Natura afunda 7% após oferta bilionária, Suzano cai 4% com celulose e small cap desaba até 10%

Confira os principais destaques de ações da bolsa nesta sexta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (9), com investidores de olho no julgamento na chapa Dilma-Temer (acompanhe aqui) no TSE e apreensivos com a possibilidade de que o presidente se concentre mais na sua sobrevivência no poder do que efetivamente em tocar a agenda de reformas. O índice encerrou em baixa de 0,87%, a 62.210 pontos, sentindo a forte queda dos bancos, enquanto Petrobras e Vale tentaram fazer um contrapeso. 

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As ações da Natura fecharam como a maior queda do índice (-7%), após uma oferta de 1 bilhão de euros pela aquisição da The Body Shop. Em relatório, os analistas do Credit Suisse comentam que, já em abril, alertavam que uma aquisição da empresa pela Natura seria arriscada, devido à dificuldade de integração e potencial aumento de alavancagem. 

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As ações do setor de papel e celulose também registraram fortes perdas hoje, apesar da alta do dólar frente ao real. Os papéis foram impactados por notícias sobre queda do preço da celulose na China.

Confira abaixo os principais destaques de ações desta sexta-feira:

Natura (NATU3, R$ 29,97, -7,73%) 
As ações da Natura desabaram após a empresa ter apresentado à L’Oréal uma oferta vinculante de 1 bilhão de euros para a aquisição de 100% das ações da The Body Shop International e seu grupo de subsidiárias. A conclusão da operação está sujeita à consulta ao seu conselho de colaboradores e à aprovação de autoridades concorrenciais. O fechamento da transação deverá ocorrer ainda em 2017, segundo a Natura.

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Em relatório, os analistas do Credit Suisse comentam que, já em abril, alertavam que uma aquisição da empresa pela Natura seria arriscada, devido à dificuldade de integração e potencial aumento de alavancagem. 

Veja mais: Aquisição bilionária de “irmã gêmea” pode levar à transformação da Natura – para pior

Na mesma linha, o JPMorgan diz que a notícia é negativa, citando que a operação vai provocar em uma diluição no LPA (Lucro Por Ação) da Natura estimado para 2017 e no fato de que a companhia tem um limitado “track record” no varejo e vai precisar implementar um “turnaround” na The Body Shop, que tem mostrado um declínio em sua rentabilidade. O banco manteve recomendação “underweight” (desempenho abaixo da média) para a ação. 

Segundo os analistas do JP, com a aquisição, a alavancagem “pro-forma” estimada para a Natura em 2017, medida pelo múltiplo dívida líquida/Ebitda, vai subir para 3,2 vezes, contra 1,2 vezes anteriormente, levando a uma diluição de cerca de 20% no LPA (Lucro Por Ação) em um ano. 

Papel e celulose
As ações do setor de papel e celulose – Fibria (FIBR3, R$ 36,65, -3,12%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,72, -3,98%) – figuraram entre as maiores perdas do Ibovespa. Apesar do dia de alta do dólar frente ao real, esses papéis eram impactados por notícias sobre queda do preço da celulose na China. 

Em relatório, o UBS informa que os preços da celulose na China caíram entre US$ 20 e US$ 30 nesta semana, por conta do aumento dos estoques nos Estados Unidos no período, após período de manutenção, e a demanda mais fraca que a esperada. 

Grendene (GRDN3, R$ 23,80, -9,98%) 
Sem motivo aparente, as ações da Grendene afundaram 8,5% das 16h às 16h30 (horário de Brasília). A partir daí, os papéis passaram a operar entre leilões na bolsa. Durante aqueles 30 minutos de “queda livre”, as maiores vendas da ação foram intermediadas pelo Goldman Sachs, segundo dados do Profit Chart. Considerando um preço médio de R$ 24,00, o banco intermediou a venda de R$ 1 milhão naqueles 30 minutos.

Na mínima do dia, os papéis da varejista atingiram queda de 9,98%, a R$ 23,28. O volume financeiro movimentado com a ação foi de R$ 22,7 milhões, contra média diária de R$ 6,2 milhões nos últimos 21 pregões. 

JBS (JBSS3, R$ 7,28, -2,67%)
O noticiário seguiu bastante agitado para a JBS. A Polícia Federal deflagrou nesta manhã uma nova operação contra o frigorífico, de forma a apurar se os controladores da holding J&F – que controla a JBS – obtiveram lucros com a compra de dólares e a venda de ações do grupo às vésperas de virem a público informações sobre a delação premiada. As informações são da Veja. A ação foi deflagrada pouco depois das 10h (horário de Brasília) e, de acordo com informações do site da revista, os agentes estão na sede da JBS e também da FB Participações, outra empresa controlada pela família.

