Nubank: Bradesco BBI recomenda venda para ação com preço-alvo de US$ 5, projetando queda de 45%

Analistas do banco reconhecem história de sucesso, mas apontam que a ação está cara e destacam desafios de curto e longo prazos

Lara Rizério

(Imagem: Reprodução/ Facebook/ Nubank)

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O Bradesco BBI iniciou cobertura para a ação do Nubank (NYSE:NU;B3:NUBR33) negociada na Bolsa de Nova York com recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado) – ou equivalente à venda –  e preço-alvo de US$ 5 por ativo, ou uma queda de 45,36% em relação ao fechamento da sessão de terça-feira (15).

Segundo os analistas do banco, a ação ainda está “longe do fundo”. Apesar de reconhecer que o Nubank construiu um banco digital puro impressionante nos últimos dez anos, o Bradesco BBI afirmou que sua avaliação atual é cara, com múltiplos altos. “Apesar dos méritos do Nubank, seu valuation atual não deixa margem para erros”, apontam.

O Bradesco BBI destaca que o Nubank enfrentará dois desafios significativos para monetizar sua considerável base de 50 milhões de clientes: preocupações com a qualidade dos ativos no curto prazo e um mix de clientes mais fraco e desafios para lançar novos produtos no longo prazo.

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“De fato, achamos que o Nubank enfrentará ventos contrários de curto prazo devido às condições mais fracas da economia do Brasil, enquanto também enfrentará desafios para monetizar sua considerável base de clientes no longo prazo”, apontam.

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Olhando para o valuation, as expectativas do mercado parecem altas, segundo os analistas, com os investidores atualmente precificando um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) esperado para 2026 de 40%, enquanto o BBI projeta um ROE entre 25% e 30% de 2026 em diante.

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A deterioração da qualidade dos ativos de curto prazo provavelmente será um tema para 2022, enquanto a monetização de clientes mais fraca nos próximos anos pode apoiar a visão de longo prazo da casa, avaliam.

De fato, embora a qualidade dos ativos seja uma preocupação de curto prazo para o sistema bancário brasileiro como um todo, esse cenário colocará o Nubank em uma situação difícil, com o “velho dilema”: ou ele continuará a expandir empréstimos em impressionantes 50% a 60% na base anual – assim correndo o risco de grave deterioração da qualidade dos ativos – ou precisará reduzir o crescimento, arriscando perder clientes. Já a monetização do cliente no longo prazo provavelmente será difícil devido ao seu mix de clientes mais fraco e desafios para lançar novos produtos.

Os analistas apontam não terem dúvidas de que a plataforma do Nubank é uma proposta vencedora, uma vez que alcançou impressionantes 50 milhões de clientes em apenas 10 anos (55% do tamanho do Itaú). O lema do Nubank é “a tecnologia deve liderar tudo”, ressaltam, tornando-se um dos primeiros bancos verdadeiramente digitais do Brasil.

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Por meio de seu bem-sucedido cartão de crédito de baixo custo voltado para jovens profissionais e clientes de baixa renda, o Nubank construiu uma sólida carteira de empréstimos, com planos de longo prazo para lançar mais crédito e produtos financeiros para até 110 milhões de clientes. Nesse cenário, não há dúvidas de que o Nubank será um banco lucrativo no futuro, avaliam.

Porém, apontam que a ação do banco atualmente negocia a um injustificado US$ 882 por cliente, bem acima dos US$ 519 por cliente do Itaú, apesar do lucro menor por cliente a longo prazo (no caso base do BBI).

O BBI vê o Nubank ainda pagando dividendos apenas em 2027, com um dividend payout (dividendo em proporção ao lucro) de cerca 30%, aumentando gradualmente para cerca de 70% até 2032.

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Entre possíveis “riscos de alta” para as estimativas, estão o possível maior sucesso no lançamento de novos produtos, melhor execução de crédito, relacionamentos mais longos com os clientes, menor concorrência, regulação mais branda do Banco Central e aquisições agregadoras.

Cabe ressaltar que, na semana passada, o Itaú BBA reiterou recomendação underperform para a ação do Nubank negociada na Bolsa de Nova York, com preço-alvo de US$ 8 (queda de 12,57% em relação ao fechamento da véspera), destacando que os “desafios cíclicos e estruturais para justificar as avaliações continuam muito vivos”.

Os analistas do BBA destacaram a deterioração dos indicadores de inadimplência e a taxa Selic pressionando a captação, colocando em risco os lucros e o apetite de crescimento.

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As ações do banco digital fizeram a sua estreia na Bolsa de Nova York em 9 de dezembro de 2021 com preço definido em IPO a US$ 9 e, desde então, com muita volatilidade, subiu 1,67% até o fechamento da véspera.

De acordo com compilação da Refinitiv, além dessas avaliações, de doze casas que cobrem o papel, 8 têm recomendação de compra, 3 de manutenção e 1 de venda, com preço-alvo médio de US$ 11,62, ou alta de 27% frente o fechamento da véspera.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.