O impacto e a importância do lançamento do primeiro ETF de Bitcoin dos EUA

Produto, que será de futuros de Bitcoin, pode ser a peça que faltava para a criptomoeda atingir novas máximas históricas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Nesta terça-feira (19) foi oficialmente listado na bolsa de Nova York (NYSE) o primeiro fundo de índice (ETF) de Bitcoin (BTC) dos Estados Unidos, depois de semanas de rumores de que isso aconteceria em outubro e anos de expectativa pela aprovação de um produto do tipo no mercado americano.

Um documento da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) vazado na sexta-feira (15) já confirmava a aprovação do ETF criado pela ProShares. Mesmo assim, não deve haver um evento formal de anúncio, sendo a listagem feita diretamente a partir de hoje.

O ProShares Bitcoin Strategy ETF não investe diretamente em Bitcoin, mas sim em contratos futuros da criptomoeda negociados na bolsa de derivativos de Chicago (CME).

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E mesmo que esse modelo desagrade os entusiastas mais puristas, o produto é visto como essencial para trazer uma nova leva de investidores para o Bitcoin, principalmente os institucionais, o que, por sua vez, ajuda na valorização do ativo.

Um ETF (Exchange Traded Funds) de criptomoedas é um fundo de investimento que pode ser negociado na bolsa de valores como uma ação. Funciona basicamente como qualquer outro ETF do mercado – ou seja, reúne recursos de diversos investidores e costuma replicar algum índice de referência.

A diferença entre os ETFs de criptomoedas e os produtos de outros setores é que eles acompanham indicadores de Bitcoin (BTC) ou de altcoins (nome dado a qualquer criptomoeda diferente do BTC).

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Leia também: ETF de criptomoeda: guia para entender o que é e como investir

A questão de serem investimentos em futuros da criptomoeda neste caso da ProShares acabou sendo chave para a aprovação, já que agrada o presidente da SEC, Gary Gensler, que há algumas semanas tem falado sobre regulação e se mostrado reticente sobre a classe de ativos.

Por outro lado, ele afirmou recentemente que acredita que os produtos relacionados aos futuros podem oferecer uma proteção mais efetiva para os investidores, principalmente por conta das leis que regulam esse tipo de produto.

Com taxas menores que fundos, os ETFs também possuem maior liquidez e costumam agradar mais por estarem dentro da regulação do mercado financeiro. Isso serve como porta de entrada para investidores menores que ainda têm medo de comprarem diretamente criptoativos, ao mesmo tempo que dá tranquilidade para os institucionais entrarem nesse mercado.

“ETF é um produto muito melhor para exposição regulada em cripto do que os que estão atualmente no mercado. Por exemplo, o fundo GBTC, da Grayscale, tem um prazo de seis meses para o investidor poder vender sua posição. Por conta disso, gera um deságio entre o preço do ativo e a cota do fundo”, explica Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management, que lançou o primeiro ETF de Bitcoin da bolsa brasileira em junho.

O ETF da ProShares será negociado com o código BITO e terá uma taxa de 0,95%, menos da metade dos 2% cobrados pelo GBTC. O Brasil hoje já conta com cinco ETFs critpos, das gestoras Hashdex e QR Asset (clique aqui para saber mais).

Além desse impacto tanto de investidores de varejo quanto institucionais, a chegada do ETF de Bitcoin nos EUA se torna o gancho perfeito para os entusiastas reforçarem as teses de que a criptomoeda pode chegar em US$ 100 mil ainda este ano.

Uma das âncoras dessa ideia é o tamanho menor da disparada de preço da criptomoeda até aqui na comparação com os últimos ciclos de alta.

O movimento que fez o Bitcoin disparar mais de seis vezes, de cerca de US$ 10.600 em 1º de outubro de 2020 para quase US$ 65.000 em abril de 2021, na visão de alguns analistas, deveria ser pelo menos igual ao de anos anteriores – e, como não foi, o ciclo ainda não estaria completo.

Recentemente, o analista técnico e fundador da Enfoque, Fausto Botelho, traçou estimativas de que a valorização do primeiro ciclo do Bitcoin aplicada ao mercado atual levaria o preço para pelo menos US$ 1 milhão. Já uma projeção mais conservadora, levando em conta o rali que culminou no final de 2017, aponta que o topo do ciclo em curso estaria entre US$ 100 mil e US$ 200 mil.

Diante disso, a expectativa é de que o lançamento do ETF nesta terça possa ser um forte catalisador para o preço do Bitcoin nas próximas semanas e meses, o que também deve puxar outras criptomedas junto.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.