Além disso, a JBS sofre reação do governo, com bancos públicos suspendendo novos empréstimo ao grupo JBS, segundo o jornal O Globo, e empresa tenta evitar bloqueio de ganho cambial, diz o Valor. Em reunião com credores, J&F oferece colateral adicional e pede para que mantenham linhas para empresa, diz fonte ouvida pela Bloomberg. 

Petrobras (PETR3, R$ 13,78, +0,58%; PETR4, R$ 12,85, +0,08%) 
As ações da Petrobras subiram acompanhando a alta dos preços do petróleo. Lá fora, os contratos do petróleo WTI fecharam em alta de 0,4%, a US$ 45,85 o barril. 

No radar, a diretoria Executiva da Petrobras aprovou, na quinta, a celebração de termo de compromisso com a Andrade Gutierrez, prevendo um conjunto de obrigações de integridade, por parte dessa empresa, que permitirá a retirada do bloqueio cautelar vigente desde 29 de dezembro de 2014 e o retorno à participação em licitações da Petrobras, disse a estatal em comunicado ao mercado.

Entre as obrigações previstas no termo de compromisso está a manutenção de um programa de integridade efetivo, em conformidade com a legislação anticorrupção e constituído de pontos de melhoria específicos estabelecidos pela Petrobras, a partir do resultado do procedimento de due diligence de integridade.

Vale (VALE3, R$ 27,30, +1,04%; VALE5, R$ 25,72, +0,78%)
As ações da Vale subiram apesar da queda dos preços do minério de ferro. A commodity à vista negociada no porto de Qingdao, na China, caiu 1,72%, a US$ 54,41 a tonelada, enquanto os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian recuaram 1,40%, a 424 iuanes. 

Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 18,58, +1,31%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,67, +1,04%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,48, +0,22%) e CSN (CSNA3, R$ 6,71, +1,67%). A exceção foi a Usiminas (USIM5, R$ 3,95, -1,50%), que virou para queda.  

No radar, o ScotiaBank elevou a recomendação para a Gerdau de sector underperform para sector perform, com o preço-alvo sendo reduzido de R$ 14,00 para R$ 11,00.

Já a Usiminas afirmou na quinta-feira ter sido informada de que a Justiça de Minas Gerais negou liminar pedida pela Nippon Steel que pleiteava a suspensão da eficácia da ação de responsabilidade aberta contra o ex-presidente da empresa, Rômel Erwin de Souza. A ação contra Souza, que era apoiado pela Nippon Steel, foi aprovada por assembleia de acionistas em 27 de abril.

Além disso, uma investigação trava negociação de dívida local da CSN, disseram fontes à Bloomberg. As negociações entre a CSN e seus credores encontram obstáculos, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto. A siderúrgica mais endividada da América Latina tentando concluir demonstrações financeiras auditadas em meio a uma revisão de suas práticas contábeis. A CSN está engajada em conversas com a Caixa e o BB para renegociar seus empréstimos, disseram as pessoas, que pediram para não terem seus nomes revelados porque as negociações são privadas. A companhia também está negociando um waiver com seus credores de debêntures, disseram duas das pessoas. O porta-voz da empresa não quis comentar; Caixa e BB também não.

Cesp (CESP6, R$ 16,83, +2,00%)
As ações da Cesp subiram em meio à notícia de que o leilão de privatização da empresa está previsto para setembro, disseram fontes à Bloomberg na última quinta-feira.

O governo paulista possui 40,5 por cento do capital da Cesp, com 95 por cento das ações ordinárias, com direito a voto. A companhia opera três hidrelétricas em São Paulo que somam 1,65 gigawatts em capacidade instalada. Se vender toda sua participação, o governo paulista poderia levantar algo próximo de 2 bilhões de reais, considerando os valores atuais das ações ordinárias e preferenciais.  

Segundo o Itaú BBA, a notícia é positiva para a empresa, dado que a privatização pode adicionar um valor significativo à companhia por meio de ganhos de eficiência em despesas gerais e administrativas, renegociação das provisões registradas no balanço e potencial poder de fogo adicional através de aquisições. “Embora a companhia negocie a um elevado valuation, os benefícios da privatização (otimização da estrutura de capital e corte de custos) pode adicionar R$ 6,00 por ação ao preço-alvo”, comentaram os analistas do banco. 

A ação da Cesp é uma das recomendações da Carteira InfoMoney para o mês de junho (veja aqui). 

B3 (BVMF3, R$ 18,55, -0,22%)

O Credit Suisse elevou o preço-alvo da B3 de R$ 20,00 para R$ 22,00 e manteve recomendação outperform. O banco revisou o modelo de B3 com o resultado do primeiro trimestre de 2017, incorporação da Cetip e a volatilidade recente do mercado e destacou continuar confiante com as perspectivas de crescimento da companhia. 

Eletrobras (ELET3, R$ 12,93, +0,62%; ELET6, R$ 16,52, -1,67%)

O presidente Michel Temer sancionou na quinta-feira um Projeto de Lei que abre crédito suplementar ao Orçamento de Investimento para 2017, em favor da empresa Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). A informação foi divulgada hoje pela assessoria de imprensa do Planalto, que afirmou ainda que os recursos são oriundos de geração própria.

