Novo tipo de passagem aérea em NFT permite trocar nome do passageiro e revender bilhete

Novidade chega hoje à Argentina e deve estar disponível no Brasil já em outubro
(Divulgação)

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Em meio ao aumento desenfreado do preço de voos no mundo, um novo tipo de passagem aérea que em breve deve chegar ao Brasil usa a tecnologia dos NFTs, ativos únicos emitidos em blockchain, para permitir trocar o nome do passageiro mesmo após a compra – com isso, liberando a revenda do bilhete e abrindo espaço para uma nova fonte de faturamento para as companhias.

Após um projeto-piloto com a espanhola Air Europa em abril, os chamados NFTickets chegam à América Latina a partir desta quinta-feira (22) por meio de uma parceria entre a low-cost argentina Flybondi e empresa TravelX, que diz já estar em tratativas avançadas com duas aéreas brasileiras para trazer a novidade ao país até outubro.

A solução se baseia em um serviço que aéreas já oferecem para agências de viagem, de venda em lote de bilhetes sem nome de passageiro. A TravelX explica que, dessa maneira, consegue estabelecer parcerias com companhias dispostas a liberar a tokenização de seu estoque de passagens, criando versões totalmente digitais.

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“É uma solução para facilitar a distribuição de bilhetes aéreos. Conectamos com os sistemas das companhias, acessamos o inventário, criamos um token que pode ser transferido a qualquer pessoa do mundo, a qualquer momento”, conta Francisco Vigo, diretor comercial da TravelX.

“O NFT é único e representa um assento comprado em um determinado voo. Uma vez que alguém compra um NFTicket, é como se já tivesse um bilhete convencional – já tem um lugar no voo e um preço”, explica.

Com o NFT na mão, detalha o executivo, o comprador tem então a possibilidade de viajar normalmente, ou, caso mude de ideia, de repassar o item digital para outra pessoa – que pode, por sua vez, usar o token para emitir o cartão de embarque em seu nome.

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Em um primeiro momento, a compra dos bilhetes em NFT está disponível na plataforma Travel.xyz, por meio da carteira virtual Binance Pay. No entanto, a empresa informa que em breve o serviço será estendido para outros meios de pagamento e carteiras virtuais.

A expectativa, diz Vigo, é que em breve surjam outros marketplaces para robustecer o mercado secundário das passagens digitais. Além disso, como os ativos são criados na blockchain aberta Algorand (ALGO), nada impede que as revendas aconteçam de uma pessoa para outra, por meio de carteiras cripto compatíveis.

Se o bilhete digital for vendido por um preço mais alto, um percentual é automaticamente repassado para a companhia que emitiu a passagem, segundo regras pré-programadas em contrato inteligente (smart contract). Em um exemplo compartilhado pela TravelX , a comissão pela revenda de uma passagem fica na casa dos 11%.

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“De alguma maneira a companhia aérea descentraliza o controle de distribuição, e sempre tem visibilidade de geração de faturamento”, aponta o diretor da empresa.

A TravelX foi fundada pelo argentino Juan Pablo Lafosse, que vendeu a empresa de viagens Almundo para a CVC (CVCB3) em 2019 por US$ 75 milhões. Em novembro de 2021, a TravelX recebeu um aporte de US$ 10 milhões com a participação de Golden Tree e Borderless Capital, além da Algorand, mantenedora da blockchain de mesmo nome, e do investidor Barney Harford, ex-COO da Uber.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.