Nova “acusação” do governo Trump agita mercado global – e dólar caminha para pior janeiro em uma década

Fala do diretor do Conselho Nacional do Comércio dos Estados Unidos, Peter Navarro, se juntou a declarações de Trump e de secretários e indicam:novo governo quer dólar em queda

Lara Rizério

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*Atualizado às 17h48

SÃO PAULO – Em matéria da semana passada, o InfoMoney já havia destacado alguns sinais de que o governo Trump iria lutar por um dólar mais desvalorizado frente as principais moedas mundiais.

As falas dos indicados para a secretaria do Tesouro Steven Mnuchin e para a secretaria de comércio exterior dos EUA Wilbur Ross na última semana e as declarações de Donald Trump (fazendo acusações de manipulação de câmbio pela China) antes mesmo de assumir foram na direção de uma moeda mais fraca.

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E, nesta terça-feira, mais uma declaração mexeu com o mercado de câmbio global. Em entrevista ao jornal britânico Financial Times o diretor do Conselho Nacional do Comércio dos Estados Unidos, Peter Navarro, teceu duras críticas à Alemanha  afirmando que o país se aproveita de um euro “fortemente desvalorizado” para explorar tanto as relações comerciais com os Estados Unidos como com seus parceiros na União Europeia. Em meio a essas declarações – e também por conta de dados positivos da zona do euro – a moeda europeia registra ganhos de 1%, a uma paridade de 1,078  o dólar (o movimento não foi acompanhado pelo real por conta da fala de Ilan Goldfajn – veja mais detalhes clicando aqui). Com isso, conforme ressalta o portal CNBC, a divisa americana caminha para ter o pior janeiro em uma década ante as principais moedas globais. 

Além disso, há outro evento que deve ser analisado cuidadosamente pelo mercado: a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), que ocorrerá na próxima quarta-feira. Segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, dada a composição mais “dovish” (brando, com menor tendência de aumento de juros) do Comitê, é possível que o comunicado de amanhã seja mais propício para o enfraquecimento do dólar, ainda mais após os dados de sexta-feira e de ontem mais fracos da economia dos Estados Unidos. 

Soma-se a isso ainda o cenário de maior tensão após Trump assinar um decreto presidencial para impedir indefinidamente a entrada de refugiados sírios e suspender as viagens de sete países de maioria muçulmana aos EUA, provocando protestos generalizados. Nesta terça, a secretária de Justiça interina dos Estados Unidos, Sally Yates, foi afastada poucas horas depois de ter se pronunciado e orientado o Departamento de Justiça a não atuar em defesa das ordens executivas sobre imigrantes e refugiados. De acordo com o estrategista do Société Générale Kit Juckes, essa política foi positiva para os Treasuries, o ouro e o iene, mas foi ruim para o dólar. 

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Conforme destaca a CNBC, muitos operadores do mercado estavam esperando que o dólar se valorizasse em meio às perspectivas de maior gasto em infraestrutura, o que deveria levar o Federal Reserve a intensificar o ritmo de alta dos juros. Contudo, o dólar caiu firmemente desde meados de dezembro como um abalo necessário no posicionamento no mercado, mas também por uma menor fé na nova administração, além de poucos detalhes sobre o programa de estímulos ao crescimento do presidente americano.

Mesmo com esse sentimento negativo, pelo menos por enquanto, Trump parece estar conseguindo o que quer: levar o dólar para baixo. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.