Natura (NTCO3) espera estancar prejuízo com conclusão de venda da Aesop; ações sobem 5,4%

Empresa aponta resultados promissores com integração Natura-Avon, mas The Body Shop enfrenta desafios persistentes

Augusto Diniz

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Logo na abertura da teleconferência de resultados do segundo trimestre, Fábio Barbosa, CEO da Natura (NTCO3), tratou de justificar o prejuízo líquido de R$ 731,9 milhões registrado de abril a junho, apostando numa melhora considerável no segundo semestre desse ano.

“O lucro líquido continua sendo impactado pelas despesas financeiras que serão abortadas após o fechamento do negócio da Aesop. Esperamos que o fechamento ocorra no terceiro trimestre desse ano. Os recursos provenientes da Aesop vão fortalecer e alavancar o balanço da Natura, liberando recursos com disciplina, concentrando o foco em prioridades estratégicas”, afirmou.

Em abril, foi anunciada a venda pela Natura da subsidiária australiana Aesop para a L’Oreal por US$ 2,5 bilhões.
Com os recursos da venda da Aesop, a Natura espera fechar o 3T23 permitindo eliminar grande parte da dívida e colocar o balanço da empresa na posição favorável de caixa.

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O relatório da Natura reporta perdas de operações descontinuadas no 2T23, principalmente impactado pela margem mais baixa na Aesop. Assim, mesmo com prejuízo no segundo trimestre deste ano, as perdas líquidas foram 4,6% inferiores às reportadas um ano antes.

Natura (NTCO3): Preocupações

Mas a assinatura final da venda Aesop não deve por fim às preocupações. “O The Body Shop enfrenta desafios persistentes na receita e permanecemos focados na conversão de caixa”, afirmou Barbosa, a analistas.

Guilherme Castellan, CFO da Natura, relatou que o The Body Shop tem enfrentado diminuição de canais de distribuição, dentro do processo de reestruturação da marca.

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As vendas combinadas dos principais canais de distribuição (lojas, e-commerce e franquia) apresentaram recuo no 2T23, enquanto o canal The Body Shop at Home continuaram em queda acentuada.

Onda 2: Natura-Avon

Sobre a integração entre a Natura e a Avon na América Latina, que teve início com a chamada “Onda 2” (que será detalhada, inclusive, nesta quarta-feira (16) pela empresa –, os executivos da companhia informaram “satisfação” com os resultados nos dois países que já implementaram o programa.

“A Onda 2 de integração na América Latina está em andamento e os resultados são promissores no Peru e na Colômbia. Utilizaremos essas lições para obter sucesso na implementação no Brasil, que já começa nesse terceira trimestre”, disse Fábio Barbosa.

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Com relação à Argentina, onde a Natura tem operação, os executivos afirmam acompanhar a situação econômica e política. “Obviamente nós temos nos preparado para essa volatilidade”, disse João Paulo Ferreira, diretor-executivo para a América Latina da Natura.

Análise do balanço da Natura (NTCO3)

Em relação aos resultados, a XP apontou resultados sólidos no 2T23 da Natura, com expansão da marca Natura e da margem bruta, como destaques, mas com maiores custos de transformação.

A corretora corrobora que o prejuízo, pressionado por maiores despesas financeiras em um nível de alavancagem ainda alto, deve ser compensado pelos recursos da Aesop, a partir do terceiro trimestre e pelos resultados pressionados da subsidiária.

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O Santander viu resultados mistos da Natura no 2T23, com receita fraca compensada com margens fortes.

Ao final da sessão, as ações da Natura fecharam com alta de 5,48%, cotadas a R$ 18,09. Ao longo da sessão, os papéis oscilaram entre os R$ 17,46 e R$ 18,29.

No acumulado deste ano, as ações da empresa sobem 55,8%.