O mecanismo de prova de participação deixará o Ethereum mais centralizado?

O protocolo de staking Lido agora detém 33% de todo o ETH trancado na cadeia PoS da segunda maior blockchain do mercado

CoinDesk

(Kanchanara/Unsplash)

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O Lido é o protocolo de staking líquido (prática de manter criptomoedas na blockchain e ganhar recompensas em troca) mais usado, comandando um terço do total de Ether trancado na Beacon Chain, a blockchain de prova de participação (proof-of-stake, ou PoS) do Ethereum (ETH), de acordo com dados da Nansen e do Etherscan.

Quando o Ethereum eventualmente mudar de seu método atual de prova de trabalho (proof-of-work, ou PoW) para o mecanismo de consenso de prova de participação, o projeto dependerá de validadores e não de mineradores para validar transações em sua blockchain. Para ser um validador e ganhar recompensas de staking, os participantes devem “trancar” 32 ETH em uma carteira na rede, o equivalente a US$ 65.800 nos preços atuais.

O Lido é um provedor de staking-as-a-service que permite aos usuários depositar qualquer quantia de ETH para ganhar recompensas de staking na Beacon Chain. Com o Lido, os usuários passam por cima do requisito de precisar do depósito total de 32 ETH para executar um nó validador. Além disso, não são responsáveis pela manutenção técnica necessária para gerenciar um nó de staking.

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Em troca de aceitar depósitos em ETH, o Lido emite “stETH”, seu token derivativo que “representa o Ether trancado no Lido, combinando o valor do depósito inicial + recompensas de staking”, de acordo com o protocolo. Os stakers podem manter seu stETH, vendê-lo no mercado aberto ou depositá-lo em diferentes plataformas DeFi (finanças descentralizadas), incluindo Curve, Aave (AAVE) e 1inch, para obter rendimento adicional.

Esse acesso à liquidez é atraente para alguns interessados que desejam acessar seu ETH trancado antes da “The Merge” (A fusão, em português), nome do processo em que o Ethereum vai mudar de PoW para PoS; caso contrário, eles não seriam capazes de tocar em nenhum ETH trancado (ou quaisquer recompensas que pudessem ter ganho nesse meio tempo) até depois da mudança do mecanismo de consenso, o que não acontecerá até o final deste ano.

Atualmente, 10,6% do suprimento circulante de Ether está na Beacon Chain do Ethereum, que é pouco menos de US$ 26,4 bilhões ou 12,6 milhões de ETH.

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Dos 12,6 milhões de ETH em staking, cerca de 4,2 milhões foram trancados por 73.369 participantes do Lido, tornando o protocolo o pool de staking mais usado no Ethereum.

Lido, Coinbase, Kraken e Binance, os quatro maiores operadores de nós validadores da Beacon Chain do Ethereum, acumularam uma participação de 54% de todas as atividades de staking de ETH, de acordo com a Nansen. O domínio da Lido, que controla cerca de 33% do total de ETH trancado na cadeia PoS do Ethereum, levantou preocupações de centralização em relação à saúde e segurança de longo prazo do projeto.

Embora existam mais de 70.000 participantes, o Lido possui 22 operadores de nós de Ethereum que lidam com o lado técnico da execução do software do nó validador. Além disso, outro fato que pesa é que os 100 maiores detentores de LDO, o token de governança da Lido DAO (a Organização Autônoma Descentralizada do protocolo), têm 93,1% de toda a oferta do ativo, de acordo com dados do Etherscan.

A questão da concentração de Ether tracando do Lido foi destacada por Danny Ryan, pesquisador-chefe da Fundação Ethereum, no Twitter: “O Lido ter ⅓ (do domínio) é um ataque de centralização ao PoS”, tuitou ele na semana passada.

Ao controlar uma parte significativa do Ether em staking e assumir mais de 90% do mercado de staking líquido, o problema de centralização do Lido aumenta o risco de eventos indesejáveis, como cortes de validadores, ataques de governança e explorações de contratos inteligentes.

Por outro lado, antes da decisão do Ethereum de mudar para a prova de participação, havia preocupações de que exchanges centralizadas como a Coinbase assumissem a maior parte dos pools de staking. O Lido foi criado justamente para ser uma alternativa a esses gigantes centralizados. O fato de ter superado Coinbase, Kraken e Binance pode ser visto como um sinal encorajador de que o ecossistema será capaz de manter um grau de descentralização no futuro.

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