Novo sistema da B3 promete tornar o aluguel de ações mais ágil, simples e barato

Tecnologia está em fase de testes, mas deve ser implementada em 2020. A B3 espera crescimento desse mercado, que gira R$ 77 bilhões por mês

Anderson Figo

Acompanhamento de ações no celular (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO — Um novo sistema que está em fase de testes na B3 promete tornar as operações de aluguel de ações, units, BDRs e ETFs mais ágeis, simples e baratas. A ideia da operadora da Bolsa brasileira é que esse tipo de negociação fique mais parecida com a que é feita atualmente no mercado à vista de ações.

A média do volume negociado com aluguel de ativos na B3 é de R$ 77 bilhões por mês em 2019. O aluguel de ações corresponde a 96% do volume total. Atualmente, o estoque de empréstimo corresponde em média a 3% do total de ações em custódia na B3.

Segundo a Bolsa, a expectativa é que o empréstimo de ativos acelere seu crescimento com a nova plataforma de negociação, que está em fase de certificação. Diversos participantes estão atuando nos testes do novo sistema e, em paralelo, a B3 está alinhando com o mercado a melhor data para implantação do projeto.

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“Acreditamos que a plataforma irá proporcionar diversos benefícios, entre eles o aumento da liquidez”, disse Juca Andrade, vice-presidente de produtos e clientes da B3. “O acesso direto pelo buy side e a transparência na formação de preço são fatores importantes para esse aumento.”

O que muda?

Atualmente, os empréstimos de ativos são negociados, em sua maioria, no mercado de balcão.

O novo modelo visa aumentar a transparência do mercado através de uma plataforma de negociação onde as ofertas e informações dos negócios são visíveis a todos os participantes, em tempo real.

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As principais características e diferenças em relação ao modelo atual são:

Atualmente, a B3 cobra taxa de liquidação aplicando um percentual sobre o volume financeiro da operação, com um piso de R$ 10,00. No novo modelo de tarifação, a cobrança será baseada na taxa da operação de empréstimo.

Segundo Andrade, o custo operacional envolvido tende a diminuir com as melhorias nos processos atuais.

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“Por exemplo, hoje, a renovação de um contrato precisa da autorização dos participantes envolvidos, envio de mensagens, aprovações via mensagens ou via sistema da clearing. No novo modelo, a renovação do contrato passa ser automática a cada 33 dias, caso ambas as partes tenham interesse em continuar com o contrato”, disse.

O executivo destacou que o novo sistema da B3 é mais avançado — e seguro — do que o aplicado na maioria dos mercados internacionais.

“Existem algumas Bolsas que utilizam plataformas de negociação própria ou de vendors, mas o modelo de negociação de empréstimo de ativos em outros mercados costuma ser feito de maneira bilateral, entre doador e tomador, sem utilizar uma Bolsa como contraparte central e as garantias são administradas por um terceiro participante (um banco, por exemplo)”, explicou.

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No caso do Brasil, a B3 vai continuar atuando como contraparte de todas as operações, garantindo a devolução dos ativos ao doador quando ele solicitar o encerramento do contrato de empréstimo.

Por que emprestar ou alugar ativos?

O empréstimo de ativos é uma maneira de o investidor obter uma rentabilidade a mais com os papéis que possui. Ele é usado por quem deseja operar vendido (short) e lucrar com a queda de determinada ação.

A operação envolve duas partes: o tomador, que usará o ativo alugado e irá vendê-lo por determinado tempo, e o doador, que disponibiliza o ativo para o tomador alugar e recebe uma taxa com base anual.

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As taxas praticadas no mercado dependem de alguns fatores, por exemplo, disponibilidade do ativo no mercado. Do ponto de vista do doador, ativos líquidos costumam ter taxas menos atrativas e ativos ilíquidos costumam ter taxas mais atrativas, independente do prazo da operação.

O comportamento do ativo no mercado a vista também pode influenciar as taxas. Há alguns anos, as remunerações de empréstimo eram casa de dois dígitos. Hoje, isso geralmente acontece só em eventos específicos, como após o anúncio de uma oferta subsequente de ações.

O movimento é natural, já que a tendência é que haja menos procura por ‘short’ em períodos de alta do mercado acionário — o Ibovespa subiu nos últimos três anos consecutivos e, em 2019, acumulava ganho de 22,6% até o dia 27 de novembro.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.