De acordo com o PL, o valor do crédito suplementar é de R$ 164,7 milhões para atender um programa de Gestão e Manutenção de Infraestrutura de Empresas Estatais Federais e também investimentos em energia Elétrica. A maior parte dos recursos – R$ 103,8 milhões – será destinada a Reforços e Melhorias no Sistema de Transmissão de Energia Elétrica na Região Nordeste. Segundo o PL, outra área que receberá o crédito é de Informática e Teleprocessamento, também no Nordeste. A medida será publicada no Diário Oficial da União de amanhã.

Ainda sobre elétricas, o Globo informa que o governo decidiu renegociar o pagamento da indenização de R$ 62,2 bilhões devida pela União às empresas de transmissão de energia elétrica, que será quitada com o repasse dos custos às contas de eletricidade de todos os brasileiros. A previsão inicial era que esse passivo fosse pago em oito anos. A primeira proposta colocada em negociação é para alongar o pagamento dos débitos, sem diminuir o montante a ser pago. O prazo pode ser ampliado por até 25 anos, segundo fontes envolvidas nas discussões, mas isso ainda não foi definido.

Totvs (TOTS3, R$ 30,30, +0,66%)

O Itaú BBA revisou as estimativas para a Totvs levando em conta o primeiro trimestre de 2017 e as premissas macroeconômicas. Os analistas mantêm recomendação marketperform, com o preço-alvo sendo reduzido de R4 31,00 para R$ 28,00.

Wiz Corretora (WIZB3, R$ 20,27, -6,16%)
As ações da Wiz, antiga Par Corretora, afundaram nesta sessão, após notícia do jornal O Estado de S. Paulo, de que a Caixa Econômica Federal rejeitou a nova proposta da sócia francesa CNP Assurances para renovar de forma antecipada o contrato de exclusividade pelo seu balcão de seguros e decidiu fatiar os negócios. A renovação do contrato de exclusividade entre as partes era vista como um dos principais riscos para o case de investimentos na Wiz, conforme destacou o Credit Suisse em relatório de meados de maio, quando decidiu elevar o preço-alvo da ação de R$ 20,00 para R$ 24,00. Vale menção que a ação vinha sendo apontada como uma das queridinhas dos gestores este ano (veja aqui e aqui).

Nesta manhã, o Itaú BBA comentou que esse fluxo de notícias tende a pesar no preço das ações da companhia, embora os analistas tenham ponderado que continuam acreditando que a empresa continuará sendo o corretor exclusivo envolvido em vendas de seguros realizadas na rede de agências da Caixa Econômica Federal, mesmo em um cenário em que o banco estabeleça relações com outros subscritores. “Nós mantemos nossa classificação outperform, mas certamente esse é um assunto a ser observado de perto”, afirmam os analistas do Itaú BBA.

Pela notícia do Estado, a oferta da CNP teria sido ao redor dos R$ 6 bilhões, com pagamento à vista. No passado, as sócias chegaram ao valor de R$ 10 bilhões, mas a renegociação enroscou na forma de pagamento. A Caixa já informou, por meio de seus assessores, o Banco do Brasil e o Credit Suisse, que a CNP deve fazer uma nova oferta, desta vez, por linha de negócios.

Anima (ANIM3, R$ 16,86, +0,48%)

A Anima teve a recomendação elevada de underweight para neutra pelo JPMorgan, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 12,50 para R$ 17,00.

Sanepar (SAPR4, R$ 10,54, +1,35%)

O conselho de administração da Sanepar aprovou a nova política de dividendos da empresa garantindo aos acionistas minoritários um pagamento de dividendos de 50% do lucro líquido. A política será dividida em duas partes: (i) os 25% obrigatórios e (ii) 25% adicionais, desde que a saúde financeira da empresa não seja colocada em perigo.  

Segundo o Bradesco BBI, esta é uma notícia positiva para os investidores da Sanepar. “Apesar de muitas reivindicações do conselho da empresa que a política de distribuição de 50% do lucro fosse mantida, não havia praticamente nenhuma garantia de que os investidores receberiam tal índice de pagamento. Agora, há uma regra formal”.

Segundo os analistas, desde que a saúde financeira da empresa não seja prejudicada – e a empresa tem bons indicadores de alavancagem que estão longe de violar qualquer compromisso – os investidores agora podem ter certeza de que um pagamento de dividendos de 50% ocorrerá de fato. “Além disso, destacamos o risco ascendente de uma relação de pagamento superior a 50%”. Os analistas também lembram os investidores de um evento que ocorreu durante a última assembléia de acionistas da Copel, quando o acionista controlador, o Estado do Paraná, acabou por anular a decisão do conselho da empresa de reduzir os dividendos para 25% (dos 50% habituais).