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Com uma somatória de fatores tanto macro, com um dia que começou positivo globalmente para as ações de fintech, quanto micro, com sinalizações após resultado, os BDRs do Nubank (NUBR33) negociados na B3 e os ativos negociados na Bolsa de Nova York (NU) abriram com fortes ganhos após o resultado.
Porém, conforme tem sido recorrente desde a abertura de capital da companhia, os papéis começaram a ter forte volatilidade e viraram para queda ainda na manhã desta terça-feira (17). Após chegar a subir cerca de 15% na máxima do dia, a US$ 5, na bolsa americana, no final da manhã o papel NU passou a ter perdas, voltou a subir, mas fechou em queda, de 6,21%, a US$ 4,08. Os BDRs, por sua vez, fecharam em baixa de 7,40%, a R$ 3,38, após subirem 13,15% na máxima do dia.
O banco digital registrou um prejuízo líquido de US$ 45,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, número 17% menor do que o prejuízo de US$ 54,4 milhões no mesmo período do ano anterior. Já em termos ajustados, o lucro foi de US$ 10,1 milhões no primeiro trimestre, ante prejuízo de US$ 13,1 milhões na mesma etapa de 2021, ficando praticamente em linha com a estimativa do consenso de mercado e do UBS BB, conforme os analistas destacaram em relatório.
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Os dados de receita, por sua vez, foram superlativos. Ao total, o Nubank faturou US$ 877,2 milhões entre janeiro e março deste ano, crescimento de 258% na base anual.
A adição líquida de clientes atingiu 5,7 milhões no 1T22 (versus 5,2 milhões por trimestre em 2021), o que surpreendeu mais uma vez os analistas do UBS BB, pois foi combinada com uma maior taxa de atividade (78% versus 76% no 4T21). A receita média por usuário ativo (ARPAC) mensal aumentou notavelmente, de US$ 5,60 no 4T21 para US$ 6,70 (e US$ 4,50 no 1T21), parcialmente ajudado pelo câmbio no período. Os empréstimos totais atingiram US$ 8,8 bilhões, um aumento de 24% no trimestre.
Contudo, um ponto de preocupação, destacado principalmente para os analistas de mercado mais céticos com a ação, reside na qualidade de resultados da fintech.
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Enquanto o crescimento da receita líquida de juros (NII, na sigla em inglês) e de serviços superou as expectativas, o custo mais rápido de crédito e as despesas operacionais corroeram os ganhos de receita, apontou o Itaú BBA.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do Nubank cresceu 70 pontos-base na base trimestral, para 4,2%, e o índice de inadimplência de 15 a 90 dias cresceu 110 pontos, para 3,7%.
O BBA destaca que a qualidade do crédito piorou um pouco mais rapidamente, com alta da inadimplência e uma ligeira queda nos índices de cobertura (que mede o colchão de provisões no balaço do banco). “No geral, os resultados mostram uma boa execução em termos de crescimento de receita, mas o Nubank também está enfrentando os desafios de custo e crédito que geralmente vêm com ele”, apontam os analistas.
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Na mesma linha, o Bradesco BBI avalia que a deterioração da qualidade dos ativos continua pesando nos resultados.
Embora reconheça a forte expansão da receita do Nubank, o BBI continua cauteloso quanto à sustentabilidade de sua taxa de crescimento, pois a aceleração adicional no crédito e empréstimos pessoais deve continuar pressionando a qualidade dos ativos.
“Destacamos que a relevante expansão do crédito resultou em uma deterioração de 70 pontos-base (ou 0,7 ponto percentual) no trimestre anterior, pior do que seus pares privados, levando a uma maior provisão e compensando o crescimento positivo da receita”, avaliam os analistas.
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Tanto o Bradesco BBI quanto o Itaú BBA possuem recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para os ativos NU negociados em NY, com preços-alvos respectivos de US$ 5 (ainda um potencial de valorização de 15% em relação ao fechamento da véspera) e de US$ 6,60 (upside de 51,7% frente o fechamento de segunda).
Já o UBS BB aponta que, apesar do sinal de alerta com a magnitude do aumento do índice de inadimplência, os resultados no 1T22 foram em geral positivos, especialmente considerando o impacto que a expansão de cliente e de crédito deve representar nos resultados globais de médio e longo prazo da companhia.
A recomendação dos analistas do banco para a ação NU é de compra, com preço-alvo de US$ 11,50, um upside de 164% frente o fechamento de segunda. Os analistas apontam ainda a forte queda recente do papel (com uma queda de cerca de 52% entre o preço definido na abertura de capital de US$ 9 e o fechamento da véspera), que eles veem em grande parte causado pela combinação do aumento das preocupações com a qualidade dos ativos no Brasil e a reclassificação de empresas de tecnologia globalmente em meio ao cenário de alta de juros nos EUA, o que impacta as ações de techs.
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Fim do lock-up
Além disso, a fintech também mudou o fim período de lock-up ( cláusula contratual que estabelece um período no qual os investidores não podem vender as ações) pós-IPO até esta terça-feira, o que provavelmente também afetou o preço dos ativos, aponta o UBS BB, com a expectativa de pressão vendedora.
Contudo, à Reuters, David Vélez, cofundador e presidente-executivo do banco digital, destacou que a maior parte dos investidores do Nubank presos a esse prazo de carência para vender ações sinalizaram que pretendem manter os papéis após o vencimento do lock-up. “A maior parte dos investidores não tem interesse em vender”, destacou.
Segundo Vélez, os acionistas estão cientes das oportunidades de crescimento do banco, que tem conseguido expandir base de clientes e receitas em ritmo superior ao dos grandes bancos de varejo no país, à medida que avança na venda de produtos como seguros, crédito e investimentos.
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No fim de março, o Nubank chegou a 59,6 milhões de clientes. No Brasil, o número de clientes brasileiros aumentou 55% em 12 meses, a 57,3 milhões, passando agora a ter como clientes um em cada 3 adultos no país. “Apesar do forte crescimento das receitas ano a ano, nós ainda fazemos seis vezes menos receitas por cliente do que os grandes bancos de varejo”, disse Vélez. “Nossas vendas cruzadas ainda são pequenas”.
O executivo afirmou que, com cerca de R$ 16 bilhões em caixa, a fintech está pronta para levar adiante seu plano crescimento, inclusive por meio de fusões e aquisições.
O Morgan Stanley também reiterou visão positiva para o Nubank, destacando que está bem posicionado para construir uma das mais valiosas franquias bancárias da América Latina e mantendo recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) após o balanço, com preço-alvo de US$ 16, ou potencial de valorização de 268%.
José Augusto Albino, sócio da Catarina Capital, aponta que a empresa entrou de forma muito agressiva e consistente no mercado de crédito e que ela deve continuar esta estratégia nos próximos trimestres. “Naturalmente, cada vez mais que cresce a carteira de crédito, mais parecida a empresa fica com um banco, então começa a ter uma despesa financeira elevada, fruto das captações, das operações. O desafio é continuar rollout [adequação após expansão] de novos produtos”, avalia.
(com Reuters)
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