (VBBR3) registrou um lucro líquido de R$ 1,255 bilhão em seu balanço referente ao 3T23, revertendo prejuízo líquido de R$ 61 milhões do mesmo período do ano anterior. O consenso LSEG previa lucro líquido de R$ 881,1 milhões. Já a Ultrapar (UGPA3), dona dos postos Ipiranga e da Ultragaz, registrou um lucro líquido de R$ 891,2 milhões no período,, mais de dez vezes superior (978,9%) aos R$ 82,6 milhões reportados no mesmo período do ano anterior.
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Mas a Vibra, Ultrapar e também a Raízen (RAIZ4) foram cautelosas com relação às perspectivas futuras.
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Petroleiras juniores
A produção média de petróleo na PRIO (PRIO3) chegou a 99,9 mil barris/dia. Na 3R (RRRP3), em outubro, esse índice havia alcançado a marca de 35,8 mil barris/dia, maior que a média do 3T23. Na PetroReconcavo (RECV3) esse dado foi de 28 mil barris/dia no último trimestre.
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Todos esses números representam recorde de produção para as petroleiras juniores, indicando forte amadurecimento delas no desenvolvimento de seus campos. E, pelo que foi dito pelos executivos das companhias, esse índice só deve crescer em 2024.
Entretanto, se observam focos diferentes das empresas em relação ao futuro imediato – além, é claro, do aumento da produção de barris diários.
No caso da PRIO, os esforços estão concentrados em M&A (fusão e aquisição). Roberto Monteiro, CEO da companhia, disse que tem gasto boa parte de seu tempo em agregar mais ativos ao portfólio.
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“Não estou dizendo que tem algum processo a caminho, mas esse tem sido grande parte de nossos esforços”, destacou. Mas o mercado está bem restrito depois que a Petrobras (PETR4) suspendeu seu programa de desinvestimentos.
Monteiro disse que o resultado das conversas com empresas possíveis de vender ativos “não acontece do dia para noite” e pediu tempo para fechar questão.
“Originação de aquisição não é cartesiana. Cada empresa recebe de uma forma (o interesse)”, comentou a analistas.
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Administração de concessões rodoviárias
Em meio ao aumento de capex, por conta dos altos volumes de investimentos destinados às últimas concessões conquistadas, tanto EcoRodovias (ECOR3) como CCR (CCRO3) olham com cautela para os próximos leilões de rodovias.
No caso da EcoRodovias, os investimentos feitos nos nove primeiros meses do ano superaram em 28,1% o montante do mesmo período de 2022. Já na CCR, em igual intervalo, a cifra foi superada em 31,4%.
Enquanto isso, a concorrência parece querer ganhar espaço. Os dois primeiros leilões realizados pelo novo governo federal das Rodovias do Paraná foram conquistados pelo Pátria (Lote 1) e Grupo EPR, formado pela Equipav e Perfin (Lote 2).
Dentro deste contexto, no próximo dia 24, haverá um novo leilão rodoviário. Dessa vez, será da BR-381/MG, no trecho de 304 km que liga Governador Valadares a Belo Horizonte. A CCR e EcoRodovias dizem estudar o ativo, mas reconhecem cenário diferente.
Marcello Guidotti, CEO do EcoRodovias, diz que a companhia tem como estratégia mapear e selecionar com antecedência os potenciais alvos baseados em alguns critérios, como a estrutura do fluxo de caixa, a complexidade do investimento, as sinergias com o portfólio atual, o capex e a taxa de retorno.
“Estamos sempre preparados para aproveitar boas oportunidades”, comentou o executivo durante a teleconferência de resultados do 3T23 a analistas.
Mas afirmou que a companhia está “muito criteriosa” com relação à questão – o rigor está relacionado diretamente ao aumento de capex já desembolsado pela companhia esse ano para as concessões existentes.
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Frigoríficos
Os frigoríficos brasileiros JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) divulgaram, todos, resultados na noite dessa segunda-feira (13). E os números para analistas, surpreenderam de maneira positiva – apesar das dificuldades ainda enfrentadas.
Por volta das 12h30 (horário de Brasília) desta terça-feira (14), as ações ordinárias da JBS estavam estáveis, a R$ 20,97, as da Marfrig subiam 3,97%, a R$ 7,86, e as da BRF, 2,52%, a R$ 12,62.
JBS e Marfrig continuam sofrendo por conta das suas maiores exposições ao mercado norte-americano. Nos Estados Unidos, o ciclo do gado se encontra em um momento de queda do número de cabeças disponíveis, o que aumenta os gastos dos frigoríficos, que desembolsam mais comprando animais. Porém, é possível que o ponto de inflexão já tenha passado.
“Nenhuma grande novidade na carne bovina dos EUA, ainda refletindo o difícil momento do ciclo pecuário e a queda nos preços de corte. No entanto, saudamos a recuperação da margem da empresa após problemas operacionais relatados no primeiro trimestre”, fala a equipe da XP Investimentos, liderada por Leonardo Alencar, sobre a JBS.
“A Marfrig divulgou resultados em linha com o esperado, sendo que as operações nos Estados Unidos conseguiram manter o ritmo de abate com uma margem premium, apesar das difíceis condições do mercado”, expõe o time do Santander, encabeçada por Rodrigo Almeida.
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