Novo secretário executivo de Minas e Energia eleva percepção de risco para ações de elétricas: quais as mais sensíveis?

O ex-diretor da ANEEL e executivo da Eletrobras, Efrain Cruz, foi nomeado o novo secretário de Minas e Energia na última sexta e impactou ações

Felipe Moreira

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Na última sexta-feira (17), as ações do setor de energia elétrica registraram forte queda, com empresas integradas de alta qualidade como Equatorial (EQTL3), Energisa (EGIE3) e CPFL (CPFE3) caindo mais de 5%.

Na opinião do Itaú BBA e do Credit Suisse, a liquidação foi impulsionada pelo aumento da percepção de risco regulatório, após o ex-diretor da Aneel e ex-executivo da Eletrobras ELET3 (Ceron e Eletroacre), Efrain Cruz, ser nomeado como novo secretário-executivo de Minas e Energia.

“Durante seu mandato na Aneel, Cruz expressou algumas opiniões fora do consenso para alguns tópicos, como o reembolso da Rede Básica do Sistema Existente (RBSE), o pagamento dos custos dos empréstimos concedidos para compensar a crise da Covid, bem como a manutenção de certos leilões térmicos de emergência”, apontou Credit Suisse.

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Consequentemente, na visão do banco suíço, o setor teve um desempenho abaixo do esperado na última sexta-feira, antecipando uma possível volatilidade, uma vez que algumas decisões importantes (renovação de concessão da distribuidora) no setor ainda estão pendentes.

Ainda na última sexta-feira, Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia, também comentou sobre as decisões do CNPE (Comissão de Política Energética Nacional), destacando que o governo deve se concentrar na redução das tarifas de eletricidade, na transição energética e também anunciou um novo programa para gás natural.

Segundo relatório do BBA, os comentários foram vagos e levantaram preocupações dos investidores sobre os potenciais desdobramentos.

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Por outro lado, analistas do BBA destacaram que o modelo tarifário do segmento de distribuição de energia é totalmente regulado, com reajustes tarifários a cada 4 ou 5 anos, para compartilhar os ganhos de eficiência com os consumidores.

Diante disso, na visão dos analistas, não faz sentido cobrar bônus de concessão ou dar desconto na RAB (base de ativos regulatórios) para renovar uma concessão de distribuição, pois o retorno é regulado e os custos e perdas regulatórios são ajustados a cada reajuste tarifário, com as distribuidoras de energia compartilhando o ganhos de eficiência com seus consumidores.

Neoenergia, CPFL, Energisa são nomes mais sensíveis aos possíveis desdobramentos, avalia BBA

“As empresas Energisa e CPFL realizaram teleconferência de resultados na última sexta-feira e reiteraram sua visão de que o processo de renovação das concessões não deve exigir o pagamento de bônus de concessão, mas sim incentivos para melhorar a qualidade do serviço e incentivar a inovação. Os dois CEOs disseram que já iniciaram conversas com integrantes do Ministério de Minas e Energia”, diz relatório do BBA.

Para o banco, Neoenergia (NEOE3), CPFL e Energisa são os nomes mais sensíveis a esses desdobramentos. A Equatorial também é afetada, mas em menor patamar. A empresa tem 2 das 7 concessões com vencimento até 2030, e as operações de transmissão e geração representam parte significativa de seu valor justo.

Alguns investidores também ficaram preocupados com as implicações para a Eletrobras, com temores de que o governo federal tente reverter a privatização. O Itaú BBA manteve a visão de que as chances disso acontecer são muito baixas, dada a limitação do poder de voto e a poison pill (pílula de veneno).

O BBA espera que o debate sobre o processo de renovação das concessões evolua rapidamente e os termos sejam definidos até setembro. A EDP Espírito Santo é a primeira distribuidora a passar pelo processo de renovação, uma vez que a sua concessão termina em julho de 2025. De acordo com as regras do contrato de concessão, a empresa deve confirmar a sua intenção de renovação 18 meses antes da data de expiração.

“Além disso, os problemas de liquidez da Light colocarão mais pressão sobre o governo federal para definir os prazos de renovação das concessões no curto prazo”, destacaram analistas.

Por fim, o BBA acredita que os termos para renovação das concessões do segmento de distribuição provavelmente serão justos e reiterou sua preferência por distribuidoras em vez de geradoras e transmissoras. A Equatorial continua sendo sua principal escolha e recomenda que investidores a comprem no atual patamar. A empresa agora está negociando com uma taxa interna de retorno (TIR) real de 12%.